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Luna Oliveira

Russo entrou logo atrás dela, e a expressão do seu rosto era tensa, evitando até me encarar. Ver o Gabriel chamando a Carina de mãe foi a cereja do bolo. Que circo dos horrores!

— Como você está se sentindo, meu amor? — Carina perguntou, e sua voz soou melosa aos meus ouvidos, fazendo-me revirar por dentro.

— Melhor, mamãe. A tia Luna disse que logo logo vou poder ir para casa! — Ele respondeu, seu olhar fixo nela com admiração.

A palavra "tia" atravessou meu coração como uma lança, e eu me esforcei para não deixar que as lágrimas transbordassem. Eu precisava me controlar, manter a fachada, mesmo que isso doesse mais do que qualquer coisa que já senti em minha vida.

— Por que não me avisou que essa aí vinha hoje, Russo? Eu teria me preparado melhor para ficar de frente com a vagabunda de novo. — Carina resmungou, torcendo o nariz para mim.

— Larga de cutcharra, caralho! — Russo reclamou, olhando com frieza para Carina, que deu de ombros. — Não começa a pagar de vida louca não, palhaça.

Gabriel se afastou e a olhou confuso.

— Por que você não gosta da tia Luna, mãe? Ela é legal. — Aí.

— É brincadeirinha, bebê. Eu adooooro ela. — Ela debochou após uma piscadinha. O mais estranho foi que ela estava sendo amorosa com ele. — E essa coisinha linda aqui? Quem foi o coitado da vez? — Riu, olhando para Alana, sem maldade.

Fui caminhando apressada até a saída do quarto quando Russo agarrou meu braço.

— O médico quer fazer a parada lá com você.

— Preciso de um tempo. — Só desviei o olhar e me soltei porque a minha vontade mesmo era cuspir na cara dele. — Vem, Lana.

Ela veio correndo atrás de mim e saímos do quarto, me segurei para não bater a porta com força.

Comprei um lanche para Alana na cantina do hospital, e nos sentamos em uma das mesas ali.

— Você está triste, mamãe? — Ela perguntou preocupada depois de dar uma mordida no seu salgado.

— Vai passar... — Forcei um sorriso. Mas no fundo, eu sabia que não iria.

Eu não tinha sangue de barata para escutar numa boa o meu filho chamando outra mulher de mãe, ainda mais uma pessoa horrível como a Carina.

— Eu não gostei da mãe do Matheus. — Ela sussurrou como se fosse o maior segredo do mundo, e eu deixei escapar uma risada sincera.

Ela mal podia imaginar que a mãe dele sou eu.

— Luna. — A voz dele me causou raiva. Olhei por cima do ombro, e Russo estava parado ao meu lado, um pouco distante da mesa.

— O que é? — Respondi com grosseria.

— Está pensando em não dar mais assistência para o moleque?

Me levantei rapidamente e fui até ele.

— É claro que vou ajudar o meu filho. Isso não é sobre você, é sobre ele. Só por isso ainda estou aqui. — Murmurei baixo para evitar que Alana ouvisse. — E já aviso que vou estar presente na vida dele, entendeu? Se eu sentir por um minuto que você ou aquela mulher está me afastando, eu vou abrir a minha boca e contar tudo para ele!

— Já não dei minha palavra que vou contar o bagulho, porra? Só não dá para mandar essa ideia agora! — Ele respondeu sem paciência, bufando.

— Mamãe, eu terminei. — Alana falou, se levantando.

Sombras da Dor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora