Paixão Mafiosa

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Uma última conferida no espelho, checo a make, a luz e pronto! Posto a foto do look de hoje na minha página. Um short de alfaiataria, regata de seda azul e um blazer na estampa que é tendência: xadrez P&B. Nos pés uma bota de cano longo e cobrindo a cabeça a boina que é minha queridinha.  Daqui a cinco minutos essa será a roupa mais procurada nas lojas da minha grife favorita.
Sim, é bem isso que acontece, eu dito a moda para milhares de seguidores. Desde a adolescência que sou considerada um ícone nas redes sociais. Sempre cuidei e valorizei minha imagem de uma jovem linda, tenho corpo e rosto perfeitos, postura invejável, bom gosto, carisma e talvez o mais importante: influência.

Onde vou basta dizer meu sobrenome e as portas se abrem: Giulia Fiori. Para as pessoas comuns somos uma família rica e respeitada, próximo da nobreza. Mas para quem vive em nosso mundo meu sobrenome representa a Máfia Italiana: Lei, Poder e Sangue.
Meu pai governa nosso território com punhos de ferro.

Todos pensam que por ser homem, sucessor e futuro Capo meu irmão Enrico seja o filho preferido, mas estão enganados. Eu sou aquela que tenho voz e vez quando o assunto é Dom Fiore. Desde que nasci sou a princesinha do papai e tenho amor e admiração por ele. Apesar das atrocidades que sempre escutei falar a seu respeito, em casa, com a família, ele nunca foi violento, o monstro sempre ficou do lado de fora dos nossos portões.

Tudo que peço a ele sempre consigo, basta um sorriso e um beijo em sua bochecha que minhas travessuras estão perdoadas.
Sinto uma ligação muito forte entre nós. Percebo se está com problemas somente pelo olhar. Consigo ver pelo seu jeito quando precisa que eu vá desanuviar sua mente com minhas conversas sobre o dia a dia, ou quando necessita que somente leve uma caneca de chá em silêncio.

Foi meu pai quem me ensinou que eu sou uma princesa e mereço ser tratada como tal. Ele sempre foi meu rei, sempre me mostrou que não devo aceitar menos do que respeito de um homem.
Também foi meu pai que leu os inúmeros livros que tenho em meu quarto antes de me fazer adormecer sonhando com príncipes, castelos e finais felizes.

Conforme fui crescendo, sua vigilância sobre mim aumentou. Enquanto minha mãe quer me transformar em uma dama da sociedade, uma esposa perfeita para alguém importante, meu pai tratou de me treinar.
Sendo filha de quem sou e vivendo sobre nosso código, não posso ser uma princesa indefesa, segundo Dom Fiore às vezes é preciso vestir a armadura e matar o dragão.

Enrico foi o encarregado e diga-se de passagem, ótimo professor de tiro e luta.
Com ele aprendi a me defender contra um ataque corpo a corpo, a atirar com arma de fogo e manusear muito bem facas e outras armas.
Sempre ando com minha escolta pessoal de segurança, e além disso, se necessário consigo me defender.
Sempre, até hoje pois planejo despistar meus homens e dar uma escapada com alguém que conheci a um mês atrás.

Estava na biblioteca da faculdade, quando um barulho no final do corredor chamou minha atenção. Indo até lá puder ver que um rapaz havia derrubado vários livros no chão. Tratei de ajuda-lo e aconteceu conosco algo que sempre julguei tão clichê nos filmes... Nossas mãos se tocaram ao pegar um dos livros, nossos olhares se encontraram e ficamos presos um no outro como se nossas almas tivessem se reencontrado após anos de busca incessante.

Para mim foi paixão a primeira vista.
Apesar de acreditar em contos de fadas nunca imaginei me apaixonar. Sempre soube que sendo uma filha da máfia, meu destino seria traçado por um casamento arranjado quando chegasse a hora.
Minha esperança era de que meu pai escolhesse um bom marido para mim, mas também sempre tive consciência de que muitas coisas mais importantes são levadas em consideração. Então, nunca me dei a liberdade de nutrir sentimentos por alguém e, mesmo que tentasse, antes desse dia, nenhum dos homens que já se aproximaram despertaram meu interesse.

No início, relutei. Não aceitei cair de amores tão rápido por uma pessoa que nem conhecia direito. Mas foi com o passar dos dias que me rendi aos sentimentos.
Lucca é o homem perfeito! Tudo aquilo que sempre sonhei encontro nele... Me trata com gentileza e respeito, é educado, engraçado, trabalhador... E lindo...

Depois daquele momento na biblioteca por obra do destino passamos a esbarrar um no outro a todo momento.
Fui me encantando com seu jeito de menino aos poucos, mas nada nunca passou de conversas que foram se tornando mais íntimas e apimentadas.
Ele tem muita curiosidade sobre a minha rotina e pergunta tudo a respeito da minha família, mas esse assunto desde criança aprendi ser proibido.

Já tivemos dois quase beijos, a química entre nós é palpável... Mas sempre travo porque nunca estamos realmente a sós, meus seguranças ou outras pessoas sempre nos vigiam.
Mas não hoje...
Planejei tudo com muito cuidado, nada dará errado e, depois da aula, estarei na garupa da moto de Lucca partindo para um encontro a sós.