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Russo bocejou e se jogou no sofazinho que tinha ali no canto. Mas eu até o entendia, para ele que roubou toda a minha vida com meu filho, aquele momento não significava nada mesmo.

— Eu... eu posso te abraçar? — Perguntei meio insegura.

Gabriel olhou na direção do Russo, como se perguntasse o que fazer, mas como o pai não reclamou nada, apenas assentiu com a cabeça.

Eu me aproximei lentamente para que não se assustasse e envolvi o seu corpo com os meus braços, num abraço apertado e reconfortante. Apertei os meus olhos e só me permiti sentir aquele calor que emanava dele.

Uma sensação muito grande de felicidade me dominou, como se o abraço do Gabriel curasse todas as feridas que ainda estavam abertas em mim.

Foi reconfortante.

— Você está tão bonito. — Sussurrei com a voz embargada. — Cresceu tanto e agora já é um homenzinho. — Dei risada em meio às lágrimas de emoção.

— Você me conhece? — Perguntou surpreso.

— Sim. — Concordei, me afastando um pouco para acariciar o seu rosto. Havia olheiras profundas ali, mas não apagavam seu olhar inocente. — Quando você era só um bebê.

— Eu tenho oito anos agora. — Ele falou todo orgulhoso, mostrando sua idade com os dedos.

— Eu sei, o seu aniversário foi há pouco tempo, não é? — Eu nunca me esqueci do período em que ele nasceu, apesar de não saber a data. Era difícil, passava ano após ano e eu não tinha nenhuma notícia dele.

— Sim, foi irado, meu pai fez uma festa do Huggy Wuggy para mim e todos os meus amigos foram.

— Verdade? — Eu sorri sem saber que desenho era aquele, mas me sentindo contagiada com a sua alegria. Pelo canto do olho, vi Alana brincando com os carrinhos dele.

Gabriel começou a tagarelar sobre como foi a sua festa e até se interessou em saber o meu nome.

— Eu até que gostei de você. — Ele falou em determinado momento, me olhando de cima para baixo. Meu coração só faltou parar, juro. — Além de tudo, é bonita pra caramba.

Russo se engasgou com a própria saliva e começou a tossir sem parar, achei que fosse morrer ali mesmo pela forma como o seu rosto ficou vermelho escarlate em poucos segundos.

— O que foi, pai? — Gabriel se virou para ele. — Você também não achou a Luna bonita?

— Vem com essas ideias erradas para cima de mim, não. Se liga hein, pirralho! — Russo desconversou, olhando atravessado para o filho.

— Eu também acho minha mamãe linda. — Alana falou de repente, me fazendo abrir um sorrisão.

Só então percebi que, no meio de toda aquela emoção, eu acabei não apresentando os dois.

— Essa é a minha filha Alana. — Apresentei, apontando para a mesma, que sorriu docemente para o irmão. — Lana, esse rapazinho aqui é o famoso Gabriel.

— Gabriel? — Sua testa franziu de um jeito engraçado. Ele parecia realmente confuso com a minha fala. — Acho que você se confundiu.

— Por quê? — Retruquei sem entender.

— Meu nome é Matheus, não Gabriel. — Ele respondeu distraído e começou a brincar com os carrinhos que estavam em cima da cama.

— O q-quê? — Gaguejei boquiaberta e olhei para o lado, onde Russo dessa vez estava de cabeça baixa, evitando me encarar nos olhos. — Matheus? — Repeti com um sussurro. Ele balançou a cabeça e seguiu brincando.

Sombras da Dor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora