Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&Tormenta

Capítulo XLI: Solstício de verão, parte IV - Aqueles que queremos proteger

Killian

Depois de tanto tempo treinando com Zac, o rapaz envolto em chamas tinha se tornado particularmente sensível a sua magia e a como ela funcionava e especialmente ao barulho de vidro quebrado que preenchia o ar toda vez que uma das barreiras de Zac se partia.

Usando o que Lexa chamava de supernova, uma clara referência ao Tocha Humana, os atributos físicos de Killian eram aprimorados ainda mais do que o normal. Sua força, agilidade e estamina eram triplicados e ele era capaz de utilizar disso para lutar contra os demônios, corpo a corpo. Levando em consideração que suas habilidades como paladino já o proporcionavam esse tipo de aprimoramento antes mesmo dessa habilidade emergir.

Com a perna direita Killian chutou um dos demônios para longe, materializando um arco de fogo sólido em suas mãos em segundos, acertando o demônio em cheio com flechas em seus braços e pernas. Ele não tinha tempo para mata-lo, mas pelo menos poderia tentar imobiliza-lo por ora.

Correndo na direção de Zac logo em seguida, vendo Asa socorrê-lo e Hya se aproximar do rapaz caído no chão.

Revestir seu corpo em chamas gastava uma imensa quantidade de energia e com seu círculo dividido Killian ficava ainda mais preocupado em manter aquele estado por muito tempo. Desfazendo sua habilidade assim que se aproximou dos três.

 – O que aconteceu?

Perguntou vendo Zac segurar o braço esquerdo com o direito, gemendo de dor por causa da fratura. Não precisava pensar muito para compreender que seu escudo não tinha conseguido suportar o ataque e seu corpo físico tinha sofrido as consequências disso. Mas se um braço quebrado era a resposta daquele ataque, recebê-lo diretamente muito provavelmente teria sido fatal.

 – Não é tão ruim como parece – respondeu a garota com as duas mãos sobre o ferimento, usando sua magia para sentir a extensão real da fratura – Mas o osso foi quebrado em vários pedaços, eu posso começar a colocar ele no lugar, desfazer o dano a pele e acelerar o processo de cura dos músculos e do tecido por um todo, mas meu dom não é como do Sébastien, eu não posso simplesmente devolver ao estado que era antes em segundos.

 – ARGH! Killian, dói. Dói muito!

 Zac exclamou deixando de segurar seu braço para procurar a mão quente do seu amigo, tentando encontrar algum conforto físico mesmo que fosse totalmente psicológico.

 – Bloqueei os receptores de dor por enquanto e depois pensamos no resto.

 Killian acrescentou apertando com força a mão de Zac, odiando a sensação de vê-lo sentir tanta dor sem poder fazer nada, mesmo que fosse o melhor aluno da academia Beladona, havia coisas que até ele não poderia fazer, e curar estava longe de ser sua especialidade, e com Robert e Sébastien ocupados, Hya era sua melhor opção e eles tinham sorte por tê-la naquele momento.

 – Talvez, mas eu não sei como fazer isso ainda, e nem mesmo como reverter o processo, e se eu tentar posso danificar os receptores para sempre e ele nunca mais sentirá nada, não sei se vale o risco.

 Respondeu nervosa, ela queria fazer mais, contudo queria fazer o que era melhor naquela situação, pensando também se isso era a vida que eles tinham todos os dias, lutando contra criaturas do tamanho de tanques militares, capazes de arremessar alguém com um sopro.

 – Então transfira para mim.

 – O que?

 Asa perguntou sem entender, falando pela primeira vez desde que Killian tinha aparecido, deixando de se concentrar nas suas copias de luz solida por um segundo, mesmo que elas pudessem agir consideravelmente bem sem suas ordens.