— Ei, acorda!
Pisquei várias vezes e abri os olhos com dificuldade. Dormir no chão duro foi difícil, ainda mais com o frio da noite. Eu ainda estava vestida com o traje de praia, a parte de cima do biquíni e um short.
Olhei para Russo e ele também estava acordando, perturbado pelo chilique daquela mulher.
— Bom dia, Luna, hora do nosso passeio. — Maria Júlia falou animada, abrindo minha cela.
Sentei no chão e a encarei, temerosa, me encolhendo.
— Deixa ela em paz, porra! — Russo rosnou com raiva. — Vou te matar se você tocar nela ou na minha filha, sua desgraçada! Pode escrever isso, vou te matar!
Maria Júlia gargalhou alto, debochando dele.
— Como vai me matar, inútil desse jeito? — Provocou. Russo era impulsivo demais, agia pela raiva e acabava se ferrando. — Mal consegue ficar sentado.
Ela se aproximou de mim, apontando a arma, e jogou a algema no meu colo, indicando que eu deveria me algemar. Fiz o que ela mandou, em silêncio.
— Que tal se divertir um pouco com esse idiota enquanto eu faço meu passeio com ela, Carioca? — Maria Júlia sugeriu, rindo.
Entendi de imediato sua insinuação repugnante.
— Como pode sugerir uma coisa dessas? Você é um monstro! — Gritei, levantando-me.
— Sim, eu sou um monstro. Vocês me fizeram assim. Mas, e você, Luna? Acha que é muito diferente de mim? — Respondeu, lançando-me um olhar de nojo.
— Eu jamais serei igual a você. — Afirmei, tentando resistir enquanto ela me arrastava para fora da cela, mas até mesmo por conta da minha situação atual, sua força era superior à minha.
Russo se contorceu no chão, proferindo uma série de obscenidades.
— Sua vadia bastarda! Deixa ela em paz! — Gritou, mas foi ignorado. Maria Júlia bocejou e apontou a arma para mim novamente.
— Vamos logo, é falta de educação fazer as visitas esperarem. — Ela sorriu e indicou a direção com a arma, me obrigando a subir as escadas. Ainda pude ouvir os urros de Russo enquanto saía da casa.
Do lado de fora, entre o matagal, uma van nos aguardava. Dentro, um outro homem, desconhecido para mim, estava ao volante. Sentei-me na parte de trás da van, enquanto Maria Júlia ocupava o banco à minha frente, a arma sempre apontada em minha direção. Eu sabia que qualquer tentativa de reação seria respondida com violência.
— Para onde estamos indo? — Indaguei assim que o veículo começou a se mover pela estrada de terra, sacolejando com os buracos.
— Você não faz perguntas aqui, querida. — Ela revirou os olhos.
— Eu não entendo... por que não nos mata logo? — Franzi o cenho. Será que ela se divertia mantendo nossas vidas sob seu controle? — Até quando vai brincar com a gente?
— Até seu namoradinho me implorar para morrer. — Respondeu com frieza. — Ele morre e então decido se você será liberada ou não.
— Fui eu quem entregou o plano do seu pai. — Lembrei-a.
— Eu sei.
— Então por que não me mata? Russo apenas agiu como qualquer um faria em seu lugar. Eles eram inimigos há anos, o seu pai matou o dele. — Enfatizei aquela informação. "Olho por olho, dente por dente."
— Ah, ele não te contou a história toda? Claro... imaginei. — Ela sorriu ironicamente, percebendo minha expressão confusa. — Meu pai e o dele eram bons amigos. Toda essa guerra começou por causa de Cecília, a mãe do Russo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sombras da Dor [M]
Fanfiction+18| Em um passado marcado por mágoas e escolhas equivocadas, Luna e Russo viveram um romance turbulento que parecia destinado ao fracasso. Agora, o destino conspira para que eles se reencontrem, trazendo à tona antigas feridas e sentimentos mal res...