Capítulo XVI: As faces em mim

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Killian

– Longe de mim estar reclamando da companhia, mas porque você está aqui exatamente, Killian?

Evangeline perguntou vendo o rapaz rodar de um lado para o outro na poltrona giratória de seu escritório na mansão Witwer sem dizer nenhuma palavra.

– Saudade de casa?

Killian respondeu ficando de costas para Evangeline, era tarde de domingo e enquanto o restante do seu círculo ainda debatia sobre as novas questões envolvendo Amora, o rapaz só queria se afastar um pouco enquanto ainda era seguro ficar longe.

– Você passou meses sem vir para esta casa no seu primeiro ano, e não é do seu feitio ser tão nostálgico.

Evangeline respondeu incrédula.

– Eu mudei muito nos últimos nos últimos um ano e oito meses desde que entrei para academia.

Respondeu sincero, essa verdade era inegável por uma vasta gama de motivos.

– E você ainda vai mudar muito, ser parte de um círculo muda você para o resto da vida num ritmo constante. Pois você nunca será somente você ou a somatória exclusiva de suas experiencias. Sua mente e seu corpo aprendem mesmo quando está dormindo ou distraído, pois partes de você continuam em movimento além do limite físico. Mas você também vai aprender a guardar um pouco de si mesmo com o tempo, a se separar e respirar quando necessário. O equilíbrio em pertencer a um círculo é tanto feito das partes que unem o todo, quanto das seis partes individuais que vocês são.

– Como vocês eram antes de se unirem?

Perguntou se virando para ela.

Killian sempre tinha conhecido Evangeline como parte inerente do Círculo das Cinzas mesmo antes dele saber sobre a existência deles, então entender quem eles tinham sido antes disso talvez o ajudasse a se encontrar de volta no caminho para seu próprio círculo.

– Minha família faz parte da fundação de Nova Salém, foi uma das sobreviventes do Grande Incêndio e junto do Grande Conselho e das outras famílias sobreviventes agiu ativamente na reconstrução e renovação da cidade Feita de Fumaça e Cinzas. Nós estamos aqui desde antes Nova Salém existir e fizemos tudo que pudemos para que ela se reerguesse e se tornasse algo novo e inédito, uma capital igualitária para todos da comunidade mística viverem em segura. Nem tudo que sonhamos se tornou realidade, e você está vendo isso mais do que nunca.

– As fadas tem uma forte opinião sobre esse assunto.

Killian acrescentou prestando ainda mais atenção.

– Sim, elas têm, eu sei bem – respondeu com seus olhos vagando por alguma memoria distante por alguns segundos – As fadas são o povo místico mais organizado em nossa sociedade, depois dos bruxos. E não só isso, mais com a cultura mais rica e também por serem, depois de nós o povo mais população. O resta da sociedade mística acabou dividido, segregado e espalhado pelo mundo, em Nova Salém você encontra diversas criaturas como em quase nenhum lugar, morar aqui talvez dê a falsa impressão de que em outros lugares tudo é parecido, mas não é, e foi uma das razões que eu te mandei para ficar com os Leonov-Grant antes da sua entrada aqui.

– Foi um choque de realidade extremo conviver numa cidade aonde eu não encontrava ninguém que eu pudesse dizer quem eu era, ou simplesmente conseguisse sentir a magia em mim. Foi solitário de um jeito novo, mas a presença do Roman ao mesmo tempo preencheu todo esse vazio. O que hoje eu entendo que é porque ele é um integrante do meu círculo, mas eu não entendi isso na época.

– Que bom, também foi muito bom te ver criando laços com alguém, algo que eu sempre quis para você, mas não vou fugir do assunto, porém, estou curiosa para entender porque depois de tantos anos você me pergunta sobre isso.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora