Capítulo XVIII: Memento mori

505 70 123
                                    

Lexa

– Ele parecia melhor ou ao menos estar melhorando e se fortalecendo novamente.

Acrescentei enquanto limpava a testa de Sébastien com um tecido úmido ao mesmo tempo que espalhava sobre ele sensações de calma e tranquilidade.

– Onde está o Samuel?

Killian perguntou parado no meio do quarto dos meninos. Comigo sentada ao lado do Sébastien adormecido, ele não tinha lugar para ficar que não fosse a cama do meu irmão e seu antigo namorado, lugar onde ele já tinha dormido várias vezes e que agora provavelmente era uma lembrança desconfortável.

– No memorial, eu acho. Ele vai lá algumas vezes. Para não dizer sempre.

Respondi ainda encarando o rosto de Sébastien, era visível pela expressão apreensiva em sua face que ele não estava sonhando com algo bom, e pelo o que eu sentia, era algo ainda pior.

– No meio da noite, com o Sébastien desse jeito? O que ele está fazendo lá?

Killian perguntou confuso olhando para porta. O comportamento do meu irmão era difícil de decifrar atualmente e com razão.

– E você acha que ele me conta? Ele não conta mais nada para nenhum de nós, ele só se esconde da realidade. Sébastien pelo menos está lutando. Tentando sobreviver, meu irmão parece que desistiu. E eu entendo o por que, mas ainda assim...

– Sébastien vai aguentar o suficiente até que consigamos uma cura ou uma forma de ajuda-lo. Eu tenho fé nele. Você me ensinou isso. Mas seu irmão...

– Sam parece diferente. Ele nunca deixaria o Sébastien aqui nesse estado antigamente. Ele teria sentido e teria vindo ajudar. Ao menos ficar de vigiar, exatamente como você está fazendo agora. Mas atualmente eu não sei mais o que se passa na cabeça dele. Eu não acordei a Amora porque não quero que ela se preocupe mais do que já está, e ela também precisa de uma noite de nosso decente, e de qualquer maneira ele pelo menos está dormindo agora, só não de uma forma confortável.

– Você está tentando deixa-lo relaxado, não está?

Perguntou se aproximando, ficando de joelhos ao lado de nós dois.

– Um pouco, mas sim. Eu gostaria de retirar toda dor, todo sofrimento e toda loucura, mas não posso. Especialmente nesse estado. Manipular as emoções de alguém enquanto ele está inconsciente é perigoso, as emoções se fixam em seu subconsciente e podem modificar a forma que seu cérebro funciona e de como todo seu subconsciente se estrutura, então eu preciso liberar pequenas doses, só o suficiente para o impedir de ranger os dentes e convulsionar de dor.

– Eu não sabia disso, não exatamente.

Respondeu, tendo ciência que o conhecimento estava dentro dele, pois fazia parte de mim, mas só não estava consciente.

– Eu aprendi com a Nik. Todos nós estavam tentando achar um jeito de ajuda-lo a dormir, pensei que pudéssemos achar um jeito mais definitivo do que poções e feitiços do sono que podem literalmente alterar a química do seu cérebro. Então eu achei que deveria ir direto a fonte.

– Foi esperto da sua parte.

– Mas não resolveu nossos problemas, mas talvez tenha prevenido novos de acontecer. Nik me contou sobre como oniromantes como ela que manipulam os sonhos das pessoas se juntavam a empatas como eu para tratar de pessoas com transtornos psiquiátricos graveis, usando seus sonhos e memórias e tirando o poder que essas coisas tinham sobre essas pessoas para que elas pudessem seguir em frente. Mas o poder que a junção dessas duas habilidades mediúnicas se mostrou perigoso demais e criou um feitiço que nunca deveria existir.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora