A disputa de testosterona

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Midoriya

A pior parte de sair correndo era saber que ele teria que voltar.

Tinha passado quinze minutos desde que deixara Tsuyu-chan no refeitório, faltava pouco mais de vinte minutos para que o horário de almoço terminasse e Midoriya tivesse que ir novamente para a sala de aula. Ele não sabia como conseguiria encarar Todoroki de novo.

Ele nem sabia direito porque tinha fugido. Ficou tão nervoso com a aproximação do bicolor... sua mente ficou vazia e cheia ao mesmo tempo e seu coração começou a bater muito mais rápido. Ele não queria descobrir porque o jogador tinha esse efeito sobre ele. Então disse que precisava ir logo depois de pedir para conversar.

Todoroki devia pensar que ele era bipolar ou idiota, e Midoriya não sabia qual das duas opções era a pior.

O quê tinha sentido naquele momento devia ser receio. Pensando bem, qualquer pessoa ficaria meio pirada em conversar com alguém como Todoroki. O cara era o ídolo da escola, todos o admiravam pela sua beleza, pelo seu talento no basquete ou pela sua inteligência. E, como se não bastasse, ainda era o herdeiro de um dos maiores conglomerados de empresas do Japão.

Talvez até já tivesse se acostumado com as pessoas agindo estranho ao redor dele. Izuku devia ser só mais um. Mas, de alguma forma, esse raciocínio não o confortava.

A despeito disso, todos os pensamentos voaram para fora da cabeça de Izuku quando ele viu quem estava encostado na parede perto da entrada do refeitório.

A visão de Bakugou não podia ser descrita de outra forma, que não, impactante. Ele parecia exercer certa gravidade sobre o que estava ao seu redor. Izuku achava impossível que chegasse um dia em que ele não notasse Bakugou imediatamente onde quer que eles estivessem.

— O-oi Katchan. — Ele sempre gaguejava quando conversada com Bakugou. — Está tudo bem?

O que Midoriya recebeu como resposta foi um olhar de raiva.

— Eu já te disse várias vezes pra não me chamar assim. E não é da sua conta se eu estou bem.

Midoriya sabia o que deveria fazer. Que devia entrar no refeitório e procurar Tsuyu-chan, ou simplesmente sair dali, até mesmo voltar para a sala de aula seria melhor do que continuar conversando com Bakugou. Mas a mente de Izuku não estava mais no controle de seu corpo, por isso ele deu mais um passo na direção do loiro e continuou falando.

— De-desculpe Katch... ehh, Bakugou. Eu não tinha a intenção de incomodar. Midoriya, há muito tempo desistira de preservar qualquer dignidade quando conversava com Bakugou. — huh, Você já comeu?

— Não. — Bakugou agora olhava para as próprias unhas, ignorando Izuko deliberadamente.

— Por que não se junta a mim? E-eu também não tive tempo de comer ainda, posso te pagar um almoço. — Como costumam dizer "a esperança é a última que morre".

Bakugou voltou a olhar pra ele, ainda com raiva, mas pelo menos estava avaliando.

— Bakugou! — Todoroki se aproximava e não parecia estar de bom humor, novamente com aquela máscara de príncipe de gelo que ele costumava usar — Encontre-se comigo na mesa do time, eu preciso falar com você sobre a nova jogada. — Ele nem esperou pela resposta de Bakugou e simplesmente continuou andando, como se não tivesse a menor dúvida de que seria atendido.

Bakugou olhou para as costas de Todoroki com ódio marcando a expressão, mas o seguiu para dentro do refeitório deixando Izuku parado sozinho do lado de fora.

O restante do dia correu sem mais comoção.

Midoriya almoçou sozinho e quando voltou para a classe, ignorou Todoroki categoricamente. Ele não queria ter que lidar com a confusão que tinha se tornado mais cedo por conta da aproximação do ruivo, ao menos, não por hoje.

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