A tristeza e o peso do passado se refletiam em meu olhar, e Lara captou cada pedaço da minha dor.
— Eu tenho outro filho. Na verdade, é uma menina. — Falei, percebendo que Lara havia ficado cabisbaixa. Não comentei nada naquele momento, mas pretendia convencê-la a voltar para Ouro Velho conosco.
— Sério? Eu tenho uma sobrinha? — Os olhos dela brilharam. — Deve ser linda, igual a você.
— Ela se parece um pouco com a mamãe, se chama Alana. — Eu disse, mas me arrependi logo em seguida, pois mencionar nossos pais costumava deixá-la abalada.
Para minha surpresa, Lara pareceu não se afetar e abriu um sorriso sincero. Era tão bom ver minha irmã bem, aparentemente sóbria e lúcida.
— O Matheus me chama de tia, mesmo sem saber que você é a mãe dele.
— Você mora com ele? — Perguntei curiosa, olhando para a porta aberta da casa, que parecia ser bem grande por dentro.
— Sim, eu preferi ficar por perto para cuidar dele.
— Quero saber de tudo, não entendo como... — Falei ao mesmo tempo em que fomos interrompidas por uma caminhada atrás de mim.
Me virei e vi Russo se aproximando, com a camisa jogada por cima do ombro e o cabelo molhado de suor. Sua testa franziu quando me encarou, mas logo desviou o olhar e fitou Lara.
— Qual foi, onde está o moleque? — Resmungou.
Sem querer, notei que ele estava com algumas tatuagens novas no corpo, incluindo uma na costela, parecia um anjo com asas pretas segurando um punhal sujo de sangue.
— Carina levou ele ao postinho, acordou enjoado de novo e vomitando bastante. — Lara respondeu friamente, e eu olhei indignada para Russo. Meu filho estava passando mal e ele não me disse nada? — Por que você mentiu dizendo que minha irmã morreu?
— Não foi da minha boca que saiu isso aí. — Respondeu indiferente, passando por mim, mas o segurei pelo braço. Russo olhou para minha mão e ergueu a sobrancelha.
— Por que não avisou que o meu filho não estava bem? — Ele permaneceu calado, me desafiando a continuar com o olhar. — Não brinque com a minha boca, Russo. Você não quer conhecer a fúria de uma mãe.
— Se liga, porra. Mete marra não, sou macaco velho, se começar a apertar minha mente demais, posso cutucar tua ferida. — Murmurou bem baixo e se afastou. — E quando eu digo ferida, estou falando de ir direto no seu ponto fraco, sacou? — Fiquei de boca aberta quando entendi a sua ameaça.
Ele estava se referindo a machucar Alana.
— Seu covarde, filho da puta! Não ouse ameaçar a minha filha! — Antes que minha mão pudesse alcançar o seu rosto com toda a minha força, ele segurou o meu pulso no ar e me puxou para mais perto dele, fazendo nossas respirações se misturarem.
— Solta a minha irmã, Russo. — Lara disse apavorada e começou a me puxar para longe.
— Isso está longe de ser uma ameaça. Só estou dando o papo. Não tente bancar a engraçadinha se não aguenta as regras, pô. — Ele ajeitou a camiseta por cima do ombro novamente e se afastou em direção à porta de sua casa.
— Pode me ameaçar o quanto quiser, não tenho mais medo de você. Farei o que for preciso pelos meus filhos! — Falei alto para que ele ouvisse antes de desaparecer de minha vista.
— Me sinto tão culpada por ter colocado esse cara na sua vida, Lua. Juro que vou passar minha vida inteira tentando me redimir com você. — Lara falou com os olhos cristalinos de lágrimas.
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Sombras da Dor [M]
Fiksi Penggemar+18| Em um passado marcado por mágoas e escolhas equivocadas, Luna e Russo viveram um romance turbulento que parecia destinado ao fracasso. Agora, o destino conspira para que eles se reencontrem, trazendo à tona antigas feridas e sentimentos mal res...