Sombras da Dor [M]

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Luna Oliveira

DOMINGO

A manhã de domingo começou animada. As crianças estavam mega felizes porque o Russo disse que iríamos a uma cachoeira hoje, logo depois do almoço. Ontem, após rolar todo aquele momento sincerão com ele, só tive coragem de descer para sairmos para jantar em um restaurante, e desde então não trocamos nenhuma palavra.

Após o meio-dia, pedi para Alana e Matheus subirem para se arrumar, o que fizeram sem reclamar, enquanto conversavam alto sobre essa tal cachoeira que o Russo prometeu.

— Coloca um tênis. — Ele falou antes de eu subir.

— Por quê? — Parei na metade da escada e virei para encará-lo. Russo estava sentado no sofá, de costas para mim, não se virou para me olhar.

— Temos que caminhar um pouco para chegar ao local, o carro não entra lá, pô. — Explicou, me fazendo bufar só de pensar em caminhar debaixo daquele sol quente. — No final, vale a pena.

Apenas balancei a cabeça e subi para me trocar. Coloquei um biquíni preto e, por cima, um short jeans e uma camiseta simples do Guns N' Roses. Depois de ajudar os dois a colocarem os tênis, descemos juntos, encontrando Russo guardando as coisas no carro.

— Vamos lá... — Falei, abrindo a porta do carro, e as crianças se acomodaram nos bancos traseiros.

— Mamãe, estou ansiosa para chegar na cachoeira. — Alana falou enquanto eu ajustava o cinto de segurança da sua cadeirinha.

— Eu também. — Matheus repetiu, me fazendo rir.

— Daqui a pouco estaremos lá. — Pisquei o olho em cumplicidade e fechei a porta, me ajeitando no passageiro.

Russo esperou eu me sentar para dar partida no carro. Abri o vidro da janela, encostei a cabeça no banco, fechei os olhos e senti a paz que era o vento soprando no meu rosto.

O local não ficava muito distante da nossa hospedagem; a viagem durou cerca de quinze minutos. Fui a primeira a descer do carro e, enquanto Russo pegava o cooler com as bebidas e alguns sanduíches, fui liberando Alana e Matheus dos cintos.

Observei o início da trilha, que estava a apenas alguns metros de nós e sumia por entre as árvores gigantescas da floresta, com cascalho e terra, tudo muito conservado e natural.

— Cadê a água? — Alana perguntou assim que pulou para fora do carro, olhando ao redor.

Dei risada e apontei para a trilha.

— Vamos ter que andar um pouquinho para chegar lá.

Matheus bufou e me olhou com total desânimo.

— Deixa de ser preguiçoso. — Brinquei e cutuquei a barriga dele, que começou a gargalhar sem parar.

Russo saiu caminhando na frente, segurando o cooler na mão sem muito esforço, já que não trouxemos muita coisa para não pesar. Eu fui logo atrás com Matheus e Alana, que me contavam sobre um desenho muito maneiro que assistiram ontem.

De início, achei a mata meio densa, mas a trilha era bem segura e sinalizada com placas indicando a direção para a Cachoeira das Três Lagoas.