Caminhando pelas ruas movimentadas de Seul tudo o que eu podia ouvir era o som de meu salto alto se chocando contra o chão, ignorando tudo o que não fosse interessante para mim, sento-me numa cadeira de uma loja de conveniência qualquer.
Observo atentamente todas as almas vagando, eram realmente estúpidas.
Analisando os desesperados, não deixo de pensar que mesmo mortos, ainda conseguiam dar trabalho para outra pessoa.
Rio ironicamente, eles com certeza eram um peso morto em minhas costas. Maldito seja o rei das divindades, quero poder matá-lo algum dia.
Os olho de cima a baixo, notando o quão inferiores eles eram e como pareciam tão idiotas achando que os humanos ouviriam suas perguntas.
Provavelmente achavam que ainda estavam vivos. Desprezível.
Levanto-me e arrumo meu vestido preto que apenas acentuava mais minha beleza, entro na loja de conveniência e passo reto fingindo não ouvir o atendente me lançando um 'boa noite'.
Passo pelas fileiras e pego um pirulito de morango, saindo logo em seguida sem pagar. O funcionário não me notaria agora mesmo.
Do lado de fora suspiro irritada ao ver que meu precioso tempo seria desperdiçado mais uma vez.
Vou mais perto deles e grito no meio da rua:
- Bando de mortos fedorentos! - ganho a atenção das almas perdidas e falo mais baixo. - Me sigam se quiserem renascer e ter mais uma vida de merda.
Coloco o doce na boca e saio sem nem me importar se estão ou não me seguindo. Se quiserem ficar aí como almas penadas, então já não é mais da minha conta.
Andando no meu próprio ritmo, posso sentir a presença da maioria deles atrás de mim, diria que uns sete. O resto continuou lá.
Bom, que pena né. Menos trabalho pra mim.
- Ei, garota. - a alma de uma senhora chega perto de mim, causando-me desgosto. - Poderia me ajudar?
Sua voz saia trêmula por conta da velhice e em seu rosto havia tantas rugas que era desgostoso de se ver.
Em sua cabeça tinha um ferimento grave que deve ter sido o motivo de sua morte.
A encaro com nojo, ela parecia esperar ansiosamente pela minha resposta.
- Não, agradeça que eu já estou te guiando até seu destino. - respondo friamente, mas a velha parecia não se importar.
Ela tentava alcançar meu ritmo que já estava acelerado.
- Por favor, é só um pedido. - implora enquanto levantava seu dedo indicador, dando ênfase no "um".
Tiro o doce de minha boca e respondo grosseiramente:
- Não encha meu saco, já estou sendo obrigada a fazer isso.
Ela pigarreia e mesmo assim insiste:
- Agora que eu morri, minha neta ficou sozinha, - percebi pelo meu olhar periférico que ela segurava suas lágrimas. - queria ter feito mais por ela. Minha neta é uma garota alegre e boa, tudo o que eu peço é que me ajude a fazê-la encontrar a caderneta de poupança que tem um dinheiro que guardei para a faculdade dela...
- Aposto que ela acharia sem precisar da minha intervenção. - jogo o palito do pirulito numa lixeira.
- Ela foi mandada pro orfanato Sunshine, ainda falta alguns meses pra ser maior de idade. - a mulher suspira. - Nossa casa foi vendida e ela levou suas coisas, mas como a caderneta estava escondida num lugar que só eu sabia, acabou ficando lá. Debaixo do tapete da sala.
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So Long | Han Jisung |
FanfictionKo Yurim é uma ceifadora há pelo menos quinhentos anos. Como punição por sua vida pecaminosa, sua única chance de reencarnar foi lhe dada pelo rei das divindades; a tarefa de guiar almas perdidas como forma de pagar a sua dívida. Sem estar viva nem...