Capítulo XXI: Chore e grite, coração desesperado

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Samuel

Perder alguém que você ama é tão doloroso como perder uma parte de você, e com o poder de desfazer tudo isso, era minha responsabilidade ao menos tentar corrigir os erros que haviam levado o Rex embora, pois se os meus sentimentos tinham sido sua ruína, então eu os usaria para dar a ele um corpo novamente.

O feitiço requeria itens simples e ao mesmo tempo complicados, e nessa questão a sorte estava a meu favor.

Uma gota de vida. A essência de três seres que caminham com os mortos. E os ingredientes necessários para torná-lo completo novamente.

Eu tinha quase todos. Só faltava mais um pouco e tudo estaria completo.

– Por que não quis ir com todo mundo?

Sébastien perguntou enquanto terminava de se vestir. Dois dias já tinham se passado desde o equinócio e minha janela de oportunidade se tornava cada vez menor e eu não poderia esperar mais, hoje teria que ser o dia.

– Porque eu preciso da sua ajuda com um favor.

Respondi segurando a caixa aveludada que continha a vela que iria me dar tudo que eu queria.

– Com o que? E o que é isso?

Perguntou confuso.

– Eu não pediria isso se pudesse realizar o feitiço sozinho. Mas não posso. Lexa não iria me ajudar porque ela não entende. Ninguém entende. Mas se eu conseguir fazer isso, tudo vai ficar bem de novo.

Respondi olhando para o Rex que estava parado atrás de Sébastien mesmo que ele não percebesse, seu semblante era triste e preocupado. Ele não gostava daquele plano, mas isso não iria me parar.

– Não estou gostando disso, Sam. Não guardamos segredos um dos outros desse jeito. Ou pelo menos não deveríamos.

– Eu preciso disso. Não posso continuar vivendo desse jeito. E eu encontrei uma solução, então por favor, me ajude.

– Com o que?

Perguntou.

– Eu posso trazê-lo de volta, mas eu preciso de você. Nós dois precisamos.

– O que você quer dizer com trazê-lo de volta?

– Com isso?

Respondi, retirado a tampa da caixa retangular.

– Uma vela vermelha feito do último suspiro de um recém-nascido?! Como conseguiu algo assim? Como você ao menos sabe da existência dessa coisa?

Perguntou assustado. A vela vermelha era magia proibida, mas todos nós estávamos dançando aquela dança fazia algum tempo.

– Na última vez que os muros falharam e eu tive que usar minha telepatia para afastar o conhecimento de magia de sangue dentro da sua mente algumas partes ficaram comigo. Eu eliminei tudo, mas eu fiquei com isso. Esse conhecimento era exatamente o que eu precisava. Era minha salvação.

Respondi segurando sua mão sentindo o terror em seus pensamentos.

– Eu sabia que isso iria acontecer. Esse poder tenta seus usuários. Corrompe. É proibido, mesmo que não seja magia de sangue.

Exclamou tendo tanta noção do que eu tinha sobre o que era aquele artefato.

– Eu só preciso do seu poder e por isso não posso fazer sozinho. Tanto para conjurar quanto para conseguir o ultimo ingrediente. Mas você pode me ajudar com isso. Por favor.

– A vela vermelha não pode trazer alguém de volta a vida. Só evocar seu espírito do mundo dos mortos.

– Eu sei, mas essa vela pode evocar espírito de qualquer lugar no outro plano, não importa onde seja. Ela rompe qualquer barreira. E eu consegui outros feitiços para usar com ela e os modifiquei o suficiente para conseguir o que eu queria.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora