Mina girou a garrafa.
Izuku precisava pensar em algum jeito de interromper aquela brincadeira sem entregar o jogo. Precisava pensar em alguma coisa. Alguma coisa. Qualquer coisa. Qualquer coisa...
Sentiu uma mão calorosa cobrindo a sua. Shoto e ele estavam tão próximos que ninguém perceberia o toque escondido no lugar mal iluminado. Ficou tão emocionado por estar perto do bicolor que seus pensamentos se acalmaram de uma vez. Se não tomasse cuidado, acabaria chorando de alívio. Respirou fundo enquanto via a garrafa parando lentamente e apontando para Ochaco.
Certo. Não havia necessidade para desespero. Tinha muita gente ali. Era possível que a vez de Monoma nem chegasse.
Viu quando Ochaco olhou rapidamente para o menino que estava ao seu lado e se virou para Tsuyu com as bochechas coradas. Tsuyu não se afastou quando a morena se aproximou dela devagar e deixou um selinho mais demorado do que Izuku teria considerado necessário para uma brincadeira. As duas garotas se viraram para frente de novo após o beijo e ambas olharam para o chão, claramente envergonhadas.
Sob os incentivos de Mina, Ochaco fez que a garrafa girasse mais uma vez.
Se parasse em Monoma, Izuku teria que encontrar um jeito de interromper. Poderia dizer que Shoto estava com herpes na boca, ou nocautear Monoma sem que ninguém percebesse, ou dar um jeito de ativar o alarme de incêndio...
Se o prédio começasse a pegar fogo, eles teriam que parar o jogo. Certo?
A garrafa apontou para Kirishima. Ele estava entre Mina e Bakugou. Como se soubesse muito bem o que estava fazendo, o ruivo puxou Bakugou pela nuca e deu um selinho rápido nos lábios dele. Houve um arfar coletivo e os olhos de Bakugou se tornaram tão arregalados que Izuku imaginou que poderiam ter saltado de seu rosto se ele tivesse ficado um pouquinho mais surpreso. Ele olhou para o ruivo sem conseguir dizer nada realmente e Kirishima quebrou o silêncio dando de ombros.
— O quê? Eu sou gay. Não quero beijar uma garota.
Isso pareceu despertar Tsuyu da quietude constrangida em que ela tinha ficado depois de seu beijo com Ochaco, pois a esverdeada caiu na gargalhada imediatamente após a fala de Kirishima, levando quase todos os outros a rirem da expressão perdida de Bakugou, que continuou sem reação.
— Ok, Kiribaby, Nós todos sabemos que você é muito gay — Mina falou divertida, mas não sem pressa — Agora, gire logo essa garrafa, vai!
O tormento de Izuku recomeçou. Imaginou se Shoto se sentiria obrigado a deixar que Monoma o beijasse se a garrafa parasse no loiro. Só em pensar nisso o sangue lhe subiu à cabeça e ficou irritado.
Soube que já não importava o que tivesse que fazer, Izuku não deixaria aquele infeliz tocar em mais nenhum fio de cabelo do seu Shoto. Nada valeria a pena se tivessem que seguir por um caminho tão hediondo. Não deixaria que Shoto passasse por isso. Não o trataria como uma moeda de troca. Afastaria Monoma na base da porrada se fosse necessário.
O giro da garrafa foi ficando cada vez mais lento enquanto a ponta se direcionava cada vez mais para onde estava o seu pior pesadelo. Izuku arrumou a postura e respirou fundo. Estava chegando a hora de agir.
Mas, quando garrafa parou, ouviu Mina gritando:
— Todoroki!
A garrafa estava apontando para Shoto. Izuku não tinha se preparado mentalmente para aquela possibilidade. O que ele deveria fazer? Não faria mais sentido atacar Monoma com murros e chutes, 'pensou confuso e, talvez, só um pouquinho decepcionado.
Enquanto ainda tentava compreender a situação com o limitado raciocínio ao qual tinha sido submetido ultimamente, viu que Monoma se virava para Shoto, claramente esperando que este o beijasse. Izuku sentiu a indignação tomar conta do seu ser e seu corpo acabou agindo mais rápido que a mente quando Izuku fez com Shoto um movimento muito parecido com o que Kirishima tinha feito com Bakugou e trouxe os lábios dele para os seus.
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Fixação
Fanfiction"Que ficasse bem claro: Shoto Todoroki não estava mais disponível e se alguém tinha interesse em Izuku Midoriya teria que rivalizar com ele"