𝟶𝟸𝟿

13.2K 1K 557
                                    

18
Luna Oliveira

À medida que as semanas passaram, a tranquilidade predominou. Russo conseguiu uma vaga de inspetora escolar para mim no colégio de Alana. Embora ela tenha ficado feliz com a notícia, raramente nos encontrávamos lá, já que eu estava encarregada da turma mais velha, crianças de 9 a 12 anos.

Minha barriga começou a exibir uma discreta elevação na parte inferior, sutil porém suficiente para me convencer a compartilhar a notícia da gravidez com minha filha.

Em uma tarde de sexta-feira, logo após retornarmos do colégio, Alana estava toda feliz porque Gabriela tinha lhe presenteado com uma boneca.

— Meu amor, senta aqui. A mamãe precisa conversar com você. — Sentei-me no sofá e ela prontamente se acomodou em meu colo. Abraçando-a pela cintura, depositei um beijo carinhoso em seu rosto. — Lembra quando conversamos sobre como você nasceu?

— Sim, eu estava dentro da sua barriga e ela ficou desse tamanhão... — Ela abriu os braços ao máximo para ilustrar. — Depois ela se transformou em mim.

Ri de sua explicação, mas assenti com um sorriso.

— Como você se sentiria se a barriga da mamãe estivesse esperando um novo bebê?

— Um irmãozinho ou irmãzinha para mim? — Ela indagou, erguendo as sobrancelhas em surpresa.

— Exatamente. — Completei, sorrindo.

Alana inclinou a cabeça e mordeu a ponta do dedo, como se ponderasse a ideia de ter um irmão.

— Hum... acho que eu ia gostar. — Por fim, deu de ombros. — Então, há um bebê com você, mamãe?

— Sim, filha. Você terá mais um irmãozinho. — Anunciei com alegria, e ela retribuiu com um sorriso genuíno, envolvendo-me em um abraço apertado pelo pescoço.

— Não está muito apertado para ele ficar aí? — Com todo o cuidado do mundo, ela tocou minha barriga com suas mãos pequeninas.

Ri de sua preocupação e neguei com a cabeça.

— Não, ele ainda é muito pequenino e está muito confortável aqui. Na verdade, ele gosta bastante. — Expliquei calmamente, e Alana prestava atenção a cada palavra.

— O papai já sabe? — Ela perguntou inocentemente. — Eu quero contar a ele, mamãe!

Aos poucos, meu sorriso se desfez quando percebi que também teria que revelar a identidade do pai do bebê.

— Meu amor, esse bebê não é do seu pai, como você é. — Minhas palavras saíram meio atrapalhadas.

— Oh, então de quem é? — Ela perguntou, com os olhos arregalados.

— Bem... — Respirei fundo. — Lembra do pai do Matheus?

— O tio Russo? — Ela franziu o cenho, confusa.

— Isso. — Assenti, ainda hesitante sobre contar a verdade. — Ele é o pai do bebê, filha.

— Ele vai ser meu pai agora? — Ela continuou com suas perguntas, sem entender completamente.

— Não, claro que não! — Soltei um riso nervoso. — Seu pai continua sendo o Eduardo, e isso não muda nada, está bem? — Ela concordou.

Depois de fazer mais algumas perguntas, Alana foi tomar banho e jantar. Não demorou muito para adormecer no sofá.

Lara chegou aqui em casa por volta das nove da noite, toda arrumada e com um perfume tão forte que até me fez espirrar.

— Para onde você vai assim? — Perguntei, achando graça.

Sombras da Dor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora