Izuku de sobremesa

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Midoriya

Fazia duas horas que tinham começado a jogar e Shoto não tinha dito uma palavra que não fosse referente ao game.

Izuku estava preocupado. Queria perguntar como o meio ruivo estava se sentindo e se podia fazer alguma coisa pra ajudar, mas temia que isso desencadeasse uma reação negativa ou piorasse a situação, por isso decidiu não tocar no assunto a menos que Shoto fizesse primeiro. O problema é que não sabia como demostrar apoio sem falar nada e realmente não queria deixar as coisas daquele jeito.

Ficara muito irritado com o que tinha acontecido. Sua mãe não tinha nada que ter se metido na vida de seu amigo, ainda mais com aquela atípica falta de tato. Ele teria uma conversa muito séria com ela mais tarde.

E além disso, o quê o jogador contou o deixou abismado. Era inadmissível que uma pessoa tivesse a ousadia de abandonar Shoto, ainda mais sendo a mãe dele.

Apesar do pouco tempo de amizade, Izuku sabia que não podia existir alguém mais merecedor de amor que o ruivo, e saber que isso fora negado a ele justamente pela pessoa que tinha a obrigação legal, se não divina, de cuidá-lo, fazia Izuku querer sacudir a mulher até ela cair em si.

Simplesmente não entrava em sua cabeça que alguém que tivesse tido a oportunidade de ter Shoto em sua vida escolhesse partir. E o pior de tudo, machucar os sentimentos dele no processo. Aquilo era revoltante.

— Izuku. — Olhou para o ruivo esperando que continuasse. — Você pode parar de socar agora, o monstro morreu a uns 10 segundos.

Olhou para o computador e percebeu que estivera fazendo os golpes sem nem mesmo prestar atenção na luta. Tinha ajudado Shoto a passar em vários níveis, logo poderia convidá-lo para sua guilda.

Voltou o olhar para o ruivo. Ele tinha um discreto sorriso no canto dos lábios e parecia muito mais relaxado, estava sentado na cama encostado em vários travesseiros enquanto Izuku ocupava a escrivaninha.

— Talvez devêssemos parar de jogar um pouco. — O nerd sugeriu. — Eu não estou conseguindo me concentrar.

— Se você é bom assim quando está distraído eu realmente não gostaria de te enfrentar quando jogar pra valer. — Shoto fechou o notebook e o colocou de lado. — O que está roubando sua atenção? — Izuku não respondeu imediatamente. Ele não sabia se deveria falar a verdade, mas também não queria mentir. O ruivo pareceu entender seu dilema e olhou pra ele com confiança ao falar. — Pode dizer.

O nerd caminhou até a cama e se sentou ao lado de Shoto que abriu espaço pra ele. Izuku olhou pra frente enquanto falava.

— Pra dizer a verdade, eu estou com muita raiva. Da minha mãe por ter te perguntado aquelas coisas de forma tão insensível, o quê não é do feitio dela. E também da sua mãe por ter feito o que fez. — Ele virou o rosto para Shoto se lembrando de como ele evitara o assunto mais cedo. — Se você não quiser conversar sobre isso tudo bem pra mim, mas eu estarei sempre pronto pra te ouvir.

O ruivo ficou um tempo em silêncio, pensando. Então Izuku sentiu a mão dele se encaixando na sua e os dedos se entrelaçando, Shoto ergueu as mãos unidas e as colocou sobre a própria perna. A sensação era inexplicavelmente agradável e reconfortante.

— Sabe. — Começou o ruivo. — Você se importar tanto me deixa feliz além do que pode imaginar. Tem que ir com calma Izu-chan, eu não estou acostumado com todos esses sentimentos bons. — Shoto deu um sorriso de lado que fez o coração do nerd derreter. — Eu acho que gostaria de te contar, de conversar sobre isso com você algum dia, mas não quero perder essa tarde falando daquela mulher. — Ele deitou a cabeça no ombro de Izuku e levou as mãos deles até a boca pra dar um beijo nos dedos entrelaçados. — Obrigado. Obrigado por não me pressionar e oferecer apoio e obrigado por ficar com raiva por mim. Mas não precisa mais fazer isso, está tudo bem agora. E não fique com raiva da sua mãe, não é culpa dela.

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