todo esse tempo | FR

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Anna

Olho ao redor do meu apartamento e vendo tudo diferente. Esse era meu último dia no meu apêzinho e estava com um aperto do coração.

Foi meu primeiro apartamento. E o qual eu consegui comprar com o meu dinheiro assim que eu comecei a trabalhar com a medicina.

Foram anos vivendo aqui, então é normal eu sentir essa pequena dor no coração por precisar ir embora.

Mas não escondo o quanto eu estou animada nessa nova fase da minha vida.
Eu sempre gostei de mudanças e não nego que essa tá sendo muito bom.

Um novo apartamento, agora morando com o homem da minha vida, e com o nosso theozinho. Que ainda não está entre nós, mas é como se já estivesse.

Respiro fundo fechando as malas com as poucas roupinhas do Theo e saio do quarto assim que ouço batidas na porta.

Pego meu celular no bolso vendo as horas e estranhando do Filipe ter chegado cedo da gravadora.
Logo ele que tá passando muito tempo lá com a gravação do novo álbum.

Era o que passava na minha cabeça quando eu abro a porta do apartamento dando de cara com a minha mãe parada ali. Bem na minha frente.

Eu não tinha visto ela desde da última vez que ela me mandou a mensagem com a postagem sobre o Filipe. E o que me fez largar tudo aqui e seguir a minha profissão lá fora.

Além de não ter visto mais ela, eu não troquei nenhuma palavra. Quando eu disse que deixei tudo pra trás, foi literalmente tudo! Inclusive ela.

Sei que eu não seria quem eu sou hoje sem a ajuda dela. Mas tudo que ela me falou e me fez me doeu e dói até hoje.

Anna: o que? - frazo as sobrancelhas de leve não entendendo dela estar aqui. - o que você está fazendo aqui?

Patrícia: vim ver minha filha. - pisco duas vezes ainda sem acreditar e abro a boca pra responder mas a mesma me corta. - fiquei sabendo ontem que você voltou tem mais de um mês! Voltou pra ficar e não me disse. - respiro fundo fechando meus olhos. - também fiquei sabendo de tanta coisa que como uma filha.. - abro meus olhos encarando os delas. - quem deveria ter contando era você.

Anna: eu não tenho nada pra te contar.

Patrícia: ah, não? - ela desce o olhar pra minha barriga que estava descoberta, por causa de um top que eu me encontrava usando. Ela inclina sua cabeça pro lado e volta a sua atenção pra mim. - de mudanças?

Anna: o que você quer? - pergunto baixo encarando ela. - sério mesmo.

Patrícia: eu vim te ver. - ergo as sobrancelhas. - queria saber como você está.. muita coisa aconteceu nesses anos que não nos falamos mais.

Fico calada encarando ela e a mesma respira fundo ajeitando a alça da bolsa que ela carregava no ombro.

Patrícia: eu posso entrar? - aponta pra dentro do apartamento com a cabeça e eu penso antes de responder, mas acabo concordando de leve com a cabeça, assim dando espaço pra ela entrar.

Fecho a porta e me viro vendo ela olhando ao redor notando várias caixas espalhadas pela sala.

Anna: e então..

Patrícia: eu queria conversar com você filha.. - ela para de analisar a sala e me olha.

Anna: conversar o quê? - cruzo meus braços me encostando na parede.

Patrícia: eu sei que errei em algumas partes. - ergo as sobrancelhas. - disse coisas que não deveria, e que acabei de magoando. - ela para de falar respirando fundo. - perdi alguns anos da sua vida por causa disso também. Mas eu queria te dizer que nada do que eu fiz e falei foi pro teu mal.

Anna: ah, não?

Patrícia: não! - nega com a cabeça. - eu estava nervosa, com raiva de ver você abandonado tudo por causa de um homem.

Anna: espera! Que? - encaro ela confusa.

Patrícia: eu sei que ele fez a sua cabeça pra você largar a medicina. - dou uma risada fraca negando com a cabeça. - não adianta falar que não!

Anna: nossa. - passo a mão no rosto já ficando nervosa. - você veio até aqui pra falar isso? De verdade? Depois de tudo que eu conquistei fazem algo que eu realmente gosto. Você vem aqui pra dizer que eu larguei o que eu não gostava, ou melhor nunca gostei por causa de homem?

Pergunto já puta e ela passa as mãos no cabelo me olhando sem me responder.

Patrícia: se você não tivesse conhecido ele. - aponta pra mim. - não tivesse se envolvido com ele. - faz sinal de desdém com a mão quando se refere ao Filipe. - nada disso teria acontecido.

Anna: por isso que eu agradeço por ele ter entrado na minha vida. - encaro seus olhos e me aproximo mais dela. - meu erro foi ter seguido o que você queria! Mas eu aprendi com ele e não vou entrar de novo! - nego com a cabeça. - não me venha com a mesma coisa de novo não. Pois dessa vez eu não vou cair! Nem adianta.

Patrícia: eu só quero o seu bem..

Anna: nossa, imagina se você quisesse o meu mal né? Sério.. - respiro fundo. - eu não vou perder todo esse tempo de novo. Então por favor, vai embora!

Patrícia: vai me expulsar de novo sem ao menos me ouvir? Eu não terminei de dizer tudo que eu vim te dizer. - me afasto virando de costas indo até a porta. - você tá grávida! - ela fala alto e eu me viro de volta pra ela. - dele ainda..

Anna: e o que tem? - volto a cruzar meus braços. - quem tá grávida sou eu né?

Patrícia: olha a idade que você tem! Não é modelo que você quer ser ou é, sei lá. - ela se embola nas palavras enquanto eu pensava na merda que ela provavelmente vai falar. - se essa é a profissão que você gosta tanto, vai estragar ela com uma criança?

A partir dali eu ignoro tudo e me viro abrindo a porta na raiva. Ela pode falar o que quiser, de mim, do Filipe, da minha profissão, mas não envolvi meu filho. Ele não!

Anna: vai embora! Sai da minha casa! Da minha vida. - ela me olha sem acreditar. - você não vai entrar aqui falar um monte de merda e ainda falar do meu filho!

Falo puta e respiro fundo fechando meus olhos quando sinto um dorzinha no pé da barriga.

...

+ 50 comentários. - quem é viva sempre aparece né?