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Luna OliveiraPassaram dois dias e eu fiquei presa em casa, só saía para levar e buscar Alana na escola. Minha irmã veio aqui algumas vezes para me ver e tentou me convencer a sair com ela, mas estava ocupada demais tendo a minha ressaca moral por ter transado com o Russo para me preocupar em socializar com outras pessoas.
Sei que fiz pela necessidade do momento, mas não deixava de ser frustrante para mim. Ainda por cima, tinha que conviver com a ansiedade me corroendo inteira; a vontade era de fazer um teste de gravidez a cada duas horas para ter certeza de que aquele bebê já estava a caminho, mas eu tentava me tranquilizar e manter o controle para não atrapalhar.
Dei uma geral na casa, até porque tempo era o que não me faltava ali, e depois fui preparar o almoço. Por conta do horário da Alana, eu costumava fazer as coisas todas mais tarde.
Ouvi quando bateram na porta de casa e olhei estranho. Russo eu tinha certeza que não era, ele sempre fazia questão de abrir um buraco na madeira quando batia com violência.
— Já vai! — Gritei e comecei a desligar as bocas do fogão.
Sequei minhas mãos em um pano de prato e fui em direção à porta da rua, fiquei paralisada quando me deparei com a pessoa do outro lado.
— Puta que pariu, é verdade então. Eu não acredito nisso! — Ela pulou em cima de mim, me abraçando tão atrapalhada que quase nos jogou no chão.
Dei risada e a abracei da mesma forma, sentindo o perfume de sua colônia tão característica.
— Você vai acabar me matando desse jeito. — Falei brincando, provavelmente, com o rosto todo vermelho de tanto que ela me sufocava com os braços em volta do meu pescoço.
— Desculpa, eu só... Estou sem palavras! — Ela se afastou um pouco de mim, colocando a mão na boca e me olhando totalmente desacreditada.
Gabriela estava simplesmente deslumbrante, nada parecida com a moleca que era a minha melhor amiga há alguns anos atrás. Estava vestida com uma roupa social preta e os saltos mais pontiagudos que eu já vi na vida.
Me lembrei da minha irmã contando que a Gabi tinha virado advogada, e foi inevitável não sentir orgulho pelo que ela se tornou, desafiando as probabilidades da vida e vencendo todas.
— Estou muito feliz de encontrar você tão bem. — Falei com a voz embargada. Gabriela fez um biquinho de choro e me abraçou novamente, caindo aos prantos.
— Se você está feliz, então eu nem sei o que estou sentindo. — Murmurou, me olhando mais uma vez. — Olha só para você! — Ela sorriu e tocou as maçãs do meu rosto, descendo o toque pelos meus cabelos compridos – algo que eu detestava, mas aprendi a gostar por conta dos meus traumas.
— Não está com raiva de mim? — Sussurrei, temendo ouvir a resposta.
— O quê? Raiva de você? Por quê? — Gabi perguntou com a testa franzida, fechando a porta atrás de si.
— Você sabe o que eu fiz... — Meus ombros caíram quando eu disse aquilo.
— Eu só te culpo por não ter me chamado para fazer junto, sua vaca! Fez tudo aquilo e se mandou para São Paulo. — Revirou os olhos, exageradamente.
— Você jamais largaria sua mãe e seu irmão aqui.
— Tem razão, mas pelo menos eu saberia que você estava bem. — Dei risada e balancei a cabeça, puxando-a em direção ao sofá de casa.
Gabriela olhou em volta e fez uma careta.
— O Russo que te colocou aqui? — Assenti. — Filho da puta, não muda nunca. — Disse com a voz monótona. Acho que, de certa forma, todo mundo já estava acostumado com as merdas que ele fazia. — Então, cadê a sua filha? Lara me contou que ela se chama Alana.

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Sombras da Dor [M]
Hayran Kurgu+18| Em um passado marcado por mágoas e escolhas equivocadas, Luna e Russo viveram um romance turbulento que parecia destinado ao fracasso. Agora, o destino conspira para que eles se reencontrem, trazendo à tona antigas feridas e sentimentos mal res...