Midoriya
— Então, vamos começar. — A voz do Sr. Tanjuro afugentou os pensamentos da cabeça de Izuku. — Eu preferiria discutir isso com a sua mãe, mas como ela não pode ser encontrada, terá que ser você. — As próximas palavras não pareceram vir tão facilmente a ele. — Sua avó não está bem ultimamente. Os médicos temem que ela não tenha muito tempo de vida restante e ela colocou na cabeça que não iria em paz se deixasse as coisas mal resolvidas com a filha e os netos. — Ele respirou fundo antes de continuar. — Então ela me convenceu a pedir desculpas pelo que fiz há 17 anos.
Ninguém mais se pronunciou e um silêncio desconfortável tomou conta do ambiente. Shoto não parecia ter notado que o avô esperava por uma resposta dele. Assim, depois de alguns segundos, o Sr. Tanjurou falou novamente:
— Você poderia me perdoar, Shoto?
Ele não se mostrava exatamente como alguém que buscava redenção, mas suas palavras não pareciam falsas. Izuku se sentia deslocado por presenciar aquela cena, mas isso já era esperado, tendo em conta que originalmente aquela deveria ser uma conversa particular sobre um assunto que não lhe dizia respeito.
— Eu não posso te perdoar quando nem sei do que está falando. — Foi tudo o que o bicolor respondeu, com a mesma postura fria que tinha assumido desde que chegaram ao restaurante.
O Sr. Tanjurou arqueou levemente as sobrancelhas, o único indício de surpresa que deixou passar.
— Você sempre evitou qualquer contato com sua família materna, então presumi que sua mãe tivesse contado a você sobre isso em algum momento antes de sumir.
— Na verdade tudo o que já ouvi da Rei sobre a própria família é que você é bastante parecido com o meu pai na sua forma de ver o mundo e que ela não poderia suportar os dois. Não posso discordar. Ter um de você na minha vida é mais que o suficiente. Mas como já estamos aqui, vamos aproveitar a viajem. Se desculpe apropriadamente contando do que se arrepende tanto, e talvez eu realmente possa te ajudar no final das contas.
Izuku tinha a impressão de estar assistindo a uma briga de facas. Nenhum dos dois estava disposto a facilitar para o outro, mas o Sr. Tanjuro cedeu primeiro. Ele deveria se importar muito com a esposa, apesar de parecer tão intocável. Talvez fosse uma característica de família esconder-se tão bem atrás de uma fachada de pedra, considerando que neste momento Shoto não parecia nada com o garoto provocante e manhoso com o qual Izuku estava acostumado.
— Resumidamente, alguns anos depois que sua irmã nasceu eu fui até sua mãe com um contrato de compromisso futuro para Fuyumi. Naquela época eu acreditava estar pensando no melhor para sua irmã e para a família. — Disse com naturalidade. — Sua mãe odiou aquilo. Ela não estava satisfeita com o próprio casamento e alegou que nunca deixaria a filha passar pela mesma coisa. Eu continuei insistindo. Achei que ela só não conseguia fazer o casamento dar certo por não ser capaz de desapegar do passado. Eu desrespeitei os limites que ela impôs e tentei cuidar do negócio eu mesmo, mas ela não deixou acontecer e prometeu que passaria dados sigilosos das empresas da família para a concorrência se eu não as deixasse em paz. Cortamos laços depois disso.
Mesmo a voz imparcial mostrou um pouco da vergonha que o Sr. Tanjuiro sentia. Izuku só não sabia dizer se ele sentia vergonha pelo que tinha feito ou por ter sido impedido pela filha. A cada momento que passava se impressionava ainda mais com o fato de alguém como Shoto ter vindo de uma família como aquela.
— Rei realmente estava falando a verdade sobre você, afinal. Mas se é esse o caso eu não entendo porque veio falar comigo. Minha mãe está fora de questão, contudo, seria mais apropriado que se desculpasse com minha irmã ao invés de mim.
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Fixação
Fanfiction"Que ficasse bem claro: Shoto Todoroki não estava mais disponível e se alguém tinha interesse em Izuku Midoriya teria que rivalizar com ele"