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Anna

Encaro o celular paralisada depois de ouvir praticamente tudo.. o barulho dos pneus.. a batida.. e o celular caindo fazendo a chamada cair.

Quando a ficha cai eu entro em desespero e Karl me olha confuso.

Karl: que foi Anna? - tento respirar mas a minha tentativa é falha quando só passa na minha cabeça os barulhos que eu escutei. - Anna?

Anna: alguém bateu no carro do Filipe. - olho pra ele só percebendo agora que já estávamos na frente do hospital. - eu ouvi tudo. - meus olhos se enche de lágrimas. - a ligação caiu Karl.

Karl: ei, calma, calma. - ele tira o sinto e de vira pra mim tentando me acalmar. - tá tudo bem, vamos esperar alguém ligar de volta ou até ele mesmo.

Eu sei que ele está tentando me passar confiança.. de que ele está bem, e que vai me ligar xingando a pessoa que bateu em seu carro.

Tento pensar nisso e concordo limpando meus olhos. Tiro o cinto do meu corpo, ainda sentindo ele fraco.

Anna: vamos.. - pego minha bolsa e saio do carro sentindo uma angústia no peito mas tento ignorar.

Karl sai do carro também e me acompanha até a recepção do hospital. Eu espero um pouquinho, por duas pessoas está na minha frente.

- doutora Anna? - sorrio vendo que a recepcionista é a mesma de quando eu trabalhava aqui. - meu Deus desculpa.. não é mais doutora né? - pergunta rindo e eu concordei. - aí é que eu estou tão acostumada a te chamar de doutora.

Anna: tudo bem? - ela sorri concordando.

- tudo bem sim, e você?

Anna: bem, bem eu não estou não.. estou com um mal estar chatinho esses dias. Vim ver o que é.

- sério? Me dá aqui seus documentos pra fazer sua ficha. - abro minha bolsa pegando eles, e agradeço por ter deixado separado. - mas o que você tem tem? - ela pergunta fazendo minha ficha no computador e eu ouço um barulho me fazendo olhar pra trás mas era só uns médicos e enfermeiros indo pra fora do hospital.

Anna: aí tanta coisa.. começou com uma dorzinha de cabeça chata sabe? Ai depois veio o cansaço, depois o enjôo, fraqueza. Enfim tudo isso.

Ela para de digitar me olhando e estreita seus olhos. Quando ela abre a boca pra falar um barulho forte entra pelos meus ouvidos e eu me viro pra trás assutada.

Foi como se fosse a anos atrás, quando eu trabalhava aqui e estava conversando com a recepcionista.. o dia que eu vi o Filipe pela primeira vez em cima de uma maca, sendo empurrado pra sala de cirurgia.. e eu estou vivendo isso de novo..

Meu corpo para no lugar quando eu vejo ele em cima da uma maca com os médicos empurrado. Meu coração se aperta dentro de mim quando eu vejo a tatuagem de onça que ele tem em seu pescoço.

Karl: Anna.. - sinto ele me segurar quando eu perco as forças das minhas pernas.

Eu não sabia descrever o que eu estava sentindo.. eu sabia que algo tinha acontecido. Mas tentava pensar que não tinha sido nada de mais..

Mas foi! Ele entrou aqui em cima de uma maca.. de novo. Parece que eu realmente voltei a três anos atrás.

E me bate um desespero por saber que eu não vou conseguir fazer nada.m não vou entrar naquela sala e salvar ele.. isso não está nas minhas mãos mais.

Eu sinto minha vista embasar e meu coração acelerar enquanto ouvia alguém me chamar, mas eu não conseguia prestar atenção.. minha atenção só estava na cena que eu tinha acabado de presenciar.

Sinto meu corpo perder total apoio do chão e meus olhos se fecharem rápido enquanto eu ainda escutava alguém me chamar.. mas as vozes ia ficando distante.. até eu não ouvir e enxergar mais nada.

...

Eu não sei quanto tempo eu fiquei nesse quarto de hospital.. mas eu acordei não tinha nem cinco minutos..

Eu estava deitada na cama tomando um soro, e totalmente sem entender o que tinha acontecido comigo.

Eu lembrava só dá parte em que eu vi o Filipe.. e o que me faz entrar em desespero querendo saber dele.

A porta se abre e eu olho pra mesma rápido vendo uma enfermeira entrar. Ela me olha e sorri pra mim.

- que bom que você acordou.. - ela fala baixo e se aproxima de mim.

Anna: cadê o Filipe? - pergunto logo e ela me olha confusa.

- Filipe? - concordo. - seu amigo me disse que você ia acordar e procurar saber dele.. então eu fui procurar saber pra te avisar. Você não pode passar nervoso. - franzo as sobrancelhas confusa.

Anna: não posso passar nervoso? Por que? - ela sorri. - como ele está?

- ele tá bem! Com a batida ele acabou perdendo a consciência e desmaiou.. por isso vc viu ele chegando aqui desacordo. - respira fundo sentindo alívio. - ele está no mesmo corredor aliás.

Anna: já está no quarto? - ela concorda e eu solto um suspiro de alívio. - fico tão feliz em saber disso.. - falo baixo tendo a comprovação que eh não vivo mais sem ele.. e o que ele sente por mim, e que o mesmo me disse horas atrás, antes de começar o show, é recíproco.

- acho que então você vai ficar feliz com a notícia que eu vou te dá..

Anna: que notícia? É sobre ele? Ele já acordou? - pergunto rápido e ela rir.

- ele ainda se encontra dormindo.. a notícia é sobre você.

Anna: sobre mim?

- sim.. eu vi a sua ficha e os sintomas que você está sentindo. - concordo. - fiquei sabendo que você trabalhava aqui né?

Anna: sim.. eu era médica daqui.

- então.. a pergunta é como uma médica não desconfiou desses sintomas? - paro de falar pensando em tudo o que eu estava sentindo. Arregalo meus olhos e nego com a cabeça rindo fraco pensando na possibilidade de ser o que eu pensei.. - você desmaiou porque passou muito nervoso.. e eu acho que agora você já sabe o que tem nem?

Olho pra ela e a mesma sorri passando conforto. Respiro fundo engolindo a saliva antes de perguntar.

Anna: é sério? - pergunto baixo sentindo um no na minha garganta. - eu estou grávida?

- está sim.. - mordo meu lábio. - grávida de um mês.

Solto o ar que eu nem tinha percebido que estava perdendo quando a confirmação vem até a mim. Eu estou grávida.. Meu Deus grávida. Carregando meu primeiro filho.. meu filho e do Filipe.. que definitivamente é o cara que eu amo.

E agora eu e ele vamos ter um filho.. Meu Deus do céu eu vou ser mãe..

...

+ 80 comentários - acho que vou fazer a gincana amanhã em.. esqueci totalmente que eu ia fazer esse domingo. (Emoji de palhaço)

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