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Horas depois, escutei passos e espiei o corredor vendo Enrico passar

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Horas depois, escutei passos e espiei o corredor vendo Enrico passar. Rapidamente saltei para fora e o segui entrando em seu quarto antes que a porta se fechasse.

Depois de ser largada como uma qualquer, chorei, me afoguei em autopiedade e remorso mas então pouco a pouco a raiva foi surgindo... Ela veio se esgueirando entre as rachaduras da minha insegurança e tomou conta do meu ser, fazendo-me reerguer e enfrentar a realidade invés de lamenta-la.

Guardei roupas e tudo mais que havia nas malas, acalmando minha mente no processo. Depois enchi a banheira com água quente e derramei sais e óleos perfumados antes de permanecer imersa tempo suficiente para que meus dedos ficassem enrugados e a água fria.
Enrolada na toalha procurei a camisola que foi escolhida para a minha noite de núpcias. Segundo a vendedora aquele modelo atendia ao requinte que se espera da esposa do capo, pois é branca, longa, em seda com fina renda cobrindo os seios.

O quarto de Enrico tem uma aura totalmente oposta ao meu. Enquanto a mim foi destinado um cômodo claro e iluminando, o dele é escuro, as cortinas pesadas dão a impressão de que nunca são abertas e a cama mesmo sendo enorme, exala frieza.

- O que pensa que está fazendo? Fora daqui!

Mesmo seu grito tendo me assustado, tentei manter o controle para que minha voz soasse firme.

- Exijo dormir com você.

- Dormir? Faça isso na sua cama.

- Estou aqui para fazer sexo. Entendeu agora?

- Claramente... Vá para o seu quarto...

- Não. Ficarei até que cumpra seu dever de marido.

- Saia agora...

- Porque casou comigo afinal?

- Estou começando a me arrepender disso...

- Ótimo! Irei embora ao amanhecer! Sem consumação o casamento será anulado e ambos ficaremos livres...

- Valentina...

- Poderá se casar com alguém que queira verdadeiramente. Alguém desejável. E eu... Eu farei o mesmo...

Virei as costas rumo a porta, com a nuvem da humilhação se formando sobre minha cabeça, pronta para chover por dias sem fim mas fui impedida por um corpo que me prensou contra a parede.

- Nunca a deixarei ir entendeu? Você é minha.

- Eu não sou... Não totalmente...

- Está tão ansiosa assim por isso? Não teme que eu a machuque? Que seja cruel?

- Não tenho medo de você. Eu te conheço Enrico.

Com um gemido rouco vindo do fundo da sua garganta ele puxou minha boca para si, invadindo-a com sua língua. Me derreti toda com esse beijo... Era disso que eu estava sentindo falta, de ser tomada, dessa paixão, do desejo primitivo...

Com dois puxões no decote minha camisola se partiu, deixando-me nua, exceto pela minúscula calcinha que Enrico tratou de tirar assim que se abaixou atrás de mim.
Ele afastou minhas pernas e eu tomei distância da parede bem a tempo de vê-lo lamber os lábios e se aproximar da minha intimidade.
Céus... Meus gemidos devem estar tão altos mas nenhum de nós parece se importar pois meu marido continua literalmente me devorando enquanto eu empurro pedindo cada vez mais.
Presa em uma névoa de prazer só notei que havia mudado de posição quando senti o colchão contra minhas costas. Enrico ainda estava completamente vestido se posicionando entre minhas pernas. Com agilidade sua calça foi aberta mas antes que pudesse fazer o próximo movimento um grito agudo rompeu pelo ar.

Ele saltou de onde estava ajeitando sua roupa e correu porta afora, enquanto eu precisei de mais alguns minutos até raciocinar e perceber que o barulho era um choro de bebê vindo da babá eletrônica que estava sobre o criado mudo. Isabella. Com toda gentileza na minha chegada, Enrico nem teve a decência de me mostrar sua filha e eu também não lembrei de procurá-la.
No fundo, imaginei que ele tivesse tirado todos de casa para ficar a sós comigo. Doce ilusão.

Levantei-me ainda meio atordoada, juntei o que sobrou da camisola e coberta pelo lençol corri até o meu quarto. Não tinha certeza se devia ir até eles, se devia ajudar, se precisavam de mim, ou se era melhor ficar em meu canto. Vesti um pijama, dessa vez calça e blusa e permaneci atenta a qualquer barulho ou movimento até que horas depois adormeci exausta.

                             ~~~

Um cheiro incrível de café recém passado perfuma o ar enquanto percorro o corredor até a copa. Lá conheço a cozinheira Francesca e meu segurança Marco. Os dois são muito simpáticos e receptivos, ele até demais para o meu gosto, mas se Enrico lhe confiou minha vida, deve ser um homem de sua confiança.

- Meu marido já tomou café?

- Sim senhora. O patrão acorda sempre muito cedo e já saiu para o trabalho.

Não fiquei totalmente surpresa em ser abandonada novamente, apesar de ter uma esperança depois de ontem de que talvez nós dois pudéssemos nos entender...

- Onde prefere que eu sirva o café senhora? Na sala? Na varanda ou no quarto...

- Vou comer aqui na cozinha mesmo.

- O que? Mas... Não é certo... Quer dizer, a senhora é a patroa...

- Não gosto de fazer as refeições sozinha. Quando meu marido não estiver em casa, pode servir-me aqui mesmo, assim nós duas conversamos.

O sorriso encantado que Francesca deu em resposta me emocionou. Parecia que eu tinha lhe dado o melhor dos presentes.

- Enquanto isso vou ver Isabella. Onde é o seu quarto? Há uma babá ou alguém com ela?

- É a última porta seguindo o corredor... E o patrão disse que... A senhora cuidaria da bebê...

- Eu? Ok... Vou vê-la então...

Caminhei lentamente... Mal sentia o chão sobre os pés... Cuidarei de Isabella... Sem babá... Sem ninguém... Sozinha... Eu que nunca fiz isso antes...

Vacilei com a mão na fechadura. Meus dedos tremiam quando abri a porta e entrei naquele quartinho saído direto de um conto de fadas. As paredes cobertas por um fino papel rosa claríssimo com desenhos de flores, borboletas, árvores, esquilos, unicórnios, passarinhos... Foi como entrar em um bosque encantado mas o que mais me fascinou foi a pequena criança adormecida no berço.

Seu rosto lindo e sereno encheu-me de um sentimento novo, que não soube distinguir ao certo mas que foi tão avassalador a ponto de formar um nó em minha garganta e fazer os olhos ficarem marejados.

Permaneci ali por muito tempo, admirando aquela obra perfeita até que sem aviso Isabella simplesmente abriu os olhos e me encarou. Ela mirou profundamente, assustei-me pensando que iria chorar mas sua reação me surpreendeu... Fui presenteada com um sorriso. Foi um leve movimento dos lábios mas que significou tudo pois seus olhinhos brilharam e neles li a mensagem que precisava. Daquele momento em diante nós duas ficaremos unidas para sempre.

Paixão MafiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora