capítulo 23

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De todas as coisas que Pricila já havia feito
em sua vida, essa definitivamente era uma
das mais corretas, julgada por ela. Seu
dedo voltou a pressionar a campainha e no
segundo seguinte Danda abriu a porta.

- Olá! - Danda recepcionou com um sorriso
enorme. Por favor, entrem. - Ela disse
para Pricila e seus amigos. Todos haviam
sido convidados para o Natal, afinal quanto
mais gente melhor para Danda.

Este seria o primeiro Natal que passaria em sua casa desde que se acidentaram anos atrás. O primeiro Natal que passaria longe do hospital.

- Eu gostaria de agradecer por ter convidado meu amigos. - Pricila disse, entrando na casa.

Pricila apresentou Clara à Danda e todos
retiraram seus casacos, dando uma boa
olhada na casa. Os olhos de Pricila prenderam em Carol, mas ela os desviou rapidamente. Primeiro tinha algo a fazer.

- Podemos conversar um minuto a sós, Danda?

- Bem.. - Danda disse arqueando uma
sobrancelha. - Claro, me acompanhe até a
cozinha. - Pediu. - Vocês fiquem à vontade. Já voltamos.

Pricila acompanhou Danda até o cômodo,
sentindo o delicioso cheiro de algumas
coisas que já estavam sendo preparadas. A
empregada estava cozinhando, porém Pricila  não se importou com sua presença, afinal a mulher usava fones de ouvido e dançava feito uma louca enquanto cortava algumas batatas.

- Pois não? - Danda perguntou e Pricila
suspirou, vendo a mais velha se debruçar
sobre o balcão.

- É sobre Carol. - Disse, vendo Danda piscar
ainda calada, esperando por algo a mais.

- O que tem ela? - Perguntou naturalmente.

- Hm, ontem ela.. Digo, isso já veio de antes,
desde o assunto das flores. - Danda franziu
o cenho, segurando o riso pelo aparente
nervosismo de Pricila. - A massagem também foi um sinal, mas talvez nem saiba o que esteja passando.

- Compreendo. - Danda disse, balançando a
cabeça, fazendo Pricila gargalhar no momento seguinte.

- Desculpe. Não falei nada coerente, é que eu estou muito nervosa. - Disse, enxugando o suor das mãos na calça jeans.

- Tudo bem, querida. Não se preocupe. -
Fernanda disse com gentileza.

- Eu não sei bem como isso aconteceu, mas
eu gosto da sua filha de um jeito mais intenso do que eu creio que deveria. Eu peço perdão por isso, eu realmente não sei como controlar e eu não quero que a senhora pense que eu estou me aproveitando dela, porque eu não
estou.

- Gosta dela romanticamente, você quer
dizer? - Danda perguntou e Pricila um pouco hesitante assentiu.

- Ontem ela meio que, uhm, me beijou. -
Confessou temerosa. - Não foi um beijão,
foi um simples esbarrar de lábios, mas eu
definitivamente não queria te esconder isso. Se a senhora achar que eu devo me afastar eu entenderei, apesar de realmente querer ficar por perto.

- Eu já sabia sobre o beijo. - Danda disse,
vendo Pricila a olhar surpresa. - E não quero que se afaste de Carol, Pricila. De onde tirou isso?

- Não sei. Só entendo que ela tem coisas para lidar: A fisioterapia, as aulas, a readaptação com tudo.

- E você faz tudo isso ser mais fácil para ela.
- Danda disse. - Olhe, criança, se você for
paciente e não machucar a minha menina,
estou mais do que de acordo com isso. -
Confessou. - Conversei com Carol ontem, ela está confusa e acha que está brava com ela. - Compartilhou. - Isso não será fácil, ela ainda é, na maioria das vezes, a Carol ingênua.

- Eu sei. - Pricila disse, ligeiramente mais
aliviada. - Eu não pretendo apressar as coisas. Eu sequer sei como agir, para ser sincera. - Confessou envergonhada.

- Que tal agir como sempre, uhm? - Danda
propôs. - Isso realmente soa agradável para
todos.

Após a conversa com Danda, ambas voltaram à sala. Todos estavam sentados no sofá devorando algumas jujubas que Carol havia oferecido. Os olhos de Pricila focaram em Carol, ela usava um vestido rosa com as
bordas pretas rendadas.

- Oi. - Pricila disse docemente assim que se
aproximou de Carol. A morena estava ao
lado da árvore de Natal com totó sobre as
pernas, na cadeira de rodas.

- O totó sentiu saudades, Prica. - Carol
disse, vendo Pricila sorrir e se abaixar diante dela.

- Só o totó? - Carol olhou para os pisca-pisca
da árvore de Natal um pouco hesitante.

- A mamãe também. - Pricila não resistiu em rir.

- Eu também senti saudades deles. - Disse,
apesar de ter passado vinte e quatro horas.
- E de você mais ainda. - Os olhos castanhos
encontraram os esverdeados e Carol sentiu
seu coração saltar em seu peito.

- Você não ficou brava? - Ela perguntou e Pricila negou com a cabeça.

- Não fiquei. - Confessou. - Acho que te devo
um pedido de desculpas.

- Por quê?

- Por ter saído daquele jeito ontem e, provavelmente, ter te deixado confusa. Não
foi a minha intenção. - Carol piscou algumas vezes antes de dizer algo.

- Você caiu na neve? - Pricila riu e mordeu seu lábio inferior.

- Sim. - Disse, vendo os olhos de Carol
percorrerem seu corpo em busca de algum
hematoma. - Não se preocupe, a blusa
amorteceu a queda.

- Prica.. - Carol chamou com o dedo
indicador, fazendo Pricila se inclinar para que ela pudesse dizer algo em seu ouvido. - Me desculpa?

- Por quê? - Pricila perguntou confusa.

- Por ontem. - Confessou acariciando o
ursinho em seu colo. - Por tudo. Eu não quero que você vá embora porque eu sou uma boba.

- Você não é boba, Carol. Eu que fui. - Pricila
disse.

- Você não, Prica. - Carol disse com
veemência. - Eu prometo não fazer de novo.
- Os olhos de Pricila foram atraídos pela
alta risada de Luccas, que comia um cachorro quente que uma das empregadas estava servindo enquanto conversava com Danda e seus amigos.

- Eu gostei do que você fez, Carol. Eu só..
Não estava preparada. - Pricila informou,
vendo Carol começar a acariciar sua mão, que estava sobre sua perna.

- Não ficou brava mesmo? Jura de dedinho?

- Juro, princesinha, mas me diz, por que fez
aquilo? - Carol pareceu pensar por alguns
milésimos de segundos.

- Não sei, parecia certo. - Disse brincando com os dedos da maior. - Eu gostei, mas você foi embora.

- Prometo nunca mais ir embora assim, tudo bem? - Pricila disse, se levantando e deixando um beijo demorado na testa de Carol.

- Tudo bem. - Disse, tendo o início de um
sorriso nascendo em seus lábios. - Prica,
adivinha quando dedos tem aqui? - Disse,
tampando os olhos de Pricila com uma mão
estendendo outra com três dedos esticados.

- Humm, deixa eu ver... cinco. - Pricila chutou e Carol retirou sua mão da frente do olho de Pricila para que ela pudesse ver.

- Errou! - Disse rindo.

- Não errei não. Tem cinco dedos, dois
abaixados e três levantados. Você não
especificou. - Carol entortou a boca e
franziu o cenho, parecendo verdadeiramente pensativa.

- Tem razão, não valeu! - Disse, repetindo a
situação enquanto Pricila ria. Ah! Como ela
adorava estar por perto de Carol.







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Tudo certo no mundinho delas amooo

Penúltimo cap de hj

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