14

1K 98 7
                                    

                           ~~~

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

~~~

Savas adormeceu. Levanto de vagar para não acorda-lo e vou até o banheiro. Meu reflexo no espelho mostra uma pessoa tão diferente... Nada mais de uma menina, mas uma mulher, corada e com os cabelos desgrenhados depois de uma transa.
Não costumava fantasiar sobre minha primeira vez, com certeza seria com meu marido, alguém escolhido para mim e não por mim... Diferente do que foi... Eu quis me entregar, decidi que chegou o momento, estava pronta e com aquele pelo qual estou apaixonada.
Confesso que me surpreendeu a gentileza e doçura que fui tratada. Não que veja Savas como um monstro mas, sei que os homens podem ser insensíveis e só pensarem em seu próprio prazer se quiserem. Em seus braços me senti desejada, especial e linda.
Acho que ele nem se deu conta de quantas vezes gemeu "minha" enquanto me possuía corpo e alma. Entreguei algo que em nosso mundo é valioso, muitas mulheres são rejeitadas e humilhadas se sua virgindade é dada a outro que não o marido, mas não foi somente eu quem cedi... Não fizemos só sexo... Enquanto olhei em seus olhos, com ele dentro de mim e depois, naquela declaração que foi suficiente para demonstrar seus sentimentos, Savas também me deu um pedaço de si.

Tomo um banho rápido, visto uma camiseta limpa e uma boxer, tudo preto, minhas peças íntimas sumiram depois que as lavei e suspeito de alguém possa tê-las escondido de mim.
Passo pelo quarto e dou uma espiada no homem que continua em seu sono esparramado entre os lençóis, ocupando quase toda cama com seu tamanho. Ao chegar na cozinha me deparo com uma bagunça maior do que imaginava, farinha, molho e utensílios para todo lado. Sorrio ao lembrar no que um inocente macarrão se tornou, começo a juntar algumas coisas na tentativa de deixar o lugar um pouco mais limpo.

- Uau... A princesinha é mais bonita pessoalmente... Parece que fiz bem em te dar de presente ao meu amigo. Estão se divertindo?

Uma voz fria me fez dar um pulo derrubando algumas panelas pelo chão. Um homem está parado do outro lado da sala. Ele é jovem, alto, magro, com olhos de águia e uma aura que fez um arrepio percorrer minha espinha. Do corredor saltou Savas de arma em punho mas ao olhar para nós dois, baixou a guarda. Esse deve ser o Capo, Alev.

- Ainda não enjoou do seu brinquedinho meu amigo?

- Brinquedinho? O que quis dizer com eu ser um presente?

- Savas não te contou? Dei você à ele. Claro que liguei hoje para seu pai e, bom você o conhece, Dom Fiore não aprovou muito a ideia de ter sua princesa servindo a cama do Executor da Yasa, ele ficou um pouco... Bravo por assim dizer.

Meu corpo, apesar de estar preso no chão como se meus pés pesassem uma tonelada, tremia violentamente. Minha respiração acompanhou uma dor no peito que me apunhalava a cada movimento. Cheios de água meus olhos ficaram com a visão embaçada mas não me permiti chorar na frente deles.

- Savas? Isso... É isso que eu sou? Eu te odeio... Eu te odeio Savas!

- Giulia...

Mas algo chamou nossa atenção, uma luz, como uma mancha vermelha na testa de Alev. Savas saltou sobre seu amigo e os dois caíram no chão ao mesmo tempo em que estilhaços de vidro choveram pela sala onde uma das janelas foi quebrada pelo corpo de um homem que rolando veio parar em nossa frente.
Logo após o susto, reconheci o invasor, meu irmão, Enrico.

- Giulia!!!

Ele me pegou em um abraço e eu chorei em seu peito, derramando dor, alívio, medo e saudades. Meu irmão acariciava meus cabelos mas nosso momento foi quebrado pela voz imponente de Alev que apontava uma arma para Enrico.

- Que cena mais linda. Desculpe encomodar mas não estamos recebendo visitas.

Me coloquei na frente do corpo daquele que desde sempre foi meu parceiro em aventuras e peraltices, que é meu protetor, meu anjo da guarda, que me mimou como uma princesa e treinou como um soldado, mas ele foi mais rápido e puxou sua arma por cima da minha cabeça, mirando em Savas.

- Não! Enrico não atire!

- Giulia eu vou nos tirar daqui, não se preocupe.

Os dois em perigo, homens que eu amo, meu irmão e... Já não sei mais o que Savas é para mim, mesmo assim, não quero que nada de mau lhe aconteça.

- Abaixe a arma Enrico. Leve ela daqui, sumam os dois!

- Acha mesmo que depois de ter vocês dois desgraçados na minha mira simplesmente irei embora sem vingar minha irmã? Então esse é seu ponto fraco Alev? Prefere perder o jogo do que me assistir atirar em seu amigo?

Conheço muito bem a fama do meu irmão, apesar de ama-lo sei que ele é um homem da máfia, e já vi com meus próprios olhos durante as aulas que recebi o quanto sua mira é certeira. Sem conseguir pensar em outra coisa que não fosse o corpo de Savas caído sem vida, corri e fiquei na frente dele.

- Giulia! Saia daí! Está louca? Me deixe acabar com esse miserável!

- Tudo bem Principessa... Não se preocupe comigo...

Seu sussurro em meu ouvido fez meu corpo convulsionar, se desmanchando em soluços.

- Shhhiiii... Estaremos sempre juntos...

Fechei os olhos pedindo que tudo fosse um pesadelo e ao abri-los vi o vulto de Alev passou por nós colidindo contra Enrico e iniciando uma luta violenta.

Tudo ficou suspenso. Nenhum movimento, nada de barulho, as respirações presas, os olhos arregalados em pânico.
Um grito ecoou pela casa, estridente, apavorado, carregado de medo e angústia. Só quando me joguei sobre meu irmão percebi que o barulho havia saído da minha garganta. Tateei o corpo de Enrico em busca do ferimento mas ele conseguiu se levantar me puxando junto sem problemas. Está tudo bem, meu irmão está vivo sem nenhum arranhão.
Mas então... Olho para o lado e ainda no chão está Alev com uma mão sobre a barriga de onde uma mancha de sangue cresce rapidamente.

No segundo posterior Savas se ajoelha ao lado do seu amigo pressionando com as duas mãos o ferimento. Os dois se olham, se comunicam em silêncio e um nó se forma na minha garganta, a cena me derruba poderia ser eu ali com Enrico.

- Agora é sua vez bastardo. Olhe para mim, quero que saiba que está pagando todo sofrimento que minha irmã passou nas suas mãos.

Ouço um click e a arma do meu irmão está apontada para Savas.

- Enrico por favor! Não! Não atire! Estou pedindo!

Fiz a única coisa que sabia ser possível parar aquilo por um momento e segurei a arma virando-a para mim. Ele me olhou como se eu tivesse duas cabeças porém o som de motores se aproximando fez meu irmão praguejar e me suspender pela cintura pronto para fugir.
Antes de atravessarmos a janela olhei uma última vez para Savas e pude ler em seus lábios as palavras que me doeriam para sempre:

- Adeus Principessa.

Paixão MafiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora