Vou guardar meu bebê Sho num potinho

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Todoroki

Shoto quase deixou a farinha cair quando a retirou do armário de tão distraído que estava, por sorte conseguiu recuperar o pacote antes que ele atingisse o chão.

Ajudava Inko a preparar o café da manhã e ela tinha decidido que comeriam panquecas. Izuku ainda estava no andar de cima arrumando o quarto e provavelmente tomando um banho já que ele acordou um pouco mais tarde.

Eles haviam passado a noite inteira abraçados, como se já sentissem saudade pelo afastamento que viria. Não fizeram nada mais "divertido" por conta da promessa que Shoto fez à Senhora Midoriya, mas ainda assim os momentos nos braços do anjinho foram inexplicáveis de tão bons. Nunca pesou que fosse gostar de ficar com alguém desse jeito. Nunca se imaginou como esse tipo de pessoa, mas mal podia esperar para abraçar Izuku de novo. Se achava o adolescente mais bobo e sortudo do mundo.

Eles tinham decidido que precisariam ficar longe em público, mas dariam um jeito de se encontrarem quando não houvesse ninguém por perto. Shoto ficou muito aliviado em saber que Izuku também não estava gostando dessa separação, mesmo que fosse para se aproximar de Bakugou, o qual, Shoto não tinha ilusões, ainda era muito importante para o anjinho.

Mas não era só isso que estava ocupando sua mente. Essa manhã recebeu a uma mensagem de seu avô dizendo que já tinha em mãos o material que ele queria e pedindo para encontrá-lo para jantar naquele mesmo dia.

Quis acordar Izuku e contar para ele na mesma hora, mas agora não tinha mais tanta certeza. Se o esverdeado soubesse, provavelmente tentaria para convencê-lo a levá-lo junto e Shoto não saberia recusar, mas ainda se sentia inseguro em contar pra ele sobre a mãe e consequentemente, todas as merdas de sua vida.

Não sabia exatamente o que seu avô queria falar sobre ela, mas qualquer tópico relacionado a Rei era um assunto sensível para Shoto e ele sabia que provavelmente acabariam tocando em um tema desagradável, considerando se tratar de sua família, e não seria justo deixar Izuku no escuro ou obrigá-lo a descobrir os absurdos na hora.

— Está tudo bem, querido? — A voz preocupada de Inko o arrancou de seus pensamentos. Tinha ficado vários segundos encarando o pacote de farinha que segurava, era óbvio que não estava bem. Depois de ponderar um pouco decidiu se abrir com ela. De uma forma inexplicável, tinha passado a confiar muito rapidamente em Inko e além de tudo ela já tinha conhecido sua mãe. Talvez tivesse um bom conselho para dar.

— Eu vou encontrar com o pai da Rei hoje à noite. — Disse, se virando para a mulher que arregalou levemente os olhos. Shoto percebeu que ela estava se segurando para não interrogá-lo e apreciou isso. — Ele quer conversar sobre a minha mãe, mas eu não sei o quê.

— Então é esse o motivo da sua distração... — Embora não fosse uma pergunta, o bicolor assentiu. — Sabe Shoto, apesar da maneira que agi da última vez que você esteve aqui, não acho que você deva discutir sobre a sua mãe a menos que queira e se apenas a possibilidade de falar sobre ela mais tarde o faz ficar tão desligado e confuso, talvez seja melhor recusar por enquanto.

— Eu não estou confuso se quero ter a conversa, com isso já me conformei. É só que... — Shoto levou uma mão a nuca, envergonhado. — Não sei se devo contar para o Izuku. Se eu falar ele vai querer ir e então ele vai ficar sabendo de todas as merdas da Rei e...

Mesmo enquanto dizia todas aquelas desculpas Shoto já sabia o que queria fazer, estava buscando mais encorajamento do que uma opinião de fato. E Inko devia ter percebido pois sorriu docemente para ele, muito parecido com a forma que Izuku fazia, e escorou os cotovelos no balcão enquanto o olhava.

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