— Hum... vou entrar na água. — Falei, me levantando da canga e ajeitando o biquíni no corpo.
Não esperei que ele dissesse nada e fui caminhando em direção aos meus filhos, que correram animados até mim quando me viram se aproximando. Alana saiu me puxando pela mão para mais adentro do mar, mas Matheus a agarrou pela cintura e a afastou, impedindo que fosse mais para o fundo.
— O tio Russo não vai entrar, mamãe? — Perguntou Alana inocentemente, olhando na direção onde ele estava na praia. Não estava mais lá. Rapidamente o localizei no quiosque, conversando com o vendedor.
— Meu pai não gosta de água salgada, ele nunca entra. — Matheus respondeu, dando de ombros.
Ajoelhei-me na areia e senti meu corpo quente se arrepiar com a água fria. Alana veio até mim e sentou-se no meu colo, abraçando-me pelo pescoço. Seus lábios estavam trêmulos, mas ela não tirava o sorriso do rosto.
Brincamos de espirrar água um no outro e conversamos, até que Matheus fez amizade com um garoto da mesma idade, acompanhado pelo pai, vindos de Minas Gerais. Ri do sotaque deles, era muito agradável de ouvir.
Começamos a debater sobre as maravilhas naturais do Brasil, e Vicente, o pai do garoto mineiro, tentou me convencer de que as maiores belezas estavam no sul.
— Tio Russo? — Alana murmurou no meu colo, olhando por cima do meu ombro. Virei-me a tempo de ver Russo se arrastando pela água em nossa direção.
— Frio da porra, tu tá maluco. — Reclamou, encolhendo-se igual um frouxo.
— Você não odeia água salgada? — Perguntei, erguendo as sobrancelhas.
— Odeio. — Confirmou, enfezado.
— Então, por que entrou? — Seus olhos escureceram, olhando com desagrado para Vicente. — Não me diga que está com ciúmes? — Falei risonha, baixo o suficiente para que só ele escutasse.
— Que ciúme o que, está chapando? — Revirou os olhos, mas não deixou de fuzilar o outro novamente. — Só vim chamar para comer alguma coisa, estou na larica.
— Eu quero, tio. — Alana falou.
— Então bora. — Alana se levantou de uma vez e segurou a mão de Russo, que ficou alguns segundos sem saber o que fazer, mas logo saiu puxando ela em direção à areia da praia.
Foi engraçado vê-los juntos. Minha filha toda baixinha e delicada, Russo alto e sem jeito para crianças.
— Precisamos ir. — Falei, levantando-me e sentindo a água escorrer pelo meu corpo, ficando um pouco pesada. — Foi um prazer conhecer vocês, Vicente.
Matheus se despediu do novo amigo, seguindo comigo para onde deixamos nossas coisas. Alana e Russo nos esperavam, e assim que pegamos tudo, caminhamos até um quiosque ali perto que vendia frutos do mar.
Russo pediu algumas porções e, enquanto esperávamos a comida chegar, Alana pegou meu celular, tirando fotos de todos, desde ela até Matheus, Russo e eu.
— Não gosto de fotos. — Russo resmungou, sacudindo a cabeça e colocando a mão na frente do rosto.
— Ah, deixa de bobagem, tio Russo, você até que é bonito. — Alana disse, sem parar com as fotografias.Matheus gargalhou, achando engraçado, incentivando a irmã a continuar irritando o pai. Só pararam quando as comidas começaram a chegar na nossa mesa.
Polvo, bobó de camarão, isca de peixe, batatas fritas... Um pouco de cada coisa, muitas foi a primeira vez que experimentei.
— A gente bem que podia morar aqui para sempre, não é, mamãe? — Alana disse depois de enfiar um monte de macarrão na boca.
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Sombras da Dor [M]
Fanfic+18| Em um passado marcado por mágoas e escolhas equivocadas, Luna e Russo viveram um romance turbulento que parecia destinado ao fracasso. Agora, o destino conspira para que eles se reencontrem, trazendo à tona antigas feridas e sentimentos mal res...