Diretrizes definidas

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Todoroki

Sentiu as lagrimas escorrerem livres pelo rosto. Fazia anos que não chorava, mas não pôde evitar quando imaginou seu anjinho passando por tudo aquilo. Mesmo sabendo que era impossível, Shoto se sentia mal por não conseguir protegê-lo do passado.

Queria aliviar as dores de Izuku. Queria que tivesse acontecido com ele, ao invés de com o pequeno. Queria bater naqueles desgraçados até que eles ficassem irreconhecíveis. E talvez ainda fizesse isso...

Arrastou a cadeira até que estivesse sentado ao lado de seu anjinho e então o rodeou com os braços afundando a cabeça no pescoço delicado. Todoroki precisava daquele contato pra se acalmar.

Izuku aceitou o abraço e começou a enxugar as próprias lágrimas, as meninas faziam o mesmo. O jogador não se mexeu de sua posição, não sentindo-se preparado para se afastar ainda.

Escutou Uraraka e Tsuyu demonstrarem sua tristeza e revolta pela história que tinham acabado de ouvir, mas não prestou muita atenção ao que diziam, focado em controlar a angustia que tomava seu peito. Só levantou a cabeça para participar da conversa quando ouviu Izuku falando com mais pragmatismo, mas, ainda assim, manteve um braço ao redor da cintura dele, cedendo à necessidade de continuar próximo.

— ... contudo eu não posso ficar preso ao que aconteceu, é importante focar no presente. Estou muito feliz por estarem dispostas a me ajudar. — Izuku falava com assertividade e confiança enquanto parecia completamente absolvido em analisar a situação. — A primeira precaução que precisamos tomar é não deixar que o Monoma perceba que nos conhecemos as intenções dele. — Ele se dirigiu a Uraraka. —Talvez seja necessário que você finja concordar com ele por enquanto, para que possamos agir com calma.

— Eu já havia considerado essa possibilidade — respondeu a cara de bolacha. — Por isso pedi que me encontrassem aqui.

— Não sei se concordo Izuku-chan — Asui se pronunciou. — Acho que deveríamos dar logo uma lição nesse infeliz antes que ele tenha tempo de colocar suas maquinações em prática.

Shoto resolveu oferecer apoio a ela. Preferia acabar com aquilo de maneira rápida e eficiente.

— Concordo com a Tsuyu. Esse tipo de pessoa só costuma ter coragem enquanto pensam estar atacando alguém mais fraco.

Midoriya balançou a cabeça em discordância. Ainda mantinha aquela estranha concentração no olhar, como se procurasse considerar cada ângulo da questão.

— Não é bem assim. — Disse o esverdeado. — As ações dele não parecem ser as de um valentão comum. Como posso explicar? — Ele levou uma mão ao queixo em sinal de reflexão. — Bem... ele não parece ser movido por raiva genérica ou simples necessidade de humilhar alguém. Há algum objetivo mais profundo do que somente expurgar as próprias frustrações. Esse cara provavelmente teve todo o trabalho de investigar quem eu sou e o que aconteceu comigo, e mesmo que por algum milagre essa história tenha caído no colo dele, o quê acredito ser pouco provável, o modus operandi é meticuloso demais.

— O que quer dizer com isso Izuku-chan? — Asui questionou.

— Veja bem Tsuyu-chan, se ele estivesse apenas interessado em praticar bullying comigo, seria mais plausível que partisse logo para o confronto direto, como geralmente acontece. A essa altura eu já estaria sofrendo violências, se não físicas, ao menos psicológicas, mas nada me aconteceu. Eu estou intacto, ninguém chegou a dizer algo ofensivo pra mim, minha mesa não foi vandalizada e nem meus pertences destruídos. — A forma como Izuku falava daquelas coisas como se fossem "normais" deixava Shoto preocupado, pois só demonstrava o quão familiarizado ele estava com aquele tipo de agressão. — Até mesmo simplesmente espalhar a verdadeira história do meu ensino fundamental alcançaria o objetivo de me intimidar. Mas ao invés disso ele se certificou de distorcer a verdade de modo que ainda pudesse ser confirmada pelos principais fatos só que passando a servir aos propósitos dele. Não é um trabalho desleixado.

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