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E lá estava eu naquele exato momento, terminando de me aprontar para ir à festa na casa da Gabriela, que acabou me vencendo pelo cansaço depois de tanta insistência. Ela me passou o endereço da sua casa mais cedo e realmente ficava bem perto da minha, o que me tranquilizou bastante porque se Alana precisasse de mim seria muito fácil chegar.

Andei pelo corredor escuro de casa com cuidado e encontrei Alana na sala, brincando com as suas bonecas inseparáveis. Ela estava toda lindinha e arrumada, eu tinha dado um banho nela antes de começar a me arrumar.

— Nossa, mamãe, você está linda igual uma princesa. — Ela me olhou toda fofa e eu me agachei para beijar a sua testa. — E cheirosa também.

Dei risada e me levantei, indo até a cozinha americana.

— Obrigada, meu amor.

Me permiti vestir um tubinho preto justo com uma sandália de plataforma nos pés. Passei um pouco de maquiagem e um batom rosado na boca para harmonizar com o meu visual escuro.

Preparei uma janta rápida para nós duas e comi com Alana antes de sair de casa. Ela foi o caminho inteiro contando como foi o seu dia na escolinha e eu ouvia tudo sorrindo, às vezes a interrompia para dar um pitaco ou outro.

Tia Rosa abriu a porta na segunda batida e me olhou com lágrimas nos olhos.

— Minha menina... — Me puxou para um abraço apertado. Era tão bom reencontrar pessoas que tinham feito bem para mim a vida inteira. — Você está tão crescida, virou uma mulherona. — Falou toda orgulhosa e eu só soube sorrir, se arriscasse abrir a boca tinha certeza que iria chorar. — E essa bonequinha aqui?

— É a minha filha Alana. — Eu puxei a mesma para minha frente, que apesar de estar toda tímida não deixou de esboçar um sorriso gentil. — Fala oi para a mãe da tia Gabi, amor.

— Oi, tia.

— Tia nada, meu bem, pode me chamar de vó. Eu vi sua mãe pequenina igual a você, sabia? — Alana arregalou os olhos e negou com a cabeça. — Vamos aproveitar que você vai dormir comigo hoje e eu te conto tudo sobre ela, combinado? — Estendeu os braços e Alana me abraçou antes de se juntar à tia Rosa.

— Qualquer coisa, você pode me ligar que eu venho na hora, tá bom, tia?

— Deixa de bestagem, menina. Alana e eu vamos nos divertir bastante aqui também, separei até uns filmes. — Tia Rosa falou, atraindo a atenção de Alana.

— Vai ter pipoca, vó? — Perguntou com os olhos brilhando.

— Claro, doce ou salgada, o que você preferir. — Respondeu animada. — Não está precisando de nada, né? — Tia Rosa me olhou com preocupação. Ela foi uma das pessoas que mais me ajudou quando eu passei fome.

— Não, está tudo bem, obrigada. — Abri um sorriso sincero.

Antes de partir para a casa da Gabriela, me despedi de Alana mais uma vez e fui embora. A frente da casa onde Gabi me passou o endereço estava com um movimento grande de entra e sai, e assim que entrei pude comprovar que os íntimos para ela significava o quarteirão inteiro.

Me desvencilhei de algumas pessoas e fui em direção ao que parecia uma cozinha. Vi alguns rostos conhecidos durante o curto percurso, mas nenhum deles era o da minha amiga.

Ao ver outras pessoas fazendo o mesmo, fui até o freezer que havia ali e peguei uma garrafinha de cerveja para mim. Olhei para a tampa e depois para o balcão, procurando por um abridor.

— Quer ajuda aí, mina? — Escutei alguém falar atrás de mim e quando me virei, tinha um homem entrando no cômodo.

— Quero sim, por favor. — Entreguei a garrafinha na mão dele, que tirou a tampa com uma facilidade assustadora. — Obrigada pela ajuda.

Sombras da Dor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora