C H A P T E R XLVI

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Luana Francis

 
As paredes brancas do quarto de hospital de Andrew são tudo que vejo há, aproximadamente, onze horas. Ele está lá, deitado na cama, como se estivesse dormindo mas está travando uma batalha pela sua vida.

Está ligado à uma máquina de ventilação mecânica, devido à falência cardiorespiratória que teve por conta da sua overdose.

Quando Abby me ligou, eu quase tive um colapso. A voz dela estava trêmula e desesperada, e ela mal conseguia explicar o que estava acontecendo. Ela disse que estava a caminho do hospital com Andrew, que havia sofrido uma overdose. Sua boca estava espumando, e já não conseguiam sentir seu pulso.

Andrew teve duas paradas cardíacas antes de chegar ao hospital. Os médicos realizaram intervenções rápidas e intensivas para estabilizá-lo. Ele precisou de um tratamento urgente para reduzir as descargas de adrenalina no corpo, além de antídotos específicos para reverter os efeitos da cocaína em seu organismo. A situação foi crítica, e os médicos também descobriram sérios danos ao seu fígado, causados pela ingestão excessiva de bebidas alcoólicas de alto teor alcoólico.

Estávamos todos em choque, sem palavras para descrever a agonia e o medo do que poderia acontecer.
Sinto uma culpa esmagadora ao vê-lo nesse estado. Não consigo evitar pensar que, de algum modo, isso seja minha responsabilidade. Mesmo sabendo que Andrew tem poder sobre suas escolhas e ações, ele já enfrentava tantos problemas antes de estarmos juntos.

Talvez isso tenha começado muito antes. A dependência pode ter surgido antes mesmo do nosso relacionamento, ou talvez tenha se intensificado enquanto estávamos juntos, e eu simplesmente não percebi.

E agora ele está aí na cama, lutando pela sua vida num coma induzindo, e eu tenho a possibilidade de não ouvi-lo mais. De não falar mais com ele, de dizer que eu o perdoo.

Eu só quero que ele acorde, que ele acorde para que eu possa dizer que o perdoo por tudo, para me desculpar por não ter visto seu sofrimento mais cedo. Para ajudá-lo no processo de reabilitação. 

Eu aceito tudo, desde que ele acorde.

Foi tão difícil acalmar Abby! Ela viu tudo com seus próprios olhos, e ver seu irmão gémeo no estado em que Andrew chegou no hospital, deve ser um trauma terrível. Ela está deitada com a cabeça em  meu colo, no sofá, dormindo, só depois de terem lhe dado um calmante. No sofá ao lado da cama de Andrew, está sua mãe, que tal como eu, não pregou o olho durante a madrugada, e só conseguiu dormir pela manhã. Indie, Brooke e Matthew vieram comigo assim que eu disse o que Abby me disse na chamada. Brooke ficou aos prantos, afinal, Andrew é seu irmão também. Matthew também ficou visivelmente abalado. Tivemos que chamar um táxi, porque nenhum de nós ia conseguir dirigir.

Brooke ficou até por volta das três horas da madrugada, quando Indie insistiu para que elas fossem se trocar, e voltariam pela manhã. Matthew está no corredor do hospital, com Aidan, já que o hospital só aceita três visitas no quarto. E eu estou aqui, com Anna e Abby desde que cheguei no hospital, sem conseguir dormir. Apenas trocando mensagens com Sally e meu pai, e tentando acalmar eles e garantindo que estaria em casa assim que pudesse.

As luzes de um novo dia iluminam o quarto de hospital. Já amanheceu, não foi um pesadelo. Andrew está mesmo na cama ligando a uma bomba de aparelhos. Abby se remexe no meu colo, e abre seus olhos, quando os raios de sol que passam pela janela iluminam sua cara. Ela automaticamente olha para a cama e vê seu irmão ainda desacordado. Sua expressão facial é de pura tristeza e lágrimas se formam em seus olhos.

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