O do refeitório

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Todoroki

Como Izuku continuou sem reação, Shoto segurou o braço dele para guiá-lo até a cantina.

Aquilo daria ainda mais motivos para fofoca, mas não foi só por isso que ele o fez. A verdade era que não conseguia deixar de tocá-lo a cada oportunidade que surgia. O mesmo tinha acontecido mais cedo quando se virou na carteira e viu Izuku olhando pra ele, tinha sentido verdadeira necessidade de tocar no anjinho e quando colocou a mão naquele cabelo macio... poderia ter ficado acarinhando-o pelo resto do dia sem se cansar.

Quando eles chegaram à cantina, Izuku parecia ter se recuperado o suficiente para pegar o próprio almoço. Shoto esperou que ele pegasse o que quisesse, encheu a própria bandeja e seguiu para uma mesa vazia, então esperou Izuku se sentar e acomodou-se a seu lado, com o tronco meio virado na direção dele.

— Sinto que todos estão olhando para nós. — O anjinho parecia realmente preocupado com o que acontecia. E por um momento Shoto se questionou se estava agindo da melhor forma.

— Não se preocupe Izuku, eles fazem isso toda vez que faço algo diferente, você se acostuma. — Ele realmente esperava que o pequeno pudesse se acostumar já que pretendia passar muito tempo com ele. — Talvez melhore se você fingir que somos só nos dois.

Izuku olhava de um lado para o outro do refeitório, e Shoto percebeu que as mãos dele começavam a tremer.

— Olhe apenas para mim. — Shoto segurou o queixo de Izuku e virou o rosto dele para si, eles ficaram encarando um ao outro por alguns segundos e de alguma forma isso pareceu funcionar. O desespero tinha sumido dos olhos verdes, apesar de ainda restar um pouco de nervosismo. — Assim é melhor. — Shoto sorriu. Sentia vontade de sorrir sempre que estava com Izuku.

— Obrigado por me acalmar, eu não gosto muito de chamar atenção. — Shoto sentiu-se estranhamente feliz pela gratidão de Izuku, como se algo morno e confortável envolvesse seu peito.

— Tudo bem, as vezes pode ser bastante incômodo. — Ele começou a comer sem se virar para a mesa. Atrás de Izuku podia ver várias pessoas olhando pra eles e cochichando, algumas estavam até boquiabertas. Parece que o que tinha acontecido na classe já havia se espalhado.

Shoto começara a repensar sua conduta. Ele sabia que o quê tinha feito o ajudaria a ter o nerd para si, mas agora percebia que talvez não valesse a pena se isso deixasse Izuku infeliz ou desconfortável. Nunca tinha se sentido tão inseguro pelas próprias ações antes, também era a primeira vez que se importava tanto com os sentimentos de outra pessoa.

Izuku assentiu e bebeu um gole de suco, Shoto ainda estava prestando atenção no movimento da garganta dele, quando o ouviu falar.

— Sobre o grupo de estudos... — Disse o nerd, como se tivesse encontrado um bote salva-vidas em um naufrágio — O que você acha que devemos fazer?

Shoto se forçou a pensar na pergunta ao invés de pensar na boca de Izuku.

— Se não for um problema pra você, acredito que o melhor seria nos juntarmos para estudar depois das aulas. — Izuku começou a murmurar alguns números, como se fazendo cálculos mentais enquanto olhava para a mesa, depois assentiu.

— Concordo. Se fizermos isso durante a semana, ainda teremos o fim de semana livre pra cuidar de nossos próprios estudos. — Ele se virou novamente para Shoto e seus joelhos se tocaram. Izuku hesitou por um segundo antes de continuar — Se estiver de acordo, acho que podemos começar amanhã. — Shoto aproveitou o contato e se endireitou no banco, de forma que seus ombros também se tocassem, era um esforço não colocar o braço ao redor de Izuku. A respiração do pequeno se acelerou, mas não se afastou. Shoto sorriu de novo.

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