Caminho apressada pelo meu quarto até chegar no espelho. Eu encaro meu reflexo, arrumando os últimos fios de cabelo para que ficassem bem alinhados.
A única trança se estendia até a metade das minhas costas e faltava apenas a fita azul para que estivesse completa.
— Encontrei a fita, senhorita Yurim! - Jang se aproxima sorrindo enquanto a prende no final do meu cabelo. — Está belíssima como sempre, e esse hanbok azul claro parece que foi feito pra senhorita, os detalhes prateados realçam muito sua beleza.
— Obrigada, Jang. - respondo sorrindo.
— E como será seu dia hoje?
— Ora, como sempre. - digo rindo junto dela. — A fila já deve ter começado a se formar.
Saimos do meu quarto e atravessamos a extensa casa, passando pelo jardim e indo em direção a outra casa de madeira mais simples que meu pai havia mandado construir para mim.
Ao chegar perto algumas pessoas se curvam e eu os cumprimento, adentrando o cômodo.
— Jang, pode chamá-las um por um, por favor. Vou separando os medicamentos. - peço e ela obedece.
Aos poucos eles entram e eu distribuo algumas ervas e remédios que eu mesma fiz, em outros ajudava a fazer curativos já que a maioria trabalhava com coisas pesadas e que tinham grande chances de machucá-los.
— E como está a perna da senhora? - pergunto para a mais velha que sempre vinha desde que se machucou.
— Por favor, não me chame de senhora. - ela ri sem graça. — Sou uma plebéia, a senhorita não precisa me chamar assim.
A encaro fingindo estar brava.
— A senhora é uma pessoa como todas as outras. - sorrio e ela faz o mesmo. — Mas agora vamos cuidar dessa perna, parece que está bem melhor.
O tempo passava e a manhã se tornou de tarde, me fazendo fechar a casa. Olho para o céu que estava limpo, é uma boa hora pra buscar mais ervas.
Rapidamente entro e me troco, colocando uma roupa mais simples. Pego minha cesta e saio do quarto, sendo acompanhada por Jang.
— Nos separamos aqui. - digo ao chegar na entrada da floresta.
— Não posso deixar a senhorita sozinha. - ela avisa de cabeça abaixada.
— Jang, olhe pra mim quando estivermos conversando. - peço, essa ideia de abaixarem a cabeça por causa de um nobre não me agradava. — Sempre fizemos isso, não é mesmo?
— Sim, mas…
— Sem "mas"! Conheço essa floresta como ninguém, e eu apreciaria muito se eu chegasse em casa e tivesse aquele seu arroz que só você sabe fazer! - entrelaço meu braço no dela, encarando-a com um olhar pidão.
Ela ri e balança a cabeça.
— O que eu não faço pela senhorita?
Dou alguns pulinhos comemorando e a abraço, me despedindo dela em seguida.
Entro na floresta caminhando com cuidado pra não acontecer nenhum acidente. Vou colhendo algumas plantas e ervas que eu usaria para fazer mais remédios.
Minhas mãos já estavam sujas de terra e se meus pais vissem isso, entrariam em colapso com certeza.
Encaro novamente o céu, a lua já aparecia apesar de ainda estar claro. Sorrio só de pensar nas milhares de estrelas que ocupariam esse extenso véu azul.
Ao descer a floresta começo a correr. E novamente se meus pais me vissem assim, desmaiariam.
Vou pelos fundos da enorme casa e sorrateiramente entro pelo pequeno portão usado pelos que trabalhavam aqui. Meu quarto estava escuro, acendo uma vela e tomo um susto com o homem sentado em minha almofada no chão.
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So Long | Han Jisung |
FanfictionKo Yurim é uma ceifadora há pelo menos quinhentos anos. Como punição por sua vida pecaminosa, sua única chance de reencarnar foi lhe dada pelo rei das divindades; a tarefa de guiar almas perdidas como forma de pagar a sua dívida. Sem estar viva nem...