Antigas feridas são reabertas

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Midoriya

Abriu a geladeira pela sétima vez na última hora e olhou desconfiado para o mousse de chocolate. Será que a consistência ficaria boa a tempo?

— Izuku eu juro que se você abrir essa geladeira mais uma vez sem necessidade, eu te tranco aí dentro e só tiro na hora de te mandar de volta pra escola. — Notando a determinação na voz da mãe, ele rapidamente tratou de se encaminhar para o outro lado da cozinha construída no estilo americano.

Inko estava terminando de colocar o almoço na pequena mesa retangular, o cheiro tentador rescendia no ambiente. Sua mãe era uma cozinheira de mão cheia e ele era muito feliz por isso. Só esperava que a sobremesa que tinha preparado estivesse a altura da refeição.

— Você está muito ansioso filho. Deve gostar bastante desse menino, não é? — Izuku se esforçou para não corar. Ele tinha plena consciência de que a mãe estava jogando verde, mas não cairia nessa.

Desde que Izuku se assumira gay a Srª Midoriya passou a supor que qualquer garoto que ele sequer olhasse era um namorado em potencial, a mulher devia estar exercendo muito autocontrole naquele momento pra ainda não ter enchido Izuku de perguntas. Ele não podia deixá-la perceber que existia algo entre ele e Shoto ou não teria paz.

— Claro, ele é um ótimo amigo. Também é muito popular na escola então quero deixar uma boa impressão. — Procurou fazer sua voz soar o mais desinteressada possível.

— Hum... — Ela claramente não estava satisfeita com aquela resposta. — Se é popular, deve ser bonito ou no mínimo bastante carismático. Ele é hétero?

— Ehhh... — Começou a pegar os talheres para não ter que encarar o olhar da mãe. — Eu não perguntaria algo assim mãe, só o conheço a uma semana praticamente, mas sei de umas meninas que ele já namorou. — Tecnicamente não era mentira.

Izuku viu a mãe tomando fôlego para, com toda a certeza, continuar com o interrogatório constrangedor, mas o universo deveria estar olhando por ele pois a campainha tocou bem nesse momento. Sem perder um segundo largou o restante dos talheres na mesa e correu para a porta.

Todoroki

A casa dos Midoriya era simples e encantadora. Tinha um pequeno jardim de flores na frente, com o muro baixo e fachada em cor creme, recoberta por telhas laranjas. Ele se afeiçoou imediatamente ao lugar.

Levou a mão a campainha e esperou apenas alguns segundos antes de ver um Izuku radiante abrindo a porta.

Os cabelos caiam desordenados destacando os grandes olhos verdes, e as bochechas salpicadas de sardas davam um ar de pureza ao rosto, mas os lábios sensuais convidando pensamentos perversos.

A aparência de Izuku fazia a palavra "lindo" parecer supérflua e insossa. Shoto sorriu.

— Oi Izu-chan. — Ele se inclinou para dar um selinho no pequeno, que não o impediu, mas se apressou logo em falar.

— Shoto! Cuidado, minha mãe não pode saber que já nos beijamos. — Izuku abriu espaço para que ele adentrasse a sala de estar.

— Ela não sabe que você é gay? — Aquilo o surpreendeu, pensou que Izuku fosse aberto com a família em relação a isso. Ele mesmo não tinha falado nada pra seu pai, mas somente porque não se importava em dar satisfação a Endeavor.

— Não é isso. — Izuku começou a caminhar devagar na sua frente, indicando o caminho para a cozinha. — Não quero que ela saiba, porque minha mãe não tem muita noção de privacidade e vai querer se intrometer na minha vida, pra variar, caso se empolgue com a ideia.

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