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Era mais de meia-noite, eu já estava vestida com meu pijama, e Alana já estava na cama quando ouvi uma batida forte na porta de casa. Meu coração acelerou, e me levantei rapidamente da cama, pensando primeiro em meu filho.

A batida desesperada continuou até eu finalmente alcançar a porta, e lá estava minha irmã, com o rosto vermelho e a respiração ofegante.

— Matheus... — Ela disse, e isso foi o suficiente para eu entender que algo tinha acontecido com ele.

Engoli o choro que estava preso em minha garganta e corri até o quarto para calçar meu chinelo.

— Onde ele está? — Perguntei enquanto colocava meu casaco de qualquer jeito, sem me preocupar em trocar de roupa ou arrumar o cabelo.

— Na UBS, ele desmaiou há pouco, estava bem pálido. — Ela falou com a voz chorosa. — Vá até lá, eu fico aqui e cuido da Lana.

— O-obrigada. — Gaguejei de nervosismo e saí de casa. Antes de terminar de subir as escadas, Lara gritou para mim.

— Vá me avisando por mensagem, tá bom?

Balancei a cabeça em concordância e me preparei para subir o morro correndo, mas fiquei aliviada ao ver um mototáxi na praça ali perto de casa, já se preparando para ir embora.

Expliquei rapidamente a situação e enfatizei que o filho era do Russo também, e ele concordou em me levar até o postinho.

Ao chegar lá, entrei apressadamente e me deparei com aqueles dois na recepção, conversando baixinho, mas se calaram assim que me viram se aproximar.

— O que aconteceu? Onde está o Matheus? — Perguntei.

— Meu filho está sendo examinado pelo médico. — Carina respondeu com relutância e logo se afastou de mim. Agradeci silenciosamente por isso, pois a última coisa que eu queria era arrumar confusão com ela naquele momento.

Encostei-me à parede e enxuguei o suor que escorria pela minha testa devido à correria. Ultimamente, estava passando por fortes emoções para alguém que estava levando uma gravidez tão importante quanto a minha. Precisava desacelerar um pouco.

— Com quem você veio para cá? — Ouvi Russo perguntar, e minha garganta ficou seca.

— Não fala comigo. — Cortei-o, sem me preocupar em olhar em sua direção. Iria demorar para eu esquecer a última besteira que ele fez.

— Qual é a porra do seu problema, caralho? — Elevou o tom de voz, olhando-me com irritação.

— Meu problema sempre foi você. — Respondi com frieza. — Você sai por aí machucando as pessoas à toa, e é tão infeliz que faz todos nós agirmos como você.

Respirei fundo e tentei afastar a raiva que sentia.

— Por sua culpa, minha amiga está lá, com raiva de mim e nem olha na minha cara direito. — Acusei.

— Minha culpa, pô? Qual é, não se faz de sonsa, você sabia o que ia acontecer quando beijou aquele merda na minha frente.

— Beijei mesmo. — Falei, ignorando seu olhar de propósito. — E você não tinha nada a ver com isso.

— Você está carregando um filho meu, se liga. Não consegue fechar as pernas até que o moleque nasça? — Passei a mão na nuca, envergonhada por ele ter esbravejado isso em voz alta.

Carina percebeu a discussão e nos olhou feio, mas sua atenção logo se voltou para um homem vestido de branco que apareceu na sala apertada.

— Doutor! Doutor! — Carina exclamou, indo em direção ao médico. Eu me afastei imediatamente e me aproximei dele. — Como está meu filho?

Sombras da Dor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora