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Lealdade. Honra. Vingança. Amor...
Qual sentimento mais importante no mundo da máfia?
Vamos descobrir juntos quais segredos e surpresas envolvem nossos personagens que juram não ter coração, até encontrar a pessoa que vai bagunçar todo seu mundo.
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Ordenei aos seguranças que me levassem à casa de Giulia já com um plano em mente. Uma vez lá dentro tratei de pedir ajuda à minha irmã, claro, sem contar a verdade.
- Giulia você vai ter que me encobrir enquanto dou uma saída. É rápido, prometo, mas tenho que ir sozinha e ninguém pode desconfiar.
- Primeiro me diga onde vai e porque, depois penso se te ajudo com essa loucura!
- Lembra da nossa conversa sobre gravidez? Da sua suspeita de eu estar esperando um bebê? Então... Irei até uma clínica fazer exames.
- Mas isso é ótimo! Porque vai escondida? Irei com você e Alev também deve querer...
- Não! Escute... Se for mesmo verdade, quero fazer uma surpresa ao meu marido. Mas se formos juntas os seguranças o dirão onde estou e ele saberá antes que eu conte... É por isso...
- Hum... Está bem. Mas fica me devendo! Na próxima vez eu vou e ninguém me impedirá! Quero estar ao seu lado em todos os momentos como você esteve do meu Anna.
- Prometo que vamos juntas na próxima. Agora... Preciso sair e entrar na mata sem que ninguém me veja. Um táxi está a minha espera na estrada. Se os guardas perguntarem por mim diga que dormi ou sei lá mas não os deixe suspeitar de nada.
- Ok. Pode ir pela porta dos fundos que eu cuido de tudo. Não demore e boa sorte, vou ficar torcendo para voltar com boas notícias.
A última imagem que vejo antes de disparar correndo pela mata é de Giulia sorrindo e cruzando os dedos para mim. Se ela soubesse... Se Alev soubesse... Quantas pessoas estou enganando para me encontrar com Dom Fiore... Mas é um mal necessário, vou por uma pedra sobre esse assunto e ao retornar conto a verdade a todos, mesmo que o homem que amo não queira mais me ver em sua frente. Quando cheguei no velho cassino, meu coração que já estava acelerado deu um salto ao perceber que Dom Fiore me esperava acompanho de Akin, irmão de Arzu, os dois sorriam para mim de uma maneira horripilante.
- Bem vinda filha minha! Sabia que você não ia decepcionar seu velho pai. Sempre foi uma menina muito obediente e sensata.
Enquanto falava ele vinha andando em minha direção com os braços abertos, como se nosso reencontro fosse algo feliz e muito esperado. Mas eu o freei logo levantando as mãos a frente do corpo e certamente fazendo uma careta de nojo.
- Não toque em mim, nem pense que estou aqui pelas razões erradas. Vim para por um ponto final nessa loucura!
- Bravo bambina! Também é meu desejo... Terminar com tudo...
- Primeiro, quero saber a verdade sobre meu passado, o que aconteceu com minha mãe e como fui parar em sua casa.
- Sua mãe era uma mulher belíssima porém viciada. Tivemos um caso quando minha esposa ficou grávida... Anos depois ela bateu em minha porta dizendo que você era minha filha e que te venderia para mim se eu pudesse pagar sua dívida com os traficantes. Na hora eu neguei e duvidei da palavra dela mas então sua mãe ameaçou te vender para quem desse o valor mais alto... Acabei aceitando o acordo... Dei a quantia que ela exigiu mas não pude te assumir... Veja bem, eu tinha família... Minha mulher não aceitou criar uma bastarda... O jeito de te manter protegida foi deixá-la trabalhando na casa, desconhecendo a verdade... E o resto você já sabe.
- E minha mãe? O que aconteceu com ela?
- Algum tempo depois fiquei sabendo que ela não pagou o que devia, pelo contrário, gastou todo dinheiro em mais drogas. Os traficantes a encontraram...
Só percebi que estava chorando quando uma lágrima umedeceu meus lábios. A sequei com o dorso da mão e notei que também tremia. Uma ânsia já se acumulava em meu estômago. Preciso sair logo daqui.
- Porque tem tanta certeza de que é meu pai? Talvez não seja.
- Você era muito pequena não deve lembrar mas fiz todos os exames em você e comprovei que sua mãe disse a verdade.
Meu último fiapo de esperança se foi... Quase consigo vê-lo indo cada vez mais longe de mim...
- Só aceitei vir aqui porque quero deixar bem clara minha posição: nunca mais nos veremos, nem vamos falar por telefone ou mensagem. Contarei eu mesma a verdade a todos e seguiremos a vida como foi até agora, sem dar importância um ao outro.
O velho explodiu rindo da minha cara. Suas mãos seguravam a grande barriga e Akin o acompanhou de uma maneira mais discreta mas igualmente irritante.
- Minha filha é uma piadista! Acha que sendo casada com o capo da Turquia vou te ignorar como fiz todos esses anos? Está muito enganada! Você irá me ajudar, irá me servir ou pagará caro por isso...
- Eu sabia... Tinha certeza que esse amor paterno não nasceu da noite para o dia. Mas está muito enganado se acha que irei trair meu marido lhe dando alguma informação. Prefiro a morte!
- Menina inocente... Estamos em guerra. Suas informações e sua vida não valem de nada. Quero algo muito maior: Alev morto.
Fiquei em choque. O que esse maldito está dizendo? Alev morto? Não! Nunca!
- Jamais conseguirá mata-lo - minha voz saiu trêmula pelo nervosismo mas tentei soar o mais ameaçadora possível.
- Quem disse que eu irei faze-lo? Para isso tenho você.
- Está completamente louco! Acredita mesmo que depois de todos esses anos basta vir me contando uma historinha sobre ser meu pai e eu me jogarei aos seus pés? Podemos ter o mesmo sangue mas não sou nenhum pouco parecida com você, não farei o que me pedir. Prefiro morrer já disse.
- Me subestima filha... Irá obedecer minhas ordens e dar um fim na vida miserável do seu marido. Isso é, se tem amor por sua irmã e sobrinho. Como é mesmo o nome do bastardinho? Lucca!
Meus joelhos bateram com força no chão. A pele deve ter machucado mas não sinto nada, nada... Meu peito dói. O coração está sendo esmagado por punhos que o apertam sem dó. O velho se abaixa junto de mim. Ele tem a voz tranquila, certo de que conseguiu me atingir.
- Aqui está. Veneno. Limpo. Eficaz. Dê a ele e mantenha sua família viva. Do contrário tenho homens armados vigiando Giulia e o menino dia e noite. Basta somente um sinal meu...
O que havia em meu estômago veio a tona sujando os sapatos bem lustrados do italiano. Quando os tremores cessaram em meu corpo, me ergui novamente. Dom Fiore me encarava com surpresa.
- Você também? Não me diga que carrega um bastardo da Turquia! Você e sua irmã são iguais. Duas burras e ingratas!
- Cale a boca!
Com um meneio de cabeça o velho ordenou algo a Akin que em seguida desferiu um tapa em meu rosto. Senti imediatamente o gosto de sangue na boca.
- Me respeite! Agora vá e faça o que mandei. Depois me avise quando tudo estiver pronto. Vá!
Os dois saíram e deixaram-me no chão em meio ao desespero. Seus passos ecoando em meus ouvidos como o timer de uma bomba prestes a explodir. Em minhas mãos a prova de que aquele pesadelo era real: um pequeno frasco contendo veneno.