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RUSSO

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RUSSO

— Por que você está aí tão putinho logo cedo? — Perninha perguntou, rindo, enquanto invadia a salinha da boca. Bufei e esfreguei a nuca com força, sem paciência para as gracinhas do cuzão.

— Achei que eu tivesse sido claro para caralho quando disse que não queria ouvir a voz de ninguém. — Respondi com ironia, sem levantar os olhos dos papéis.

— Hein? O que rolou? — Insistiu, ignorando meu sermão.

— O filho da puta do Mendes me ligou agora para dizer que a porra da carga que comprei foi cortada pela polícia. É isso que aconteceu. — Falei, tentando controlar minha irritação ao lembrar da ligação do desgraçado, que me deixou sem o que paguei, o que não foi pouco.

— Pô, aquela carga de fuzis do sul? — Perninha perguntou, mesmo que já soubesse. Eu apenas o olhei com um olhar que dizia "asno do caralho", e ele calou a boca.

Eu sabia que assumi riscos ao comprar do cara mais distante, mas esse fracasso veio no momento onde já estava bolado para cacete com um monte de coisas, especialmente com essa fita aí do Matheus não estar olhando para minha cara e nem rendendo assunto.

O moleque tinha meu sangue, e eu sempre fiz os corres para cuidar dele e nunca faltar nada, por isso não tirava da minha mente que ele estava sendo ingrato, pô. Sei que vacilei tirando-o da mãe e escondendo, não nego isso não, mas Matheus também precisava entender que tive minhas razões para agir como agi.

Com impaciência, dei um chute na mesa e me levantei para fumar um baseado. Perninha riu baixinho, mas ficou em silêncio quando me virei para encará-lo.

— Fica suave, irmão. Só vim avisar que estou indo almoçar com o Lui Bala na casa da Mari. Vai colar com nós ou precisa resolver as paradas aí primeiro? — Ele perguntou, ajeitando a peça nas costas e indo em direção à porta que dava para biqueira.

Olhei para a mesa cheia de nomes em um caderno de dívidas.

— Que se foda... — Resmunguei, decidindo brotar na pensão com eles e, de lá, picar o pé para casa.

Peguei o fuzil no canto da sala e saí da boca, avisando aos menor que todos do caderninho de cobrança deveriam me pagar até o final da semana ou era bala na cara, sem muito papo e nem caô.

Arrastei com a moto até a pensão da mãe do Lui Bala, que ficava duas ruas acima da boca principal, com Perninha na garupa. Quando parei a moto, ele entrou para pegar cervejas enquanto eu terminava de fumar.

Esperei ele voltar para nos sentarmos do lado de fora da pensão. Lui Bala se juntou a nós minutos depois, conversando com a coroa dele. Ele fez um toque rápido comigo e pediu para ela trazer um rango caprichado para nós três. Ela concordou e, antes de sair, me lançou um rabo de olho.

A coroa do Lui Bala, conhecida por muitos como Mari da Feijoada, claramente não se batia comigo, mas eu vinha aqui na cara de pau mesmo. Tiazona maluca, nunca troquei uma palavra com ela, devia achar que influenciei o filho para o mau caminho.

Sombras da Dor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora