𝟶𝟷𝟺

13.5K 1K 889
                                    

9
Russo

O corpo estava todo morgado, se fuder. Passei a noite em claro na UBS da quebrada com meu moleque e a madrugada de plantão na ativa; fui meter o pé da boca quase meio-dia. Já estava todo pilhado mesmo, então só parei no primeiro boteco e enchi a cara, depois fiquei marolando, fumando um beck.

De longe vi a vadia da Bia caminhando na minha reta, toda de sorrisinho e pá. Estava se achando com os peitos novos que eu patrocinei. Gostosa para caralho.

— E aí, Russo, posso trocar uma ideia rápida contigo? — Ela falou com um sorriso safado no rosto.

Dei mais um trago no cigarro e joguei o corpo para trás, olhando para ela vestida naquela sainha, a polpa da bunda toda de fora. Meu pau deu até sinal de vida dentro da bermuda. Corpo era fraco, mas a mente não, se liga.

— Sei não, pô, está querendo o que comigo?

— Quero te mostrar algo novo, que foi graças a você inclusive. — Falou sorrindo e inclinou o corpo na mesa, me mostrando o decote do seu vestido.

Passei a língua no lábio inferior e me levantei, jogando uma nota de cinquenta em cima da mesa e terminando de virar o copo de cerveja.

Levei para o barracão da rua de cima e comi mesmo. Gostava de trepar com a Bianca porque ela está ligada que só é um pente e rala, não tentava bancar a esperta comigo. Dava a buceta para mim, aceitava uma grana e caia fora, sem neurose.

— Gostou do presentinho que você me pagou? — Ela perguntou enquanto eu me trajava de novo e colocava as correntes de ouro no pescoço.

Ajeitei a peça nas costas e encarei a mina pelada na cama.

— Ficou daora, pô. — Balancei a cabeça e joguei um maço de notinhas de cem reais em cima dela, que piscou o olho e soprou um beijo quando eu fiz menção de cair fora dali.

Foi só eu abrir a porta do barraco que me bati com a doida da Carina, que logo fez cara feia quando viu onde eu estava metido e com quem.

— Ótimo, queria mesmo falar contigo. — Ela caminhou até onde eu estava e cruzou os braços.

Ela ainda morava na mesma goma que a minha, porém a gente quase não se batia com frequência. Eu passava mais tempo na boca resolvendo os B.O do morro do que na base.

— O hospital ligou hoje cedo, o resultado do exame saiu. — Ela continuou dizendo, me deixando tenso pra caralho. Eu sabia que aquilo era papo de vida ou morte; meu moleque estava cada vez pior e precisava da parada do transplante o quanto antes. — Marquei de você pegar amanhã, hein? Vê se não falta, é importante para o Matheus.

— Desde quando faltei com ele, tá maluco? Não saquei tuas ideias. — Fechei a cara. Desde que Matheus foi diagnosticado com esse bagulho de câncer, fui em todas as consultas, não deixei ele na mão. Bagulho feião se ela dissesse ao contrário.

— Eu sei que não, mas estou falando por causa da outra lá, ela precisa ir com você retirar o exame.

— Firmeza, vou acionar. — Balancei a cabeça e Carina deu de ombros, e voltou a seguir o rumo dela.

Guria foda pra caralho, tinha todo o meu respeito. Cuidava do moleque como se fosse dela mesmo.

Às vezes a gente transava e pá, mas era tudo sem compromisso. Nunca mais eu ia cair no erro de me enrolar com uma nega de novo, pô. Nasci para ser livre.

O pai dela até quis meter o louco quando soube, papo de querer me tirar da frente da CDD e tudo mais, mas consegui enrolar o coroa. Carina também não se ligou muito, desde que o Matheus ficasse com ela, tá ligado?

Sombras da Dor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora