capítulo 19

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- Posso saber por que chegou tão cedo? -
Gabriel perguntou rispidamente, vendo
Pricila arrumar as coisas necessárias para o
dia dela.

Sua primeira pessoa a atender seria Carol
e isso melhora consideravelmente seu dia,
levando em conta que não a via desde o dia
interior e que seu dia estava sendo horrível, pois a madrugada havia sido repleta de gemidos de Clara e Vanessa, vindos do banheiro. Comemoravam mais um mês juntos e tal festejo fez Pricila mal pregar os olhos.

- Ainda não estou em meu horário, não
preciso te dar satisfações. - Pricila respondeu com a rispidez igualada a dele. Ela sempre fora gentil, por tal razão Gabriel estranhou sua resposta.

- Exatamente. Você não tem autorização para mexer em nada aqui fora do seu horário. Desfaça tudo e deixe como encontrou. - Exigiu.

- Não. - Ela respondeu secamente, bocejando logo em seguida.

- Pricila, não me faça tomar medidas drásticas.

- Gabriel, eu entro em quatro minutos. Para
que desarrumar tudo, sendo que terei que
reorganizar as coisas exatamente assim?

- Porque eu estou dizendo para fazer. - Exigiu, trincando seu maxilar.

- Não pode tratar as pessoas como se fossem
meros pedaços de lixo. - Pricila disse, vendo o homem se aproximar com a expressão rígida em seu rosto.

- Eu as trato como eu quiser. - Falou a
encarando. - Agora faça o que eu mandei
ou tornarei seus próximos meses aqui um
inferno. - Pricila respirou fundo.

- Tudo porque eu disse que não precisava dar satisfações?

- Assim aprende a ser menos rude com as
pessoas. - Avisou ele.

- Rude? - Ela perguntou. - Jura, Gabriel? - Ela indagou sentindo-se cansada e derrotada. - o que eu te fiz?

- Como?

- O que eu te fiz? - Repetiu com veemência.
- De todos os dez alunos que estão sob sua
responsabilidade eu sou a única que você
trata assim. - Disse. - Eu sou a única que fica
até mais tarde para te ajudar a organizar
tudo, mesmo sem precisar, e não faço isso
para puxar seu saco e sim porque imagino o quão cansado deva estar. - Falou umedecendo seus lábios. - Então o que eu te fiz para me tratar todos os dias como um pedaço de lixo? Como se eu estivesse abaixo do solo? - Gabriel riu e negou com a cabeça.

- Tudo bem, Pricila. Então além de arrumar
isso tudo você terá que ir buscar café para mim. - Ele disse, se encostando
tranquilamente na pilastra dali. A menina
apenas se sentou no chão e apoiou o rosto
sobre sua pernas, puxado fortemente o ar
para seus pulmões. - Não me ouviu?

- Quem não ouviu foi você. Não estou em meu maldito horário; cheguei mais cedo porque me voluntariei para tornar o ambiente melhor para Carol, então se você quiser seu bendito café mexa essa bunda preguiçosa e vá buscar você mesmo. - Ela disse irritada, só não sabia com o quê, exatamente.

Pricila sempre fora pacífica; sempre acatara tudo o que Gabriel dizia sem problemas, mas talvez o cansaço, o mau-humor, a solidão e a TPM estivessem um pouco reunidas demais. A
ligação de sua mãe naquela manhã a deixou sensível, não era para menos, sentia saudade de sua família e isso a fez pensar sobre toda a sua vida: Ela era uma tremenda solitária. Sempre fora.

Seus amigos eram como uma pequena
segunda família, porém mal se viam,
tendo em vista que os horários eram todos
incompatíveis. Ela não tinha mais ninguém
além deles, Danda e Carol agora se
incluíam nisso, exatamente por isso ela
acordou com o propósito de fazer o dia mais legal para aquelas duas, haviam passado por um bocado de coisas, mereciam ser felizes.

Em um piscar de olhos - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora