Primeiro beijo

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Izuku

Levou todo o caminho até a sala para ele criar coragem suficiente para perguntar, mas ainda não conseguia fazer isso olhando para o rosto de Shoto. Era muito embaraçoso. Então caminhou até a janela e olhou para o gramado do lado de fora.

— O quê você realmente quer comigo? — Izuku continuava fitando a paisagem do outro lado da janela, mas podia sentir os olhos de Todoroki nele.

— Como assim? — Havia tensão na pergunta.

— Você tem me tratado de forma diferente do que faz com as outras pessoas. Não quê eu esteja achando ruim, mas isso pode acabar passando a ideia errada, sabe. — Ele respirou fundo se preparando para a parte mais difícil — mais cedo uma amiga me disse que você gostava de mim de uma forma romântica, eu disse à ela que você só estava sendo amigável, mas em alguns momentos... não tenho tanta certeza.

Izuku engoliu em seco olhando para as próprias mãos apoiadas no batente da janela, sem coragem para levantar o rosto. Ele ouviu Shoto se aproximando e tentou se acalmar.

Todoroki parou ao seu lado, levou a mão ao queixo de Izuku e o levantou carinhosamente até que estivessem se olhando nos olhos.

— E qual das opções você preferiria que fosse a verdade? — Todoroki não deixou transparecer o que estava pensando.

Izuku tentou desviar o olhar, mas o jogador ainda segurava seu rosto.

— Eu... já existe alguém de quem eu goste e...

— Você está falando do Bakugou. — Shoto o interrompeu, e Midoriya achou que poderia ter visto um lampejo de ódio no olhar do jogador, mas sumiu antes que ele tivesse certeza.

Não havia sentido em negar, por mais patético que fosse admitir, ele assentiu.

— Vocês não estão namorando e parece que ele não gosta muito de você. — Izuku sentiu cada palavra como um soco, mas não podia culpar Todoroki por dizer a verdade.

— Eu sei, ele não gosta. Mas... ainda assim, eu não poderia entrar em um relacionamento quando ainda gosto dele e tenho esperanças...

— Eu não estou te pedindo em namoro Izuku.

Midoriya percebeu que Shoto ainda não tinha respondido sua pergunta. Estava fazendo papel de idiota.

— Eu sei, eu sei. Claro. Você nunca se interessaria por alguém como eu. Eu não devia ter dito essas coisas. — Izuku queria enfiar a cabeça em um buraco, sentia-se grato por Shoto não ter começado a rir dele.

— Izuku, eu gosto de você. — Todoroki continuava sério e finalmente soltou o queixo do nerd. — Ainda estou confuso em relação aos meus sentimentos. Mas eu sei que te desejo. — Ele deu um passo para mais perto de Midoriya. — Eu só preciso que me responda uma coisa.

Havia vinte centímetros entre eles, o nerd precisou inclinar a cabeça para cima de novo. O cheiro de Todoroki o envolveu e ele se sentiu meio etéreo ao olhar aqueles olhos dispares tão de perto, seu coração batia rápido o suficiente para deixá-lo preocupado.

— O quê? — Sua voz saiu tão baixa que ele não conseguiu ouvir. Mas Todoroki entendeu, ele estava prestando total atenção em Izuku, teria visto as palavras em seus lábios se fosse preciso.

— Eu vou me afastar se você quiser. — Izuku pôde perceber pela forma como disse, que Shoto não queria fazer isso. — Mas primeiro me diga: existe a chance de que, em algum momento, você possa gostar de mim?

Pela primeira vez desde que eles tinham começado aquela conversa Izuku pôde ver uma verdadeira emoção no rosto de Todoroki. Ansiedade. Ele estava ansioso pela resposta do nerd. Como se as próximas palavras importassem tanto a ponto de fazê-lo esquecer o controle sobre a expressão.

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