Capítulo XXV: Confissões

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Elyon

– E como a senhorita está?

Daemon Gao perguntou olhando para jovem garota parada a sua frente. De todos os sete, Elyon possuía uma inocência diferente. Muito do que ela sabia havia sido contato e não vivido. Mesmo que ela soubesse dos horrores da guerra, havia uma enorme diferença entre passar por eles e só conhecer suas histórias.

– Eu sonhei com ela de novo – Elyon o respondeu – Com sua afeição, com seu amor e também sua tristeza e dor. Eu não entendo.

– Sonhos são poderosos, você já deveria saber disso a essa altura. Eles nos mostram segredos que as vezes nós nem fazemos ideias existir.

– Então porque eu estou sonhando com uma mãe falecida que não é a minha?

Perguntou confusa. Não era sobre sua mãe aqueles sonhos. Era sobre Alicia Herveaux, mãe dos gêmeos.

– Infelizmente eu ainda não tenho uma resposta para isso. De algum jeito você possui uma conexão psíquica poderosa entre seus irmãos. Ela não lhe permite acessar características do elo de um círculo como Lexa e Samuel partilharam a vida todo, mas te dá vislumbres da mente dos dois.

O senhor Gao a respondeu calmamente.

– E isso não lhe preocupa? Porque meus irmãos sempre dizem que coisas assim sempre voltam para explodir bem na cara deles.

Elyon respondeu de braços cruzados. Uma coisa era lidar com as memórias da sua própria mãe falecida, outra era ter que lidar com sentimentos envolvendo a verdadeira esposa do seu pai que ela ainda tentava entender.

– Basicamente tudo que acontece na vida de vocês sete me preocupa. Provavelmente não há uma coisa que não. Mas não só isso. Milhares de coisas acontecendo ao redor de todo mundo me preocupam. Nesse exato momento há rebeliões, esquemas, guerras, miséria e todos os tipos de horrores acontecendo com o povo que eu deveria proteger.

– A comunidade bruxa eu presumo.

Respondeu com desdém.

– Toda sociedade mística é de minha prioridade e toda ela está numa crise. Nós mascaramos bem, senhorita Choi, mas nem o Grande Conselho dos Clãs pode controlar tudo ou resolver todos os problemas.

– Não acho que você poderia estar dizendo isso para mim.

Comentou olhando para as paredes. Esses sonhos haviam começado depois do equinócio e estavam acontecendo a cada alguns dias. Era vívidos e intensos. Enxurradas de memórias pesadas e muitas vezes com finais tristes. Era como se Elyon visse as memórias de seus irmãos sem os filtros que eles tinham criado para proteger a imagem de sua mãe falecida. Uma mulher tomada pelas dores dos outros, incapaz de desligar seu próprio dom que a consumia diariamente até levá-la a extrema depressão e loucura.

– Você como seus irmãos e o Círculo de Sangue tem acesso a informações que a maioria dos bruxos nem sonha, acho que posso ser um pouco honesto.

O senhor Gao a respondeu rindo. Tomando um gole de chá. O cheiro do chá era amargo e a cor escura, mas a lembrava de sua mãe também.

– Algo mais te incomoda ou preocupa além desses sonhos, ou só eles?

Perguntou, Elyon tinha várias coisas que a preocupavam. Uma era constante. O segredo que seus irmãos escondiam dela a todo custo envolvendo Sébastien. Ela não sabia o que era ou sobre o que se tratava, mas sabia que era algo perigoso e poderoso e que eles fariam qualquer coisa para proteger Sébastien das consequências desse segredo e ela precisava ajudá-los a manter isso, mesmo sem ter ideia do que era.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora