Fixação

Shoto e sua ascendência cheia da grana

Todoroki

Ele estava sentado na cama de frente para Izuku, que permanecia na cadeira da escrivaninha onde o tinha encontrado quando chegou. Não teve coragem de se aproximar do garoto de cabelos verdes ao entrar. Precisava de certa distância se quisesse manter seus medos ocultos sob controle.

Relatou tudo o que aconteceu com Bakugou no vestiário do ginásio, bem como o que tinha ouvido de Monoma.

Shoto sentiu-se cada vez mais inseguro conforme revelava que o amado amigo de infância de Izuku não o odiava tanto quanto ele pensava. Os olhos verdes se encontravam arregalados em surpresa e essa foi a única emoção que pode detectar no anjinho.

A curiosidade o corroía por dentro.

— ... e é isso. — Respirou fundo e coçou a nuca, pensando em como continuar. — Ehh... o quê eu falei muda alguma coisa?

Assistiu Izuku franzir o cenho e começar a murmurar na velocidade da luz, não entendeu uma palavra sequer, então resolveu esperar até o pequeno organizar as ideias. Depois de alguns segundos ele se pronunciou.

— Eu não sei... a informação de que o Monoma já não gostava de mim, mesmo antes de começarmos a sair, realmente dá uma nova dimensão à situação, mas não creio que interfira muito no que temos que fazer por agora. — Não era sobre isso que Shoto tinha perguntado, mas resolveu voltar ao assunto mais tarde.

— De qualquer forma, vamos continuar investigando. — Disse Shoto procurando ser útil. — E esse trato que ele tem com o seu ex-amigo pode nos conseguir mais tempo. — Izuku não reagiu ao modo que Shoto se referiu ao barril de pólvora. O jogador procurava indícios do que ele achava daquela história, mas não obteve resultados. A sensação era a de estar caminhando sobre ovos.

— Verdade. — Disse Izuku, finalmente começando a demonstrar um pouco de nervosismo. — Talvez seja uma boa ideia conversarmos com o Bakugou a respeito, já que ele parece estar disposto a ajudar.

— Quanto a isso, você não precisa se preocupar — falou Shoto, acobertando a apreensão que o atormentava com sarcasmo. — Estou certo que ele vai agarrar a primeira oportunidade que tiver de te convencer a deixar a escola.

Um momento de silêncio se seguiu enquanto Izuku encarava o chão entre eles como se olhasse algo muito distante.

— Eu não vou sair. — Foi a única coisa que saiu da boca graciosa.

Shoto não pôde deixar de se sentir um tanto aliviado pela declaração determinada, e sorriu um pouco.

— No que depender de mim, você nunca terá que fazer nada que não queira Izu-chan. — se aproveitando da lufada de coragem que a afirmação do anjinho lhe proporcionou, decidiu perguntar logo o que queria saber: — Como você se sente em relação ao que descobriu do Bakugou? — Tentou ao máximo conter o nervosismo.

Viu um discreto sorriso começar a se abrir nos lábios de Izuku e isso foi o suficiente para fazer seu peito apertar.

— Bem, um pouco confuso, mas com certeza eu estou muito aliviado, Shoto. — Izuku parecia sinceramente satisfeito quando disse isso. — Me faz pensar que nem tudo está perdido, que ele ainda guarda dentro de si parte da bondade que tinha quando erámos amigos, sabe. Claro que não perdoa tudo que ele fez, mas começo a desconfiar que ele devia ter algum motivo para agir daquela forma e que não tenha se tornado a pessoa horrível que mostra ser. — Ele franziu o cenho ao dizer a última frase, como se a reavaliasse. — Se bem que não quero ficar criando desculpas para o mal comportamento... — ele olhou para o jogador e concluiu com o rosto um pouco corado de vergonha. — a verdade é que eu preciso de um tempo para pensar. Realmente fui pego de surpresa por isso.