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Nunca parei para pensar na morte, principalmente em como seria a minha, mas agora, aqui nas mãos desses malditos italianos, posso sentir que meu fim se aproxima

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Nunca parei para pensar na morte, principalmente em como seria a minha, mas agora, aqui nas mãos desses malditos italianos, posso sentir que meu fim se aproxima. Não dei a eles nenhum grito ou súplica. O inferno vai congelar antes que esses bastardos me vejam desmoronar...
O que ainda me faz tão forte são as lembranças de Giulia... E também a raiva, que sempre foi meu combustível contra os inimigos, mas que agora é direcionada a mim mesmo.
Sim, me odeio por ter levado ela para minha casa e impregnado o lugar com memórias, também por deixar sua luz penetrar minha escuridão, por não ter explicado à ela como as coisas seriam entre nós, e, principalmente, por ter sentimentos que me corroem por dentro, que me matam de saudade e sofrimento longe dela...
Droga! A cada gota do meu sangue que os bastardos me fazem perder, sinto-me mais longe de vê-la novamente. Se ao menos eu tivesse tido uma última chance... Não posso evitar imaginar se ela sabe que estou aqui, se ficou feliz, se sentiu vingada, se mentiu para sua família e disse que eu a tomei a força... Acredito que sim, pois seu pai já marcou para amanhã o momento em que irá cortar meu pau e alimentar os cães. Então será isso, o fim é tudo o que me aguarda.

                              ~~~

Estou deitado. Embora não consiga sentir nenhuma parte do corpo, sei que estou no chão frio e úmido quando sinto o perfume dela. Droga! De todos os meios de tortura esse será o mais baixo e enlouquecedor. Então ouço sua voz, ela está realmente aqui ou é só mais um dos meus sonhos? Pouco importa, pelo menos morrerei em seus braços.

"Vim te salvar... Temos um filho..."
O quê?
Um filho... Um filho...
Filho.... Meu filho...
Meu e de Giulia... Um filho nosso...

Não! Quero gritar... Alguém tire essa névoa da minha mente... Eu tenho um filho...
"Me entreguei a ele por amor"
A voz dela sussurra ao longe... Amor? Ela me ama... Eu não quero dormir, mas sinto tanto sono... Meu corpo dói, a cabeça lateja, meus olhos se fecham pesados demais...

"Savas acorde! Por nosso filho, vamos!"
Novamente a escuto mas agora sinto seu corpo junto ao meu, onde ela me toca o calor invade minha pele e apesar de estar em carne viva, não sinto dor, pelo contrário, suas mãos me acalmam e curam sendo mais poderosas do que qualquer remédio do mundo.
Com o resto de sanidade que ainda tenho, luto contra o torpor que me invade e pensando somente nela e em meu filho deixo-me guiar.
Sinto que saímos à rua, a luz do sol bate forte em meu rosto e queima minha pele machucada, não faço ideia de onde estou indo, o que Giulia pretende, mas com ela sigo até o fim do mundo feliz... Não! A escuridão, ela vem como um tsunami, eu consigo senti-la chegando, posso ouvir seu ruído cruel e seu cheiro de desespero tentando me esmagar... Não, não deixarei, tenho que resistir, mas meu corpo não me ajuda, ele está fraco e ferido demais, então a primeira onda vem, e muitas outras, e me deixo levar...

                               ~~~

Tudo está quieto, não sinto mais dor, aliás, não sinto mais nada. Nem as pernas ou braços, tento movimentar a cabeça mas nada obedece a minha vontade. Será que morri? Tudo é um borrão em minha mente...

Paixão MafiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora