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— Entendo.

Começou a tocar uma música que eu gostava lá dentro, e fui cantando, observando as pessoas dançarem em grupinho perto de nós.

— Você gosta dessa música, papo dez? — Ele zombou, fazendo careta.

— Não ouço sempre, mas sim. — Concordei, rindo.

RR colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e fez um gesto de que iria me beijar, mas, por alguma razão, me afastei mesmo querendo que ele fizesse aquilo.

Quando ele inclinou a cabeça para o lado, confuso, meu corpo ficou todo tenso ao ver Russo ali na rua, vindo na nossa direção. Ele me encarou por breves segundos antes de entrar na casa da Gabriela, com a cara pior do que o costume.

Ah, homem infeliz, só demonstrava algo diferente quando estava na presença do Matheus.

— O que foi, gata? — RR se afastou. — Foi mal, achei que estava afim também.

— Não, eu... — Gaguejei sem saber o que responder. Não foi nem pelo Russo, foi pela insegurança de que há anos não ficava com ninguém. — Desculpa.

Segurei o seu pulso quando ele fez questão de se levantar.

— Eu quero. — Falei com a voz baixa.

RR balançou a cabeça e voltou a se sentar, me puxando para o meio das pernas dele e me beijando. Sua boca era macia e a língua se movia com a minha lentamente. Foi um beijo diferente, mas que eu gostei da calma. Uma de suas mãos alisava o meu maxilar e a outra me segurava pela cintura, me acariciando.

Senti o meu corpo estremecer quando ele depositou um beijo no meu queixo e se afastou, me olhando com um sorriso de vitória no rosto.

— Ei RR, cola aqui. — Perninha chamou da janela.

— Fechou. — Concordou, se levantando e me dando um beijo suave na boca. — Já volto, gata.

Fiquei ali pensando na vida até o RR voltar, mas a alegria de há pouco tinha ido embora e ele estava enfezado.

— Vou precisar meter o pé, fé para tu.

— Já? — Perguntei com a testa franzida. RR concordou.

— Pois é, a gente se tromba por aí. — Falou com a cara fechada e saiu.

Dei de ombros, estranhando, mas voltei a entrar na casa, procurando meus amigos com os olhos. Encontrei Lara com Ritinha e Théo; fui até lá e abracei minha irmã, que sorriu e me arrastou para um canto afastado.

— Onde você estava? — Ela perguntou rindo, estendendo a mão e limpando o canto da minha boca. Provavelmente, o meu batom borrou.

— Fiquei com um garoto.

— Quem? — Ela olhou em volta.

— Ele já foi embora. — Falei indiferente e peguei o copo da mão dela, dando um gole na bebida.

— Deve ser por isso que o Russo está todo estressado. — Lara murmurou, apontando para um canto onde ele estava com Perninha e outros garotos da boca, fumando maconha.

— Não viaja... — Falei séria.

— Ele já chegou puxando o Pedro de canto, na maior cara de cu. — Deu de ombros, pegando seu copo de volta.

Fiquei quieta, mas no fundo, desconfiada pela ida repentina do RR. Afinal, se fosse parar para pensar, realmente foi o Perninha que chamou o RR, e depois o mesmo voltou todo estranho.

Mas não comentei nada, até mesmo para deixar aquele assunto morrer.

Depois de um tempo, Gabriela voltou a aparecer e ficou nos mostrando fotos de alguns presentes que recebeu hoje.

Sombras da Dor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora