Senhora Midoriya ataca

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Ele se dirigiu ao banheiro assim que o jogador foi embora. Era uma pena ter que se desfazer o cheiro amadeirado com um toque de morango que agora cobria seu corpo e suas roupas. O cheiro de Shoto, inebriante e único, assim como ele.

Izuku não sabia quando tinha passado a gostar tanto daquele aroma, ou sequer quando começou a percebê-lo, mas tinha passado tanto tempo com o jogador que acabou se tornando familiar e ele sabia que sentiria falta quando não pudesse mais senti-lo.

Contudo, não tinha escolha, realmente precisava de um banho. Estava com a roupa de baixo toda melada e havia resquícios da saliva de Shoto em todo seu pescoço e provavelmente em outras partes do corpo também. Se enfiou no chuveiro e levou a mão ao ombro onde tinha uma marca de mordida.

Quem diria que o príncipe de gelo poderia ser tão quente!?

Ao pensar no quanto o jogador tinha gargalhado naquela tarde, sempre provocando e procurando as desculpas mais absurdas para que o nerd o beijasse, Izuku sentiu um sorriso repuxando em sua boca. Ninguém que ele conhecia sequer imaginava que por trás daquela fachada de gelo existia uma personalidade tão calorosa e encantadora.

Shoto tinha se aberto apenas pra ele. Apenas pra ele tinha mostrado seu lado fofo, vulnerável, ansioso, alegre, brincalhão e até mesmo manhoso. Isso o fez se sentir especial, privilegiado. Ele queria retribuir aquele presente divino, porque no fim, era isso. Entrar no mundo de Shoto Todoroki era uma dádiva.

Nunca tinha experimentado nada parecido com os momentos que vivia com seu príncipe de gelo.

Se perguntou se era o mesmo para o jogador, mas então se lembrou que Shoto já tivera vários relacionamentos antes dele, com garotas que fariam Izuku parecer pouco mais que uma ameba verde.

De repente ele teve vontade de apagar a existência de cada uma delas do planeta, pra não ter que dividir seu Shoto "secreto" com ninguém mais.

Que bobagem! Se fosse racional se conformaria que, apesar de estar vivendo essas experiências incríveis pela primeira vez, pra Shoto isso não era novidade e nem raridade. O problema é que não conseguia ser racional. Não conseguia parar de pensar e sentir que o quê eles tinham era único. Mas, muito provavelmente, isso era apenas sua inexperiência e trouxisse inata falando.

Para ser justo não tinha o direito de querer ser especial na vida do jogador, pois mesmo que ele fosse o primeiro e único para Izuku de várias formas, não foi o primeiro em seu coração.

Quando Shoto chegou ele já amava alguém. Seu primeiro amor. E esse sentimento esteve com ele por tanto tempo e tão constantemente que passou a fazer parte de sua vida, de seus pensamentos e do seu ser, quase como um traço de sua personalidade.

Izuku nunca tinha conseguido realmente acreditar que poderia deixar de amar Bakugou. No fundo ele sabia que deveria ter acabado com isso a muito tempo, que deveria acabar com isso agora mesmo, mas não fazia ideia de por onde começar.

Como aquelas especulações claramente não o estavam levando a lugar algum, resolveu se concentrar em coisas mais tangíveis. Ainda precisava ter uma conversa muito séria com a mãe.

— Quero conversar com a senhora. — Ele se aproximou da linda mulher de cabelos verdes, que estava sentada no sofá da sala de estar com um notebook no colo e se acomodou em uma poltrona próxima a ela.

— Eu já imagino sobre o que é. — Sua mãe olhou seriamente pra ele enquanto fechava o notebook e o colocava de lado. Ela tomou uma respiração profunda antes de falar novamente. — Vamos lá. Pode perguntar filho.

Ele não imaginou que a mãe estaria esperando pela conversa. Mas também, ela deveria saber que Izuku não ia deixá-la constranger Shoto e ficar por isso mesmo. Não estava acostumado a discutir com a mãe, mas precisava impor alguns limites.

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