capítulo 6

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O silêncio predomina o ambiente por
alguns minutos, os mesmo onde Pricila
permitiu admirar a beleza angelical de
Carol. O silêncio fora interrompido pela voz rouca da garota de olhos castanhos.

- Você acha que a mamãe vai demorar? -
Carol perguntou, bocejando novamente.
Pricila já havia perdido as contas de quantas vezes vira Carol bocejar somente nos últimos dez minutos.

- Ela já deve estar chegando. Por que não
descansa um pouquinho? Teve um dia
exaustivo e ainda tem algumas boas horas
para ele acabar. - Pricila disse serenamente.

- Porque a mamãe me põe para dormir e se
deita comigo. - Carol explicou. - Ela me
conta histórias igual o papai fazia.

- Ela já deve estar vindo. - Pricila disse,
levando sua mão até os cabelos de Carolyna e acariciando.

- Você pode me pôr para dormir igual a
mamãe faz? - Pediu com a voz fraca, seus
olhos quase se fechando já tamanho era seu
sono.

- Claro. - Pricila disse. - Eu só, bem, não sei
como ela faz isso. - Confessou um pouco
embaraçada.

- Deita aqui comigo. - Carol instruiu e Pricila a olhou receosa, mas os olhinhos vermelhos pelo sono a fizeram acatar seu pedido.

Pricila subiu gentilmente na cama e se deitou ao lado de Carol, vendo a garota se mover e se deitar sobre seu peito.

- Hoje eu vi um montão de gente, Prica. -
Carol disse, tendo os seus olhos já fechados.

- Por isso está tão cansada, imagino. - Carol moveu a cabeça em um aceno positivo.

- Pode me contar uma história? - Ela pediu
baixinho e Pricila levou uma mão ao cabelo
dela, acariciando lentamente e sorriu diante do pedido.

- Era uma vez, uma linda princesa...

Quando Fernanda retornou ao quarto seu
sorriso se abriu de uma forma terna, pois
se deparou com Carol dormindo sobre Pricila. Ela deduziu que Carol lhe pedira que contasse uma história. Oh, como ela amava histórias! O mais bonito de tudo era que Pricila também dormia pacificamente, tendo um braço sobre as costas de Carol, como se a protegesse dos males do mundo.

A mulher sentiu-se apenada por ter que
acordar Pricila, deduziu que a menina havia dormido pouco, única e inteiramente por ter passado a noite no hospital com ela e Carol.

- Querida.. - A mulher chamou, balançando o seu corpo delicadamente. Pricila deu um salto, acordando assustada. Olhos arregalados e coração disparado.

- Oh, céus. Eu sinto muito. - Pricila se aprontou em dizer. - Ela queria que eu..

- Contasse uma história. - Fernanda completou sorrindo. - Eu sei, não se preocupe. Obrigada por isso. - Disse tranquilizando Pricila. - Só te acordei porque suponho que queira comer algo e que precise voltar para as suas aulas
práticas. - Os olhos de Pricila se arregalaram e ela verificou seu relógio de pulso, se desvencilhando cuidadosamente de Carol e descendo da cama.

- Obrigada por ter me acordado. Preciso
realmente ir. - Pricila disse, bocejando. Ainda se sentia muito cansada, mas o que poderia fazer?

- Obrigada você por ter cuidado dela para
mim. Ela odeia ficar sozinha.

- Imagino. Ela disse que hoje viu várias
pessoas. - Pricila comentou, vendo Fernanda assentir.

- Sim. O psiquiatra, a psicóloga, a imprensa,
vários médicos diferentes. Por isso eu adiei de ver o fisioterapeuta, que no caso agora é você. - Fernanda disse com um sorriso fraternal.

- Imagino que todos estejam querendo vê-la.

- Ela não liga, mas quando a imprensa
perguntou se ela se sentia preparada para
voltar para a vida, incluindo a vida amorosa, bem, ela começou a chorar.

- Perguntaram isso? - Pricila se sobressaltou. - Como se atreveram? Eles não sabem que ela..

- Oh, querida, eles sabem, mas esses ratos
fazem de tudo por audiência. Eu proibi a
entrada deles aqui após isso. - Pricila assentiu, já mais calma.

- Eu saio em quatro horas. - Pricila informou um pouco constrangida pelo que se atreveria a dizer. - Quero que a senhora vá para a casa hoje, coma bem, tome um relaxante banho e descanse. Ficarei com ela.

- De maneira alguma. - Fernanda disse séria. - Sei o quanto está cansada, querida.

- Mas pelo menos eu dormi algo. Amanhã
começamos a fisioterapia, ela precisará de
todo o seu apoio, se dormir estará sem por
cento. - Pricila disse.

- Mas você é a fisioterapeuta, também
precisará estar cem por cento. - Fernanda
rebateu.

- E estarei. Dormirei pela madrugada aqui
enquanto ela também dorme. - Pricila
explicou. - E caso eu não esteja cem por cento, de qualquer forma, eu não estarei sozinha, terei o acompanhamento do senhor Froede.- Fátima suspirou e olhou para a filha.

- Tem certeza? - Indagou. - Digo, você já fez
demais por ela e..

- Tenho. - Se antecedeu em dizer, vendo
Fernanda lhe fitar.

- Qualquer coisa, por menor que seja, você me liga. - Ela disse, vendo um sorriso se abrir no rosto de Pricila.

- Vou precisar do número do seu telefone. -
Três batidas na porta, que já estava aberta,
fizeram as duas olharem na direção do som.

- Senhora Borges? - A voz de Gabriel
perguntou apenas por perguntar, afinal sabia quem era a mulher.

- Pois não?

- Eu gostaria de falar com a senhora sobre a
fisioterapia. - Fernanda franziu o cenho.

-Já conversei com o Ruppert e com Pricila.
Tudo já está acertado.

- Senhora, eu sei que você adora Pricila. - Ele começou, se aproximando, falando como se a garota não estivesse ali. - Mas comigo teremos um avanço mais rápido e eficiente. - Fernanda assentiu e sorriu.

- Oh, fico feliz em saber que auxiliará Pricila então. - Ela disse, vendo o homem entortar a boca em desaprovação.

- Eu quis dizer que sugiro que eu seja o
fisioterapeuta principal. - Ele foi direto,
fazendo Pricila suspirar e colocar suas mãos no jaleco.

- Bem, acredito que eu não pago uma parcela astronômica por mês para este hospital para o senhor me sugerir algo, quando claramente o chefe do hospital já me certificou de que Pricila é capaz.

- Ela é, porém..

- Ela ser capaz já é o suficiente para mim.
Obrigada. - Ela disse séria. - Nos vemos
amanhã e, como disse, que bom que estará lá para auxiliar Pricila.

- Fernanda, nos vemos mais tarde. - Pricila
disse um tanto constrangida por Gustavo,
vendo a mulher assentir. Os olhos castanhos se direcionaram para Carol e ela sorriu ao ver a expressão serena em seu rosto.

Caminhou até a garota e se inclinou, deixando um beijo em sua testa, fazendo Fernanda sorrir. Definitivamente Pricila cuidaria bem de sua filha na fisioterapia, mas algo em seu interior dizia aquele cuidado ultrapassava a barreira
do profissionalismo e Fernanda, absolutamente, gostava daquilo.

Em um piscar de olhos - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora