capítulo 20

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Naquele momento Pricila havia colocado
Carol deitada, com ambas as pernas
em cima da bola suíça. Em movimentos
circulares, ela girava as pernas de Carol
sobre a bola, ensinando-a como deveria fazer posteriormente.

- Me diga se algo te incomodar, tudo bem?
- Pricila pediu e Carol assentiu, fascinada
em sentir seu corpo se movendo daquele
jeito.

Era uma brincadeira engraçada. Seus
olhos alternavam entre suas pernas e Pricila, que tinha uma expressão suavizada, porém concentrada em seu rosto.

Carol suspirou, Pricila ficava muito bonita com aquela roupa que costumava usar no hospital. Seus olhos não deixavam de notar a tira preta do maiô de Pricila, levemente à mostra, o que a lembrava que elas logo entrariam na piscina.

Pricila sorriu para ela e sua mente vagou para algo que ela precisava compartilhar urgentemente com Pricila, era algo crucial.

- A professora me ensinou um montão de
coisas e ainda me deixou escrever de caneta. Pode acreditar? - Carol disse, animada demais por aquele simples fato, tendo em vista que quando tinha seus seis anos escrevia apenas de lápis.

- Isso é realmente incrível. - Pricila disse
rindo, segurando com cuidado um pouco
abaixo do joelho da garota para continuar a
girar seu corpo.

- Tive aula esta manhã também. - Carol
disse. - E dessa vez foi três pessoas da idade
da mamãe. - Pricila franziu o cenho e fitou
Danda.

- Eles estão se alfabetizando só agora e achei que seria legal ela se enturmar com pessoas mais velha. - Explicou, vendo Pricila assentir.

- A senhora Ruldoff disse para eu ver séries
adolescentes. - Carol disse sorrindo.

- Incrível, mas vamos lá. Acha que pode
fazer isso sozinha? - Pricila perguntou, vendo Carol fazer uma careta.

- Assistir séries? - Ela perguntou confusa,
ouvindo uma doce risada sair dos lábios de
Pricila.

- Não, Carol. Me referia aos movimentos. -
Explicou com um sorriso.

- Não sei. Se você está fazendo já me faz sentir dor imagina se eu fizer sozinha?

- Você está com dor? Por que não me disse? - Pricila perguntou confusa. - Aonde dói?

- Minha barriga. - Carol disse, levando uma
mão até a beira de sua camisa e subindo-a. -
Bem aqui. - Colocou a mão sobre seu ventre, fazendo Pricila franzir o cenho.

- Essa dor começou quando? - Pricila indagou.

- Quando você começou a mexer assim. -
Explicou, paralisando no mesmo momento.
Ela ficou alguns segundos paradas, sem dizer nada ou sequer se mover, até que seus cílios começaram o tão famoso show, tocando-se tão rápido quanto podiam. - Mamãe! - Disse alto.

- Sim? - Danda perguntou, surpresa pelo tom desesperado na voz de sua filha.

- Eu... Eu.. - Sua respiração começou a se
acelerar e então a garota caiu no choro,
fazendo ambas lhe fitarem preocupadas.

- O que houve, querida? - Danda perguntou,
agachando ao lado da filha.

- Eu não queria. Eu juro! - Disse ainda
chorando. O que deu nela? Ela estava bem até alguns segundos, pensou Fernanda.

- Carol, seja lá o que tenha acontecido, está
tudo bem. - Pricila disse brandamente, vendo Carol negar freneticamente a cabeça. - O que houve?

- Eu.. - Um pequeno soluço foi sufocado.
- Acho que eu fiz xixi na roupa. - Fernanda arregalou ante à declaração e automaticamente seus olhos desceram para
região, porém estava seco.

- Querida, você não fez xixi. Está seca. - Ela
informou, vendo Carol voltar a soluçar
e enxugar uma lágrima antes de erguer a
cabeça e ver por si própria.

- Mas eu senti. - Ela afirmou, não convencida do que via.

Suas mãos foram para o cós do short de lycra, subindo-o junto com sua calcinha, apenas para arregalar os olhos e começar um choro compulsivo.

- Filha, o que...

- Eu vou morrer, mamãe. - Carol disse
chorando ainda mais, fazendo uma força
extra para remover as pernas de cima da
bola. - Me ajuda! - Pediu, sentindo a mulher
lhe abraçar e trazer seu corpo para seu colo.

- Eu acho que tenho uma ideia do que esteja
acontecendo aqui. - Pricila disse um pouco
consternada.

- Tem sangue. - Carol disse entre os soluços,
fazendo Fernanda cair em si. Um pequeno
sorriso divertido apareceu nos lábios de
Pricila antes de ela se levantar e ir até sua
bolsa.

- Tome. - Ela disse assim que voltou,
entregando um absorvente para Danda. -
Está perto de vir para mim e por isso ando
prevenida.

- Filha, você não está morrendo, meu amor.
- Danda disse, porém foi em vão, o choro
continuava.

- Carol, acontecendo com todas as mulheres
ficam grandinhas. - Pricila disse se sentando ao seu lado e acariciando suas costas. - Vai acontecer comigo em alguns dias também. É algo que vem todos os meses. - Explicou, vendo Carol se virar para ela, focando sua atenção em seus olhos.

- Todos... os meses? - Perguntou soltando
um soluço involuntariamente. Seus olhos
avermelhados fizeram Pricila sentir urgência em acalmar a garota.

- Sim. - Pricila disse, segurando sua mão e
levando até seus lábios, depositando um beijo sobre a pele.

- Então eu não vou morrer? - Carol
perguntou, vendo a outra mão de Pricila
enxugar suas lágrimas.

- Todos nós iremos morrer um dia, mas não
por isso. - Pricila disse sorrindo, vendo o olhar assustado de Carol se transformar em confuso.

- E o que eu faço agora? - Indagou.

- Eu dei um pacotinho para a sua mãe e ela
te ensinará como usar. - Explicou. - Tem
chuveiros no banheiro esquerdo.

- Mas e a dor? É normal? - Perguntou.

- Se chamam cólicas e algumas de nós,
infelizmente, sofremos com isso. - Disse
fazendo uma careta. - Vá com sua mãe tomar um banho e vestir a roupa que usaria depois da piscina. Eu vou até a outra ala do hospital pegar um remédio para sua dor e você vai ficar bem, tudo bem?

- Prica, depois você vai fazer carinho na
minha barriga para passar? - Perguntou em
uma careta de dor e Pricila assentiu.

- Faço, anjinho. - Disse, envolvendo seus
braços ao redor da garota e ajudando Fernanda  a colocá-la na cadeira. - Nos vemos em alguns minutos.

- Não demora? Dói muito. - Pediu, sentindo os lábios macios de Pricila tocarem a pele de seu rosto.

- Eu vou tão rápido que você nem vai
perceber que eu fui. - Disse, sentindo Carol entrelaçar seus dedos por alguns segundos.

- Tudo bem. - Disse, soltando os dedos de
Pricila quando sua mãe começou a empurrar a cadeira para longe da garota. - Já estou percebendo, Prica. - Ela gritou de longe, fazendo Pricila gargalhar graciosamente antes de correr em busca do remédio que prometera à Carol.









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Voltei babys, o que estão achando da história??

Até daqui a pouco...

Em um piscar de olhos - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora