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Ret

Maratona 5/6...

Olho pra ela indo até a cozinha com os pratos e logo depois voltando fazendo um coque no seus cabelos.

Ela se senta do meu lado no sofá cruzando os pés como um índio e me encara respirando fundo.

Ret: só me conta se vc se sentir confortável beleza? - ela concorda.

Anna: é bom jogar pra fora as vezes. - concordo e me ajeito virando meu corpo. Ficando frente à frente com ela. Os dois sentados no sofá.. - meus pais veio do interior do rio.. - ela começa a falar e eu começo a prestar a atenção em cada palavra.

Anna: só que meu pai acabou morrendo..

Ret: vc não chegou a conhecer ele? - pergunto quando ela da uma pausa e a mesma nega.

Anna: não! Minha mãe sofreu muito sabe? - concordo. - principalmente quando ela descobriu que estava grávida. Uma semana depois da morte dele... Ela soube que ia ser mãe.
Foi um caos na vida dela né? Perdeu o marido e depois descobre que tá grávida. - ela respira fundo passando a língua nos lábios. - é foda! Ele entrou em desespero pq não trabalhava. Quem sustentava a casa era meu pai. - concordo olhando pra ela. - ela decidiu continuar com a gravidez. Mas sabia que ia ter que dá um jeito de conseguir um trabalho pra me sustentar e lá na interior era difícil.

Anna: ela até tentou achar um emprego por lá mas não conseguiu. Grávida então era mais difícil ainda. - ouço tudo calado. - até que ela decidiu pedir ajuda pra uma tia minha que morava mais no centro do rio. Lá em Jacarepaguá. - concordo sabendo aonde é. - minha mãe pediu se ela podia ficar um tempo na casa dela. Até conseguir um emprego e um lugar pra morar. Minha tia é um anjo. - ela sorri. - aceitou sem pensar duas vezes e ainda falou que minha mãe podia ficar lá o tempo que for.

Anna: então minha mãe foi! Deixando tudo pra trás. Só levando uma mochila e eu na barriga dela. Já na casa da minha tia, ela conseguiu um trabalho como faxineira. Minha tia é manicure então ela sempre recomendava a minha mãe. Mas como minha mãe queria um lugar pra morar logo por não gostar de depender dos outros ela começou a trabalhar mesmo grávida. E faxina é pesado principalmente em casas grandes que era o que ela mais pegava sabe?

Ret: sei.. - respondo baixo.

Anna: acabou que ela não cuidou direito em relação ao trabalho pesado e a gravidez acabou se tornando de risco. - ela faz uma pausa engolindo a saliva. - minha mãe é muito cabeça dura. Mesmo minha tia pedindo pra ela parar e só voltar quando eu já estivesse nascido e com alguns meses, ela não escultou. Trabalhou todos os meses da gestação. E a situação piorava a cada dia que se passava. - ela respira fundo parando de falar.

Ret: quer parar? - ela nega.

Anna: não! Tá tudo bem. - ela sorri de lado e volta a falar. - no dia que a bolsa dela estourou ela estava trabalhando e a dona da casa só disse que ela só poderia sair se terminasse a faxina. - frazo de leve as sobrancelhas. - ridículo mas mesmo assim ela continuou e o salário que ela ia ganhar ia ser o que faltava pra pagar o hospital. Mesmo com dor, ela continuou lá. Por mim sabe? Ela sabia que ia precisar de dinheiro pra mim vim ao mundo e pra me sustentar nele.

Anna: ela chegou no hospital morrendo de dor e eu dentro dela não ajudava. Como a gravidez era de risco, o parto foi cesária. Foi complicado pq eu não estava saudável como eu deveria estar, e minha mãe demorou muito pra ir ao hospital. Eu meio que nasci quase sem sinal de vida.

Ela fala baixo e eu paro pra pensar nisso. Ela quase morreu.. assim como eu.

Anna: minha mãe vendo o estado que eu fui tirada de dentro dela e o desespero dos médicos pra tentar me salvar. - ela fecha brevemente os olhos e eu me aproximo dela pegando nas suas mãos. - ela pediu tanto a médica que fez o parto pra me salvar. Praticamente implorou a ela.

Ret: mas você está aqui. - ela sorri concordando.

Anna: sim! Por isso eu me chamo Anna. - encaro seus olhos. - o nome da médica também era Anna.

Ret: namoral? - ela concorda.

Anna: minha de alguma forma queria agradecer a ela por te me salvando. - ela da de ombros. - ela se apaixonou pelo nome e pela profissão..

Ret: como assim?

Anna: minha mãe vendo todo o esforço pra me salvar dentro daquele hospital se encantou pela medicina entende? - concordo. - acaba que ela pensou em cursar o curso. Mas ela não tinha tempo. Procurava casa pra morar, trabalhava todos os dias na casa dos outros e ainda tinha eu...

Ret: ela desistiu então?

Anna: dela ser médica? Sim! Mas de mim ser uma? Não...

....

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