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Minha culpa

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Minha culpa. As palavras de Valentina ecoam em minha cabeça, impedindo-me de ter qualquer outro pensamento desde ontem.
A culpa será só minha e isso me cai bem... Parece certo e previsível, como uma tragédia anunciada, que eu terminaria com aquilo que estava me fazendo feliz. Deveria ter adivinhado, não podia ter relaxado tanto ao ponto de achar que as coisas estavam se encaixando... A essa altura, já era de se esperar que eu soubesse,  que estivesse calejado... A vida nunca me dá nada sem cobrar um alto preço... Os dias bons e agradáveis que vivi com minha esposa sempre estiveram por um fio, e embora no início eu tenha lutado para não cair nessa armadilha, bastou baixar a guarda, para que tudo desmoronasse.

Ousei experimentar a felicidade e perdi tudo. Valentina não fala, não me escuta, nem abre a porta do quarto ou atende minhas ligações. Até uma mensagem de texto enviei, convidando-a para tomar o café da manhã comigo mas rejeição em forma de silêncio foi o que recebi.
Dentro do meu peito, garras negras começam a me sufocar... Conheco-as... São velhas companheiras que sempre vem lembrar-me de meus fracassos. Minha esposa com seu jeito corajoso e doce, havia expulsado-as e substituído por paz, mas agora... Sozinho com meus erros,  a escuridão quer retomar seu antigo lugar.

Muitos anos da minha vida esperei ouvir um eu te amo de Giovanna, mas ele nunca veio... E ontem quando Valentina se declarou, entrei em pânico...
Imaginava que para ela eu não passasse de uma companhia, alguém compatível para dividir a cama e a vida. A maioria dos casamentos arranjados são assim, a mulher acaba se conformando com sua vida, mas ouvi-la contar que é apaixonada por mim a muito tempo, me desestabilizou, fiquei momentaneamente sem chão, dividido entre botar alguma razão em sua mente, ou jogar-me em seus braços agradecido.

No fim, a sensatez prevaleceu, expliquei da melhor forma para ela que o amor é ruim... É algo que não podemos basear um casamento. O que nós dois estamos construindo é muito mais sólido e palpável do que sentimentos facilmente manipulados e destruitivos como o amor.
Mas fui mal interpretado. Valentina já teve que colocar Giovanna no meio e a menção do seu nome, combinado ao conflito em minha cabeça, fez com que eu explodisse. Só queria que ela se retirasse, não desejava discutir sobre o passado, mas então fui atendido da pior forma: minha esposa obedeceu, foi para o seu quarto, e fechou-se para mim, minhas explicações e carinhos.

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Três dias sem vê-la e estou no inferno.
Passo o tempo inteiro em casa, perambulando entre os corredores, como um cão sem dono e mesmo assim não tenho sorte. Valentina só sai do quarto para pegar Isabella e quando o faz, nunca estou por perto. As duas tem feito as refeições sozinhas, e ontem quando precisei sair para uma reunião, ela aproveitou para ir ao parque com minha filha e Marco.
Meu humor que antes já era ruim, agora está inexistente. Ninguém ousa falar comigo, nem mesmo me olhar, tamanha deve ser minha carranca.

Ordenei a Francesca que não arrumasse minha cama, deito todas as noites sentindo o delicioso cheiro de frutas da minha mulher. Adormeci pensando em seu calor, seu corpo e seus beijos e então tive o maldito pesadelo novamente, onde ela vai embora sem olhar para trás deixando minha filha e eu no frio e na escuridão.
Levantei-me desatinado e fui até a porta do seu quarto, esmurrando a madeira e gritando para que ela me deixasse entrar.
Quando escutei seus passos leves do outro lado, meu coração bateu freneticamente. Esperei ansioso para toma-la nos braços, mas a porta não se abriu.

Paixão MafiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora