capítulo 7

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Exausta. Era assim que Pricila se sentia;
Gabriel havia abusado de seu poder e feito
Pricila trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.

Ela sabia que isso aconteceria, pois o senhor Froede não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Carolyna. Carol era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todos o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Caliari ficaria dentre o cenário da saúde e, certamente, Gabriel gostaria de seu nome estar junto.

Pricila fez o favor de deixar o homem ainda
naquela lista, não por ele obviamente, senão por Carol, mas o homem não parecia
satisfeito com isso, afinal tantos anos de
carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.
A maior tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Carol.

Fernanda a recebeu com a mesma gentileza
de sempre e disse que já havia deixado na
recepção a autorização para ela passar a
noite com Carol, explicou também que
sobre a mesinha havia seu número anotado
em um papel. Pricila anotou em seu celular
por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.

Carol não queria que sua mãe fosse, mas
quando Pricila explicou que Fernanda precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável, Carol acabou por concordar com Pricila.

- Hey, bebe, minha irmã tem algumas bonecas em minha casa. Ela não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? - Carol fez uma careta e negou.

- Eu não gosto de bonecas. - Pricila riu e
assentiu.

- Para ser sincera eu também nunca gostei. -
Carol assentiu sem sequer olhar para Pricila.

- Ei, o que você tem?

- Nada. - Carol disse baixando seus olhos
para suas mãos.

- E o que está gerando essa carinha triste,
então? - Carol começou a piscar rápido
demais para Pricila considerar algo normal.

- Carol, você está bem? - Os olhos não
pararam de piscar, tendo Carol os
pressionando fortemente no momento
seguinte e então Pricila segurou sua mão. - Eu vou chamar um médico, espere.

- Pri.. - Carol disse, segurando sua mão apressadamente, fazendo a maior lhe fitar
novamente. - Não!

- Então respire. Tudo bem? Sente alguma
dor? Algo fora do comum? - Pricila perguntou, subindo na cama e embalando Carol em seus braços.

Carol negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Pricila ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.

- Desculpe. - Carol pediu baixinho,
afundando seu rosto na curva do pescoço de Pricila.

- Não tem por que se desculpar, anjinho. -
Pricila disse calmamente. - Eu vou precisar
comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você?

- Não, por favor. - Carol pediu, começando
um choro baixinho. - Não me deixa sozinha.

- Shhh, tudo bem. Não vou sair do seu lado.
Esperarei alguma enfermeira noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? - Carol assentiu,
virando seu rosto na direção de Pricila,
prestando atenção em cada detalhe.

- Eu não sou normal? - A garota perguntou
subitamente, fazendo Pricila olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Carol estava.

- Por que está me perguntando isso? - Carol
enrubesceu e Pricila notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente.

Pricila decidiu se virar e apertar o botão ao
lado da cama, que era usado somente para
urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.

- O moço da TV falou de vida amorosa,
que era normal na minha idade, mas eu..
- Os olhos não paravam de piscar e Pricila
começou a balançar lentamente as duas,
como se estivesse ninando a garota. - Eu não sou normal? - A voz saiu baixa e triste.
Pricila não pôde responder aquela pergunta, pois o quarto foi invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para o uso. Pricila sorriu sem graça e desceu da cama.

- Então, eu precisava de alguém aqui. - Pricila começou sua explicação envergonhada. - Mas eu não podia sair do quarto então eu.. Oh, céus, sinto muito. - Ela disse enrubescendo. Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.

- Pois não? - Ele perguntou gentilmente.

- Estávamos conversando e, de repente, ela
começou a piscar muito rápido e às vezes
pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei
preocupada, isso não é normal. - Pricila disse.

- Era para tentar parar. - Carol disse e então
o médico se aproximou da cama.

- Tentar para o quê? - O doutor perguntou,
acendendo sua pequena lanterna nos olhos
da garota. - Siga meu dedo com os olhos. - Ele pediu e Carol o fez.

- De piscar. - Carol replicou. - Eu apertei os
olhos fortemente para tentar parar de piscar.

- Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo
diferente? - Carol pareceu pensar e logo
assentiu.

- As minhas bochechas arderam. - O médico
assentiu, olhando para Pricila.

- Sobre o que falavam?

- Prica, não! - Carol pediu com veemência,
enrubescendo; seus olhos começaram a
repetir o mesmo de alguns minutos antes
ao piscarem rapidamente. Carol apertou
fortemente eles e negou com a cabeça. - Não param! Argh! - Carol disse.

- Vou levá-la para uma ressonância e
precisarei que você toque neste momento o
mesmo assunto com ela quando estivermos
lá. - Ele disse, fazendo Pricila assentir.

- Devo ligar para a mãe dela? - Pricila
perguntou aflita, cruzando os braços. O
doutor apenas sorriu e negou.

- Se for o que eu estou pensando então não
tem com o que se preocupar. - Ele disse
calmamente. - Vamos fazer a ressonância,
hm? Depois disso o resultado for algo
negativo você chama a mãe dela, mas eu
acredito que não será necessário. - Pricila
assentiu, vendo o homem acariciar se braço
sem malícia, apenas a confortando.

- Ei, princesa.. - Pricila a chamou assim que
o médico saiu, se debruçado sobre a cama. -
Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.

- Vai doer? - Carol perguntou assustada.

- Não. O médico só vai tirar uma foto do seu
cérebro. - Ela disse sentindo os dedos de
Carol se entrelaçarem nos seus.

- Igual o moço da TV? - Perguntou
curiosamente e Pricila negou com a cabeça.

- De jeito nenhum. O moço da TV é um bobo. Não quero que pense que você tem algum problema ou que é anormal, tudo bem?

- Mas eu não sou igual a maioria da minha
idade. Eu deveria ser. - Ela disse, sentindo
Pricila acariciar seu rosto.

- Vou contar um segredo. - Ela disse baixinho. - Ninguém é igual ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?

- Você promete que não liga? - Pricila sorriu e assentiu.

- De dedinho?

- De dedinho. - Pricila respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Carol.

- Então eu deixo o médico tirar foto do meu
cérebro. - Carol disse sorrindo, fazendo
Pricila sorrir também, porém internamente
ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, Pricila só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.

Em um piscar de olhos - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora