|02| Cruel

2.2K 261 207
                                    

Eu não podia acreditar no que via. Mesmo Changbin sabendo sobre meu passado, como ele tem coragem de me designar como missão Han Jisung?

Eu nem sabia que ele havia reencarnado, e nem se ele já reencarnou mais vezes. A única coisa que sei, é que meu rancor continua o mesmo.

Não, talvez tenha só aumentado.

O garoto do outro lado da rua nem percebeu nossa presença, ele apenas recicla o lixo e entra de novo para sua casa.

- Por que, Bang Chan? - pergunto incrédula. - Isso só pode ser piada.

Bang Chan me olhava com pena, e isso apenas me irritava mais.

- Eu não sei, Yurim. Mas temos que acreditar que o rei tem seus motivos para isso.

O encaro furiosa e o prendo contra a parede, colocando meus braços o encurralando.

- Acreditar no seu rei? - questiono cínica. - O mesmo rei que me prendeu por décadas me fazendo guiar almas podres para poder reencarnarem? O mesmo rei que colocou uma linha do destino em mim e na pessoa que eu mais desprezo?

Bang Chan suspira. Eu poderia espancá-lo e mesmo assim a divindade não faria nada comigo.

Ele é bom demais pra isso. Apenas combate seres malignos, e eu não cheguei a ser um deles.

Ainda não.

- Entendo porque está indignada, Yurim. - rio sarcástica, indignada era pouco pro que eu estava sentindo. - Mas de verdade, confie no rei.

Seguro a gola de sua camisa de seda branca, lhe lançando um olhar matador. Logo o solto e me recomponho, agora tentando focar na missão.

- É a primeira reencarnação dele desde aquilo? - aproveito pra descobrir algo. - Já que é minha missão, tem que me dar os detalhes.

- Não é a primeira.

Reviro os olhos, o desgraçado ainda teve o prazer de viver mais vidas enquanto eu estava presa nessa pagando pelas coisas que fiz?

Por que ele pode viver novamente se seus pecados foram piores que o meu?

- Sei o que deve estar pensando, - Chan interrompe meus pensamentos. - mas não é uma coisa boa pra ele.

- Como não é? Vivendo novamente sem saber da desgraça que fez para os outros, isso me parece muito bom.

- Não é bem assim. Todas as suas vidas se resumiram à pobreza, miséria e desgraça. - o olho de canto de olho. - Não houve uma vida em que ele foi feliz, Jisung está apenas passando seus dias na tristeza e angústia. Cada pessoa paga de um jeito, só calhou da de vocês serem diferentes.

- Está falando sério? - fico desconfiada, mas ele balança a cabeça confirmando.

- Sabe que não mentiria pra você.

- É o mínimo que ele tem que passar. - dou alguns passos à frente, vendo melhor aquilo que ele chamava de casa e rio. - Então você mora nessa imundície, Han? Faz juz ao dono, deve ser tão podre por dentro como é por fora, igual a você. Apenas continue vivendo assim por mais uma eternidade e mesmo assim, não será o suficiente para mim.

Ficamos um tempo em silêncio e Chan me encara algumas vezes.

- Tem uma coisa que o rei não te falou. - levanto as sobrancelhas, quase sem conseguir disfarçar minha curiosidade. - Ele te falou que sentiram uma aura maligna perto de Jisung. Mas acontece que não foi só nessa vida.

- O quê? - fico boquiaberta.

- Parece que em todas as reencarnações dele, havia uma aura maligna o rodeando. Mas nunca soubemos da onde vinha e quem poderia ser, porém, começamos a suspeitar de Kud porque não é qualquer divindade que consiga esconder da onde está vindo sua presença.

So Long | Han Jisung |Onde histórias criam vida. Descubra agora