Bakugou agindo que nem gente

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As aulas de segunda-feira mal tinham chegado à metade e Izuku já estava se sentindo solitário.

Esse era o primeiro dia em que teria que ficar separado de Shoto. Não tinha nem dado tempo de sentir falta do bicolor ainda, considerando que tinham ficados grudados até o dia anterior. Mas, saber que teriam que agir assim por tempo indeterminado fazia cada minuto contar.

Estava muito preocupado com Shoto. Depois que voltaram para casa do encontro com o Sr. Tanjuro, Izuku tinha tentado falar com ele novamente sobre ele continuar vivendo com pai, mas o bicolor dispensou o assunto.

Surpreendentemente, ele não tinha ficado abalado com o rumo da conversa com o avô, então Izuku acabou deixando essas questões sérias de lado para que pudessem aproveitar um pouco mais a companhia um do outro antes de Inko levar Shoto para a casa dele.

Naquele momento estava sentado no refeitório com Bakugou, já fazia quase dois minutos e nenhum dos dois tinha falado nada. Mas esse não era o silêncio confortável em que as vezes ficava com o bicolor. A falta de conversa se mostrava incrivelmente incômoda.

O ex amigo de infância de Izuku, estava fazendo um bom trabalho em fingir proximidade. Quando chegou à sala, Bakugou até mesmo o tinha cumprimentado com um sorriso de lábios fechados. Também estava se mostrando civilizado e atencioso. Para quem estava de fora, eles pareciam estar começando uma amizade, mas o nerd conseguia perceber que Bakugou, assim como ele próprio, não estava exatamente confortável com a situação.

Agora, por exemplo, nenhum dos dois se mostrou capaz de encontrar um tópico para iniciar uma conversa, persistindo no silêncio indesejado.

— Ehh, como foi seu fim de semana?

Izuku quase suspirou de alívio quando ouviu a pergunta do outro, mas logo murchou novamente ao tentar responder. Seu fim de semana tinha sido muito bom, muito triste, muito tenso, por vários motivos diferentes, mas não se sentia à vontade para explicar nenhum desses aspectos para a pessoa que estava ao seu lado.

Quase sentiu vontade de rir. Nunca imaginou que uma pergunta tão simples e corriqueira pudesse soar tão invasiva.

— Foi legal e o seu?

— Normal... — Foi tudo o que Bakugou conseguiu dizer antes de ser interrompido pelo baque da badeja jogada na frente deles.

Uraraka acabava de sentar na mesma mesa e, ao contrário dos dois garotos, ela parecia muito empolgada.

— Ah, não acredito que estamos realmente fazendo isso. A fofoca já está rolando solta. — Ela falou divertida.

— O que você está fazendo aqui? — Bakugou perguntou sem a menor cerimônia.

Sem se abalar nem um pouco com a grosseria dele, Uraraka falou tranquilamente:

— Tsuyu não queria deixar vocês dois sozinhos. Além disso, preciso estar pronta para oferecer meu ombro amigo para quando você dispensar o Izuku. — Disse, se referindo a trama que ela tinha inventado para Monoma. — Também não queríamos que o Shoto ficasse sozinho, então ela está fazendo companhia a ele enquanto eu vim ficar com vocês.

Só a presença dela já tinha mudado o clima.

— Bem pensado, Ochaco-chan. Espero que o Sho esteja bem. — Bakugou revirou os olhos e Uraraka sorriu ao responder:

— Vai dar certo, não se preocupe. O que está martelando minha cabeça agora é o trabalho de inglês que teremos que entregar na quarta.

— Você vai fazer com a Tsuyu-chan? — Izuku estava aliviado por finalmente estarem tendo uma conversa normal. Era muito mais fácil ficar em trio do que apenas ele e Bakugou.

— Sim. — Ela apontou para os dois garotos. — Vocês vão fazer juntos, não é?

— A-acho que sim. Mas, talvez eu devesse pedir ao professor para deixar o Sho entregar com a gente, ele não é próximo de mais ninguém na sala.

— Ah, não se preocupe. O Shoto vai fazer com a Yaoyorozu.

Bakugou deu uma risada irônica e finalmente decidiu participar da conversa.

— Não me diga. — O loiro falou com sarcasmo.

— O que você quer dizer com isso? — Izuku perguntou, confuso com o comportamento do garoto.

— É só que se você acha que o Todoroki não é próximo de mais ninguém, não deve conhecer seu novo amigo tão bem, porque ele definitivamente é próximo de Momo Yaoyorozu. — Falou com a voz carregada de malícia.

Izuku ficou muito interessado naquele assunto, mas decidiu não perguntar nada ao loiro, que obviamente queria causar intriga. Se fosse importante que ele soubesse, o bicolor teria falado. Além disso, também estava um pouco apreensivo com o que poderia descobrir.

— Ainda bem que ele já tem dupla. — Encerrou o assunto. — Que dia você quer fazer o trabalho Bakugou?

Uraraka olhava de um para o outro e parecia culpada por ter soltado a informação, mas não falou nada.

— Vamos fazer hoje depois do grupo de estudos com o time. Vou falar para o treinador que não poderei participar das atividades do clube hoje. — Ele nem parecia mais a mesma pessoa que estava tentando faze Izuku ficar com ciúme de Yaoyorozu a um segundo atrás. — No meu quarto ou no seu?

— Acho melhor nos encontrarmos na biblioteca.

***

Izuku estava muito irritado com aquele trabalho de inglês.

Porque, se não tivesse que ir para a biblioteca imediatamente depois do grupo de estudos, poderia ter ficados mais alguns minutos com o bicolor quando terminaram de organizar a sala. E poderiam ter trocado mais do que um beijo rápido.

Teriam que entregar vários trabalhos nas próximas semanas, mas, piedosamente, a maioria seria individual. Apesar de que ainda ocupariam muito de seu tempo.

Mas não era hora pra ficar se lamentando. Quantos mais rápido terminasse o trabalho, mas rápido poderia trocar mensagens com Shoto.

Bakugou tinha agindo surpreendentemente bem durante todo o dia. Pelo menos com Izuku. Talvez ele estivesse de fato entrando no personagem, pois mesmo naquele momento, em que eram praticamente só os dois na biblioteca, o loiro ainda continuava a tratá-lo com gentileza e não reclamou nenhuma vez de seus murmúrios ou das incontáveis vezes que o esverdeado se distraiu com os próprios pensamentos.

Não querendo um Bakugou explosivo para lidar enquanto faziam o trabalho, Izuku resolveu deixar para apontar que estavam sozinhos apenas quando tivessem terminado. O que não demorou tanto quanto pensou que demoraria. Apesar da personalidade difícil, Bakugou era muito inteligente. Ainda bem.

Quando o loiro terminou de arrumar as próprias coisas e foi ajudar Izuku com as dele, o nerd achou que já era o suficiente.

— Bakugou, além do bibliotecário, não tem ninguém nos vendo. Não precisa continuar agindo assim.

— Eu sei. Eu... eh... — Ver aquele garoto sem palavras realmente não era algo que acontecia todo dia. — É o seguinte, Deku. — Izuku não se lembrava da última vez que tinha ouvido o apelido de infância e se surpreendeu um pouco com isso, mas não tanto quanto com o que ouviu a seguir. — Eu sei que não somos mais amigos, mas não quero continuar te tratando mal. Não faz mais sentido, quando eu estou te ajudando. Então vamos apenas agir normalmente perto um do outro, pode ser? 

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