Enquanto Pricila ajudava Carol a descer do
táxi e se sentar na cadeira de rodas, Fernanda foi na frente para abrir a porta e levar as coisas que Carol havia ganhado de Pricila, tais como a flor e a cesta de chocolate.A casa era típica tradicional americana: Um
belo jardim na frente, um gramado estendido por todo o local, que só se perdia na trilha da calçada que se formava até a entrada da casa. Mais ao lado havia a calçada que dava para a enorme garagem, de porta branca de aço.- Mãe, eu dormi por quatorze anos, não foi? - Carol elevou sua voz, fazendo-a alcançar os ouvidos de sua mãe.
- Sim, meu amor.
- Então por que ainda está tudo tão.... - Seus
olhos percorreram toda a extensão. - Igual? - Fernanda sorriu antes de explicar:- Eu sonhava com o dia em que seu pai
voltaria para esta casa, mas infelizmente ele não voltou. - Ela disse tristemente, porém trazia consigo um sorriso inabalável. - Depois, fui deixando igual, somente renovando a pintura e deixando tudo assim, apenas para que quando você voltasse não se assustasse com a mudança. - Confessou. - Demorou quatorze anos, filha, mas você voltou.Carol sorriu, sem barreiras, sem pudor.
Sorriu de uma forma tão pura que atingiu
cada canto da alma de Fernanda e, é claro, de Pricila, que assistia tudo.- Eu te amo, mamãe. - Carol disse. - Mas
se eu jamais tivesse acordado eu realmente
gostaria que você enfeitasse a casa de um
jeito que não te lembrasse dias ruins.Sem ao menos perceber Fernanda estava
chorando. Não um choro triste, muito pelo
contrário, eram apenas lágrimas de alegria,
de alívio, de paz. Sua filha estava bem, no
final das contas.- Ora, não me faça chorar na frente de Pricila, meu amor. - Fernanda pediu, levando o dorso de seus dedos até o canto de seus olhos para livrar-se das lágrimas. - Vamos, não fiquem paradas aí, venham.
Pricila assentiu e começou a empurrar
a cadeira em direção a casa. Seus olhos
curiosos analisaram tudo, porque ao
contrário do exterior, o lado interior da casa não se assemelhava com nada tradicional.Qualquer um notaria que uma família de
classe alta vivia ali. Todos os móveis de madeira maciça davam destaque entre as paredes amarelas e brancas. Os enormes quadros abstratos que enfeitavam as paredes, com suas molduras douradas, entregavam o amor pela arte.Na sala, que era o cômodo onde se encontravam, o enorme tapete preto felpudo cobria o chão, constratando com o lustre de luzes brancas no centro do cômodo.
- Mamãe, posso mostrar meu quarto para
a Prica? - Carol perguntou animada,
lembrando-se da quantidade de brinquedos que costumava ter.- Vamos ter que deixar isso para a próxima.
Seu quarto fica em cima e não quero que
Pricila tenha que te subir. Dei folga para os
empregados, então hoje terá que dormir em um dos quartos daqui debaixo.- E quando eles voltam?
- Amanhã. - Fernanda informou.
- Então a próxima vez que a Prica vier posso mostrar a ela? - Perguntou esperançosa, vendo Fernanda assentir.
- Sim, querida. - Disse gentilmente. - Pricila,
sente-se, por favor. Fique à vontade. - Pediu. - Vou preparar algo para comermos.- Obrigada, senhora Borges.
- Danda, querida. Me chame de Danda. -
Pediu sorrindo.- Certo, dona Danda.
- Sem o dona. - Disse, fazendo Pricila rir.
- Tudo bem, Danda. - Disse, vendo a mulher
desaparecer do cômodo.- Pri, temos uma piscina grandona. Você
acha que as minhas pernas vão ficar boas
até o verão? - Perguntou.Pricila caminhou até o sofá e deixou a cadeira de frente para ela, sentando-se diretamente de frente para Carol.
- Eu acho que até a primavera elas já estarão boas, Carol. - Respondeu. - Suas pernas estão perfeitas, só precisam aprender a se adaptar ao seu novo tamanho, peso e recuperarem a força.
- E você vai vir nadar comigo?
- Se você quiser que eu venha, virei.
- De maiô? - Perguntou arqueando uma
sobrancelha. - Não se deve entrar de roupa na piscina.- De maiô ou biquíni, tanto faz. - Deu de
ombros. - Sua casa é bonita.- Você também. - Carol respondeu dando um sorriso suave.
- Obrigada. - Respondeu naturalmente; ela já estava acostumando-se aos elogios de Carol, eram puros e genuínos, algo que enchia o coração de Pricila com um sentimento bom.
- Posso me sentar aí no sofá com você? -
Perguntou, vendo Pricila assentir e se inclinar, puxando Carol para o sofá com toda delicadeza que havia em si. - Obrigada. Acho que estou cansada.- Quer descansar um pouco? - Pricila
perguntou, vendo Carol assentir. - Então
deite-se que eu ficarei ao seu lado até que
pegue no sono.- Deita comigo?- Pediu coçando um de seus
olhos.- Claro. - Ela disse, se deitando no sofá e
trazendo Carol para cima de si.
- Prica, o totó quer um abraço seu. - Carol
disse, prendendo a visão no ursinho que
estava sobre a mesinha do centro. Pricila riu e esticou o braço, pegando o ursinho e colando sobre o outro lado de seu peito.- Assim está bom? - Pricila perguntou e sentiu Carol assentir antes de afundar seu rosto na curva de seu pescoço.
- A Amanda me disse ontem que depois que ela cresceu ela parou de ouvir histórias. - Carol informou com a voz baixa, fechando os olhos ao sentir o carinho de Pricila em seus cabelos.
- Então eu decidi que como eu estou ficando
grandinha não vou mais ouvir também.- Tem certeza? - Pricila perguntou, surpresa
demais, afinal Carol adorava ouvir contos
e histórias, principalmente as românticas. -
Carol, não precisa parar com as histórias.- Eu já me decidi. - Ela disse com veemência, levando seu braço esquerdo até totó, abraçando assim ele e Pricila ao mesmo tempo.
- Tudo bem, então. - Pricila disse, mantendo as carícias em Carol.
- Prica? - A voz soou rouca.
- Sim, meu amor? - Perguntou com a voz
repleta de doçura e paciência.- Será que você poderia contar uma história
para o totó? - Pricila riu graciosamente,
desfrutando do calor do corpo de Carol
sobre o seu.- Contar uma história para ele? Acha que ele gostaria?
- Sim. Ele ainda é neném. - Respondeu.
- Suponho que ele queira ouvir um romance, uhm? - Pricila perguntou em um tom divertido.
- Sim. Ele adora romance. - Carol disse e
Pricila assentiu.- Bom, era uma vez uma garota que se
chamava Bela..- Não, Pri. Essa não! - Carol a interrompeu.
- Conta onde a garota se chama Pricila. - Pricila riu alto, pois todas histórias que contará à Carol ela havia substituído os nomes dos protagonistas por Pricila e Carol e, aparentemente, Carol havia gostado disso.
- Certo. Era uma vez uma garota que se
chamava Pricila.. - E assim foi, contou sua
história até o sono chegar. Ela não soube
dizer quem dormiu primeiro, mas quando
Danda apareceu na sala não resistiu em rir
baixinho diante da cena que vira:Pricila abraçava com possessão o corpo de
Carol com um braço, enquanto com o outro
fazia o mesmo com o ursinho de pelúcia.
Carol, apenas com um braço abraçava os
dois ao mesmo tempo. A mulher suspirou
bobamente aquela fora a coisa mais fofa que já presenciou em toda sua vida.________________________________________________________
Voltei crianças...
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Em um piscar de olhos - Capri
RomanceCarolyna Borges tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para Los Angeles, porém, o destino lhes foi cruel, causando um choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o c...