Fernanda não era boba, sabia que algo não
estava certo; conhecia sua filha o suficiente
para ver sua expressão triste e confusa. A
mulher retirou seu casaco e o pendurou,
caminhou até o sofá e se sentou ao lado da
garota.- O que houve, querida? - Perguntou com
doçura, pois não queria de maneira nenhuma assustar sua filha. Carol entortou o canto dos lábios e negou com a cabeça.- Eu não sei, mamãe. - Ela disse, tentando
discernir o que estava acontecendo.- Por que essa carinha triste?
- Eu.. - Seus olhos castanhos encontraram
o de sua mãe e por um momento ela corou,
desviando o olhar para qualquer outro ponto. - Eu não sei o que está havendo comigo.- Tente explicar para mim, uhm? Quem sabe eu possa te ajudar. - Danda disse, vendo Carol se virar de frente para ela e assentir com a cabeça.
- Está bem. - Disse, deixando seus ombros
caírem. - Desde que eu acordei no hospital
eu gosto da presença da Pricila, mãe. - Ela
confessou. - Mas não é igual antes, com as
amiguinhas da escolinha, ela é uma amiga
diferente.- Diferente como? - Danda perguntou, já
tendo uma leve noção do que se tratava, mas mesmo assim querendo ouvir sua filha.- Eu não sei. - Disse em um suspiro frustrado. - Eu gosto de colorir, mas aí de repente não estou mais prestando atenção no desenho, estou lembrando de como ela sorri quando me conta uma história. Eu estou confusa; eu.. - Sua voz se perdeu quando ela começou a chacoalhar a cabeça e seus olhos começaram a tremer, seus cílios piscarem e ela bufar irritada.
- Calma, filha. - Danda pediu, pegando uma
das mãos de Carol e acariciando.- Não. Eu... Eu não gosto disso. A Prica ficou
brava comigo por isso. - Disse piscando ainda mais, seu rosto levemente corado pela fúria de si mesma.- Ela ficou brava? - Danda indagou.
- Eu acho que sim. - Carol disse, suspirando
pesadamente. - Eu vi alguns filmes onde duas pessoas se beijavam. - Explicou, começando a brincar com os dedos de sua mãe, que não se importou com aquilo. - E eu entendi o que eu sentia quando estava perto dela. Era isso que eu queria fazer, mas eu não sabia antes.- E você disse isso a ela?
- Não. Eu mostrei. - Falou, olhando para sua
mãe com a expressão repleta de culpa. -
Liga para ela e pede desculpas por mim? Eu
prometo de dedinho que não vou fazer mais isso. - Falou levemente afobada. - Mamãe, eu juro que guardo a vontade na caixinha de segredo do coração e não faço mais, mas pede para a Prica não ficar brava comigo por favor.- você a beijou? - Fernanda ainda
estava presa naquela informação,
boquiaberta e surpresa demais para qualquer outra coisa.- Eu. Não sei o que está acontecendo comigo.- Ela disse tristemente. - Meu cérebro quebrou em algumas da cirurgias e não voltou mais ao normal, mamãe.
-Querida, o que está acontecendo com
você é absolutamente normal. - Explicou
brandamente. E aposto que Pricila não ficou brava, talvez surpresa.- Ela me disse no hospital que também sente as florzinhas. - Confessou cabisbaixa. - Eu pensei que ela.. Eu pensei..- Bufou. - Eu não sei o que pensei. Eu não gosto de ter o cérebro quebrado. - Fernanda riu e acariciou os cabelos de Carol.
-Seu cérebro não está quebrado. Deixa a
mamāe te contar algo. - Danda começou
pacientemente.- Quando eu conheci seu pai, eu me sentia Exatamente igual a você: Confusa. Eu só pensava nele o dia todo e de como ele reagiria a algo que eu Ihe contasse.
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Em um piscar de olhos - Capri
RomanceCarolyna Borges tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para Los Angeles, porém, o destino lhes foi cruel, causando um choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o c...